Foi inaugurada, esta quarta-feira, 3 de abril, uma delegação da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), em Caxias. Este espaço foi cedido pela Câmara Municipal de Oeiras (CMO) e pretende dar várias respostas à população.
Foi inaugurada, esta quarta-feira, 3 de abril, a sede da Liga Portuguesa Contra o Cancro, em Caxias, no mesmo local onde anteriormente se localizava a Unidade de Saúde Mental, que atualmente funciona em Paço de Arcos. O espaço foi cedido pela Câmara Municipal de Oeiras (CMO) e pretende dar resposta ao nível da ação social, através da oferta de medicamentos, próteses e deslocações; da prevenção primária, através de uma colaboração com as escolas e instituições públicas e privadas, no âmbito de promover práticas de vida saudável; e ainda prestar apoio psico-oncológico, apoio jurídico e sessões de reiki.
De acordo com Tereza Saint-Maurice , coordenadora da delegação de Oeiras da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), “é com grande alegria que hoje estou aqui para abrir as portas” ao novo espaço, que, finalmente, se tornou uma realidade em Oeiras. “Estamos todos de parabéns. Esta ocasião importante é fruto do trabalho humano e solidário que tão bem caracteriza hoje a LPCC. Este evento marca, não só o culminar de anos de trabalho e dedicação, mas também o início de um novo capítulo na luta contra o cancro”, acrescentou a responsável, que acredita ainda que esta delegação, pela sua “descentralização”, irá estar “mais próxima dos doentes oncológicos”, proporcionando-lhes “o acolhimento, apoio e informação que necessitam”.
Cancro causa 30 mil mortes por ano
Por fim, Tereza Saint-Maurice agradeceu o trabalho de todos os voluntários da LPCC para que esta delegação fosse uma realidade, realçando ainda “a importância do seu trabalho”. “Com a colaboração dos voluntários e sinergias das entidades competentes, espero que esta delegação seja um símbolo de esperança, cura e resiliência”, finalizou a coordenadora. Esta inauguração contou com um descerrar de uma placa alusiva, bem como de uma visita às instalações, que contam com uma sala de reuniões, um gabinete para meditação, e ainda salas de atendimento e instalações sanitárias. De acordo com o presidente da LPCC, Francisco Ferreira, todos os anos, são detetados cerca de 60 mil novos casos de cancro, a que se juntam às 30 mil mortes registadas anualmente, também devido ao cancro.
“São dois números terríveis, mas trazem esperança, porque, hoje em dia, o cancro não é uma sentença de morte. O cancro é uma doença crónica e, cada vez mais, as taxas de sobrevivência são altas”, sublinhou o presidente, lembrando infraestruturas como a que foi agora inaugurada em Caxias são “fundamentais” no apoio aos doentes oncológicos. A delegação de Oeiras será a 20ª delegação existente no país, referiu Francisco Ferreira, salientando que existe, atualmente, “em cada capital de distrito”, um espaço de apoio da LPCC. A Liga presta apoio psicológico, apoio jurídico, apoio na medicação, entre outras valências, reforçou o presidente, lembrando que todas estas respostas são gratuitas. “Temos 15 mil consultas de psicologia” por ano, sustentou, explicando ainda que, no caso do apoio jurídico, o número de consultas ronda as 2200.
Prevenção primária e secundária é fundamental
“Temos cerca de 1.544.000 euros de apoio em medicamentos, transportes e alimentação. O nosso apoio centra-se sempre naquilo que é complementar ao que o Estado faz. Nós só estamos onde somos necessários e só complementamos enquanto fomos necessários. O ideal era que a Liga não existisse”, considerou Francisco Ferreira, reconhecendo que o Estado não consegue responder a todos os doentes oncológicos. No total, a LPCC conta ainda com 22 mil voluntários. Para além do apoio às pessoas com cancro, a Liga realiza ainda ações de prevenção primária, ou seja, a promoção de hábitos e práticas de vida saudável e que pretendem diminuir o risco de cancro.
“Os fatores de risco são o álcool, o tabaco, e a obesidade. Os três representam cerca de 70% de fatores de risco” de se vir a ter cancro, alertou Francisco Ferreira. “Temos cerca de 1100 ações por ano, que lidam diretamente com cerca de 376 mil pessoas. Estas ações de prevenção primária são locais. Vamos às empresas e às escolas, e isto tudo faz-se com os voluntários”, disse ainda o responsável, lembrando que a LPCC não tem “recursos” para ter funcionários a desempenhar estas funções. Já a “prevenção secundária” diz respeito aos rastreios do cancro da mama. “Fazemos cerca de 398 mil mamografias por ano em todo o país”, adiantou, lembrando que a LPCC tenta focar-se “nas populações mais fragilizadas”, como, por exemplo, os reclusos.
Sensibilizar a população
Aqui, Francisco Ferreira referiu o protocolo que existe com a Direção Geral dos Serviços Prisionais, no sentido de promover diagnósticos ao cancro de pele. Por fim, acrescentou, a Liga tem “uma área de investigação e formação”, à qual a LPCC investe cerca de meio milhão de euros. “Temos sete instituições de investigação que apoiamos e temos ainda uma bolsa que permite que qualquer profissional de saúde, de qualquer tipo de classe, se possa candidatar para ter formação”, rematou. Por fim, o presidente da LPCC disse ainda que esta delegação “é um passo muito importante para que nós possamos dar a conhecer a todo o concelho de Oeiras aquilo que a Liga faz e chamar as pessoas para esta luta tão importante”.
“A CMO é dos concelhos que mais nos apoiou no rastreio do cancro da mama, quando nós fizemos o alargamento a Lisboa e à Península de Setúbal. Até há dois anos, esta era a única região do país que não tinha” estes rastreios, lembrou Francisco Ferreira, reconhecendo que Oeiras “foi das poucas” autarquias que anunciou a existência destes rastreios. Por sua vez, o presidente da CMO, Isaltino Morais, começou a sua intervenção a dizer que esta autarquia “tem uma relação de grande identidade e proximidade” com a LPCC. “Estamos aqui para darmos apoio na sensibilização dos cidadãos na defesa preventiva do Cancro”, prosseguiu o autarca, lembrando que a LPCC “movimenta milhares de pessoas e milhares de voluntários”.
“A Câmara Municipal, ao disponibilizar estas instalações, não faz mais que o seu papel”, disse ainda Isaltino Morais, reforçando que, através deste espaço, será possível que a população “sinta a presença” da Liga.
Câmara de Oeiras vai atribuir 100 mil euros à LPCC para bolsa de investigação científica
Para breve, e em parceria com a LPCC, a CMO espera ainda criar condições para que exista, no concelho, rastreios ao cancro do cólon. Por outro lado, autarquia prevê atribuir, entre 2024 e 2025, um valor “de 100 mil euros”, à LPCC adiantou Isaltino Morais. Esta verba tem como destino o financiamento de bolsas de investigação promovidas pela Liga. Por sua vez, recordou o autarca, esta ação junta-se às diversas bolsas científicas que são atribuídas pela CMO, no sentido de promover a investigação científica. “Estou certo que este será um espaço onde as pessoas vão sair muito mais confortáveis e com muito mais esperança e mais conscientes daquilo que também têm que fazer para salvar a sua vida”, concluíu o presidente da Câmara de Oeiras.
No dia 20 de abril, a LPCC vai promover um evento de atividade física e lazer, entre as 09h00 e as 18h00, no Complexo Desportivo do Jamor, intitulada “Mexer Contra o Cancro”. Este evento pretende alertar e mobilizar a população para a importância de um estilo de vida ativo na prevenção e combate ao cancro, a segunda causa de morte em Portugal. Algumas das personalidades que se associaram a esta iniciativa são, por exemplo, o futebolista Cristiano Ronaldo, os atletas Diogo Ribeiro e Kika Nazareth, a apresentadora Ana Rita Clara, entre outras figuras públicas. Este evento pretende proporcionar momentos de grande energia e divertimento, prevendo -se a realização de desportos como o futebol e o basebol, aulas de fitness, entre outras, bem como atividades para os mais novos.
N.R: artigo atualizado dia 3/4/24 às 21h56