Já começaram as exibições das Marchas Populares de Lisboa na Altice Arena. Esta sexta-feira, 31 de maio, foram oito as marchas que se apresentaram ao público. O espetáculo continua neste sábado e domingo, dias 1 e 2 de junho, e antecede o desfile, marcado para a noite de 12 para 13 de junho, na Avenida da Liberdade.
A Altice Arena recebe, este fim-de-semana as exibições das Marchas Populares de Lisboa, que começaram esta sexta-feira, 31 de maio, com as Marchas Infantil ‘A Voz do Operário’, Marvila, Baixa, Alfama, Alcântara, Penha de França, Alto do Pina e Castelo. A primeira, extraconcurso, fez homenagem aos 50 anos do 25 de Abril, com os pequenos marchantes vestidos de cravos e de soldados. No final, ofereceram-se cravos ao público presente, como forma de celebrar a revolução, que teve o seu epicentro em Lisboa, junto ao Rio Tejo. A Revolução dos Cravos consagrou a liberdade, a democracia e muitos direitos fundamentais, sendo que, parte desta luta contra a ditadura fez-se também a partir da Voz do Operário.
A Marcha Infantil da Voz do Operário tem como responsável e ensaiadora Sofia Cruz. O figurinista e cenógrafo é Nuno Lopes e a porta-estandarte é Beatriz Carvalho. Os padrinhos são a atriz Benedita Pereira e Hélder Afonso e os mascotes Alice Oliveira e Tomás Alves. As marchas inéditas são ‘Na Brincadeira com o Tejo’, de Ricardo Gonçalves Dias (letra) e Carlos Alberto Vidal (Música); e ‘O Rio que Vejo’, de Tiago Torres da Silva (letra) e Carlos Alberto Moniz (música). A terceira marchas apresentada foi ‘Queremos um Sol’, de José Jorge Letria (letra) e Carlos Alberto Moniz (música).
Marvila celebrou a tradição
Após a exibição da Marcha Infantil da Voz do Operário, seguiu-se a primeira marcha a concurso, a Marcha de Marvila, organizada pela Sociedade Musical 3 d’Agosto de 1885. Este ano, o tema é ‘Nas asas do presságio, Marvila relembra a tradição!’, que recorda o imaginário dos corvos que acompanham a barca com os restos mortais de São Vicente. Numa homenagem aos marchantes, chegados ao bairro vindos de várias zonas do país, os figurinos percorrem os trajes dessas terras e as coreografias recuperam os ritmos do folclore nacional e de várias culturas portuguesas. A Marcha de Marvila tem como responsável Marco Silva e Alexandra Silva como porta-estandarte.
O cenógrafo e figurinista é Paulo Miranda e o ensaiador Paulo Jesus. Os padrinhos são o cantor Matay e a atriz Luciana Abreu e os mascotes Liana Silva e Guilherme Pinto. Para além da Grande Marcha, que em 2024 é o tema ‘O Tejo Afinal’, e que é entoado por todas as marchas a concurso, Marvila desfilou ainda ao som das marchas inéditas ‘Peregrinos e Romeiros’, de José Vala Roberto (música e letra) e ‘Chegou Marvila!’, com letra de João Medeiros e Mariana Peres e música de Fernando Ramos. A terceira marcha apresentada é ‘Olha o Grilo’, tema apresentado no concurso de 1964, e da autoria de Joaquim Frederico de Brito (letra) e Frederico de Brito e Ferrer Trindade (música).
Marcha da Baixa recordou o Mercado da Figueira
A segunda marcha a concurso, neste primeiro dia de exibições na Altice Arena, foi a Baixa, com o tema ‘Um lugar, um mercado, uma Praça…’, que homenageia a Praça da Figueira, lugar emblemático da cidade, que acolheu o Hospital Real de Todos os Santos e foi mercado a céu aberto. Aqui, era possível encontrar as melhores frutas, hortaliças e aves de capoeira. Em 1885, foi inaugurado o Mercado da Figueira, que durou mais de 60 anos, tornando a Praça da Figueira um ponto central da cidade. A Marcha da Baixa é organizada pela Academia Recreio Artístico e tem como responsável Isabel Mateus.
A porta-estandarte é Sónia Silva e Bruno Frazão é o ensaiador, figurinista e cenógrafo. Os padrinhos são a comentadora social Zulmira Garrido e Hugo Mendes e os mascotes Júlia Oliveira e Fábio Santos. As marchas inéditas são ‘Maré Baixa, Baixa Maré’, de Bruno Frazão (letra) e Artur Jordão (música), e ‘Ó freguesa, ó freguês!’, de Ester Correia (letra) e Artur Jordão (música). A terceira marcha apresentada é ‘A Baixa é o Sol de Lisboa’, de José Vala Roberto (letra e música).
Marcha de Alfama
De seguida, entrou a Marcha de Alfama, com o tema ‘Meu Amor Marinheiro’, que traz ao desfile as alegrias e tristezas das vidas que se cruzam no cais: a resiliência e o amor dos que ficam e esperam o regresso dos que partem, e o espanto dos que chegam a Lisboa. A Marcha de Alfama é organizada pelo Centro Cultural Dr. Magalhães Lima e tem como responsável João Ramos e Madalena Ramos como porta-estandarte. Vanessa Rocha é a ensaiadora e Nuno Lopes o responsável pelos figurinos e cenografia.
Os padrinhos são a fadista Raquel Tavares e o apresentador João Baião, e os mascotes Lorena Pereira e Ângelo Fernandes. As marchas inéditas são ‘Lá Vai Ele!’, de Raquel Tavares (música e letra), e ‘Marinheiro Apaixonado’, de Maria do Rosário Pedreira (letra) e Raquel Tavares (música). A terceira marcha apresentada é ‘Alto Mar’, de 1935, escrita por Raul Ferrão e composta por Frederico de Brito.
Alcântara homenageou os pintores
De seguida, entrou a Marcha de Alcântara, com o tema ‘Por mais que corra a tinta, Alcântara é o bairro com mais pinta!’, que mostra a mistura das influências históricas e culturais que moldaram o bairro ao longo dos anos. É em Alcântara que pintores e artistas de todas as vertentes encontram um espaço para expressar a sua arte. No concurso desde 1932, Alcântara traz nos marchantes o pintor vanguardista, que capta os tons de azul do céu de Lisboa e do Rio Tejo. O responsável da Marcha de Alcântara, organizada pela Sociedade Filarmónica Alunos Esperança, é Francisco Ferreira e o porta-estandarte é Marcos Nunes. Os ensaiadores são Mafalda Matos e Vítor Kpez.
Renato Godinho é o figurinista e cenógrafo. O ator Pedro Granger e a jornalista Ana Sofia Cardoso são os padrinhos desta marcha, que tem ainda como mascotes Maria do Carmo Pessoa e Leandro Ramos. As marchas inéditas são ‘Alcântara, obra-prima de Lisboa’, e ‘O Pintas do Pintor’, ambas de David Ferreira e Jorge Ramos (letra) e João Aborim (música). A terceira marcha apresentada foi ‘Alcântara vem Cantar’, com letra de Silva Nunes e música de Jorge D’Ávila.
Marcha da Penha de França
Já a sexta marcha a apresentar-se na Altice Arena foi a Penha de França, com o tema ‘Amor e uma taverna’. Originalmente zona de gente pobre e trabalhadora, a Penha de França foi o local de fixação das famílias senhoriais, para quem trabalhavam as raparigas e mulheres vindas de todo o país. Dali via-se a chegada dos barcos a Lisboa e os marinheiros, pescadores ou prisioneiros, homens carregados de histórias que partilhavam na Taverna do Ferrugento. A Marcha da Penha de França é organizada pelo Sporting Clube da Penha e tem como responsável Paulo Lemos.
A porta-estandarte é Kátia Ribeiro e os ensaiadores Jonas Paquete e Rui Alves. Fauze El Kadre é o figurinista, tendo ainda colaborado na cenografia, juntamente com Lucinda Varandas e Sérgio Sousa. Os padrinhos são os artistas Salomé Caldeira e Rui Andrade e os mascotes Lua Mariani e Diego Oliveira. As marchas inéditas apresentadas são ‘Amor e Uma Taberna’ e ‘Espelho Meu, Espelho Meu’, ambas de Joana Dionísio (letra) e Carlos Alberto (música). A terceira marcha apresentada é ‘Penha de França, coração d’ouro’, também com letra de Joana Dionísio e música de Carlos Dionísio.
Alto do Pina lembrou o primeiro ano das Marchas Populares
Por sua vez, a penúltima marcha a desfilar neste primeiro dia de exibições foi o Alto do Pina, com o tema ‘Fomos nós os pioneiros’, que recorda que este bairro foi um dos seis que deram início às Marchas Populares de Lisboa, em 1932. Tal como há 92 anos, o tema escolhido é as vindimas, com figurinos inspirados no Douro e onde não faltam o roxo das uvas e o verde das parras de videira. A Marcha do Alto do Pina é organizada pelo Ginásio do Alto do Pina e tem como responsável Marco Campos. A porta-estandarte é Beatriz Rebelo e Gucca Coutinho é o figurinista e cenógrafo.
Bruno Vidal é o ensaiador e os padrinhos a apresentadora Teresa Guilherme e o ator António Camelier. Os mascotes são a Maria Rita Noronha e Daniel Campos. Miguel Dias e Nuno Feist são os responsáveis, respetivamente, pela letra e música das duas marchas inéditas, intituladas ‘Alto do Pina – Fomos Nós os Pioneiros’ e ‘Anda Comigo Ver o Alto do Pina’. A terceira marcha apresentada é ‘Aqui Vai o Alto do Pina’, de 1963, escrita por César de Oliveira e José A. Ramos e composta por Carlos Dias.
Marcha do Castelo
Por fim, a oitava marcha a apresentar-se foi o Castelo, com o tema ‘Noites Mouras no Castelo’. Testemunhas silenciosas de histórias de amor e celebração, as muralhas ecoavam música, risos e cumplicidade, exibindo a riqueza cultural pela cidade de Al-Ushbuna. Em trajes ricamente ornamentados, homens e mulheres dançavam e celebravam a vida, tecendo juntos a tapeçaria de uma herança que ainda hoje perdura no Castelo.
A Marcha do Castelo é organizada pelo Grupo Desportivo do Castelo e tem como responsável Tânia Rodrigues. A porta-estandarte é Anabela Sousa e o ensaiador Ana Raquel Carneiro. A figurinista é Carla Pereira e o cenógrafo Impacto Visual. Joana Machado Madeira e Zé Lopes são os padrinhos da Marcha do Castelo, que tem ainda como mascotes Clara Gomes e Duarte Santos. As marchas inéditas são ‘Festa Mourisca no Castelo’, de José Vala Roberto (letra e música); e ‘Aqui Estamos Nós’, de Miguel Dias (música e letra). A terceira marcha apresenta é ‘Olha o Castelo’, com letra de Hélder Carlos e música de Armindo Campos.
Mais oito marchas vão apresentar-se este sábado
As exibições na Altice Arena são apresentadas por Tiago Goes Ferreira, apresentador da RTP. Igualmente, também esteve presente o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas. “É um sonho estar aqui estar convosco todos os anos, estive convosco nos ensaios e no dia-a-dia. Estou aqui para vos dizer obrigado, obrigado pela vossa dedicação, energia, emoção e por tudo o que fazem por Lisboa. Inclino-me perante vós porque vocês são os melhores do mundo. Este ano, temos o Tejo como tema e houve um grande poeta português que disse: ‘do Tejo vamos para o mundo’.
“E eu digo: os nossos bairros e as nossas marchas são os melhores do mundo! Viva Lisboa e obrigado por tudo o que nos dão, vocês são a nossa alma!”, disse o autarca, antes das exibições. Neste sábado, 1 de junho, irão participar as marchas dos Mercados, Lumiar, Bairro Alto, Belém, Bela Flor-Campolide, Santa Engrácia, Bairro da Boavista e Graça. Em 2024, o tema é ‘O Tejo’ e os jurados são Albano Ginja (presidente do júri), Rita Spider (apreciação da coreografia), Fernando Alvarez (cenografia), Ana Paula Rocha (figurino), Carlos Leitão (letra), Rui Massena (música) e Leonor Padinha (representante da EGEAC).
Muito útil,obrigado por todas estas notícias