O primeiro dia de janeiro traz sempre novos preços em vários produtos e serviços. Transportes, rendas ou portagens não vão escapar às subidas. Mas também traz boas notícias para as famílias. Em 2025, os portugueses voltam às urnas para eleger 308 presidentes de câmaras municipais, os seus vereadores e assembleias municipais, bem como as 3 091 assembleias de freguesia, das quais sairão os próximos executivos das juntas de freguesia.
O ano de 2025, que agora se inicia, vai ficar marcado por algumas descidas no custo de vida e pelas eleições autárquicas. Cerca de um terço dos 308 presidentes de câmara eleitos em 26 de setembro de 2021, ou seja 103, não podem candidatar-se em setembro ou outubro de 2025 devido ao limite de eleição em três mandatos consecutivos à frente do mesmo município, imposto por lei. O mesmo sucede com 1 031 candidatos às presidências das 3 091 Juntas e Uniões de Freguesias.
Contudo, o arranque do ano será sinónimo de atualização de várias listas de preços, mas também há casos em que não haverá alterações e esperam-se mesmo algumas descidas. No primeiro grupo estão, por exemplo, os bilhetes individuais dos transportes públicos, que deverão subir em média 2,02% ou as rendas, que podem encarecer até 2,16%.
Já no segundo grupo estarão os combustíveis, com uma recomposição da carga fiscal nos combustíveis, mas que, garante o Governo, não terá impacto no preço; ou os passes, que não sofrem alterações. Já a fatura da eletricidade deverá descer e chegam ao fim as portagens nas ex-SCUT.
Do lado dos rendimentos, as pensões vão subir para a generalidade dos pensionistas. O salário mínimo, por sua vez, vai avançar 50 euros por mês, para os 870 euros (e continua isento de IRS devido à atualização do mínimo de existência). Na função pública, ficará acima, nos 878,41 euros e serão aplicados aumentos generalizados de 56,58 euros ou um mínimo de 2,15% (a partir de 2.731,93 euros de salário bruto).
O ano vem ainda com a atualização dos valores salariais que determinam os escalões de IRS, em 4,6%, e o alargamento do IRS Jovem de cinco para 10 anos para trabalhadores até aos 35 anos. As isenções serão limitadas a 55 vezes o Indexante de Apoios Sociais (IAS), o correspondente a cerca de 28 mil euros coletáveis anuais (o limite mínimo do sexto escalão do IRS).
Eletricidade desce para todos
Apesar da subida de 2,1% anunciada para a tarifa regulada da eletricidade, o novo ano vai trazer uma descida generalizada da fatura da luz. Isto por via da passagem para a taxa reduzida de IVA de uma maior fatia do consumo de eletricidade, até aos 200 KVa. Nas simulações da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), a fatura média mensal irá cair entre os 0,85 e os 0,91 euros.
As comercializadoras do mercado livre anunciaram também descidas do preço da energia na fatura, a par da descida das tarifas de acesso que foi aprovada pela ERSE para janeiro. A EDP vai reduzir a componente de energia em 6% em janeiro e indicou já que com as novas tarifas de acesso em vigor a partir do início do ano, os seus clientes podem contar com uma baixa de 7% no custo total da fatura.
Combustíveis
O ano vai arrancar com uma recomposição da carga fiscal nos combustíveis, mas que, garante o Governo, não terá impacto no preço. A taxa de carbono vai baixar para refletir a evolução das cotações do mercado de carbono este ano, na casa dos três a quatro cêntimos por litro.
Em sentido inverso, o imposto petrolífero vai subir na mesma proporção. Segundo o ministro das Finanças, trata-se não de uma subida do ISP, mas de uma redução do desconto introduzido em 2022 para compensar a escalada dos preços antes de impostos. Miranda Sarmento admitiu eliminar este “desconto” a prazo para responder às críticas da Comissão Europeia, mas não se comprometeu com um calendário.
Portagens mais caras na Grande Lisboa
A inflação homóloga de outubro, sem a habitação, é o indexante usado para atualizar as portagens em quase todos os contratos de concessão. E fixou- se em 2,13%. A este valor acresce 0,1% a que as concessionárias têm direito como compensação pelo limite à subida das portagens adotado em 2023.
Por causa da regra dos arredondamentos — só há lugar a atualização se o valor for igual ou superior a cinco cêntimos — 44% das taxas de portagens da Brisa não vão subir para os veículos ligeiros (classe 1). Entre estas estão os percursos entre Lisboa e Cascais na A5, os sublanços entre Espinho e Carvalhos na A1 e entre Fogueteiro e Coina na A2. As portagens vão subir em 52 autoestradas nacionais.
O percurso entre Oeiras e Lisboa vai ficar cinco cêntimos mais caro, enquanto a CREL custará mais 15 cêntimos. A norte, a A3 que liga Porto a Valença vai custar mais 20 cêntimos e quem for até Amarante pagará mais 25 cêntimos.
Percorrer a A1 entre Lisboa e Porto ficará 70 cêntimos mais caro, enquanto a ligação de Lisboa ao Algarve subirá 60 cêntimos.
No caso das pontes sobre o Tejo, o valor que conta é a inflação homóloga até setembro, que contando com um acréscimo de 0,1% já referido dará uma atualização média de 1,96% em 2025.
Comissões bancárias
Os bancos vão deixar de poder cobrar mais comissões pelas transferências imediatas do que pelas normais (que são obrigatoriamente gratuitas se forem usadas caixas Multibanco mas podem ser cobradas no “homebanking” ou ao balcão).
Tendencialmente, os bancos vão passar a oferecê-las gratuitamente no “homebanking” aos clientes com contas-pacote, continuando a cobrar nos outros casos – já que, sublinhe-se, o regulamento não obriga à gratuitidade, só impede que se cobre mais nas transferências imediatas do que se cobra nas transferências normais.
Já nas transferências MBWay, nada irá mudar – embora tenha havido novidades há poucos meses. No final de outubro entraram em vigor os limites de comissões nas transferências em plataformas como as da SIBS, que têm de continuar gratuitas quando não excedam 30 euros por operação, 150 euros por mês ou 25 transferências realizadas nesse período.
Andar na CP, Carris e Metro vai ficar mais caro.
De acordo com a fórmula aplicada pela Autoridade de Mobilidade e Transportes (AMT), o preço médio dos títulos individuais dos transportes públicos, vai subir 2,02% que resulta da variação média do índice de preços no consumidor, sem habitação, nos 12 meses que decorrem entre outubro de 2023 e setembro de 2024. Os passes vão manter o preço.
No Metro de Lisboa e na Carris, o bilhete passa a custar 1,85 cêntimos, mais 5 cêntimos que o custo atual. Se carregar via zapping paga também mais 5 cêntimos de 1,61 euros para 1,66 euros. O bilhete diário para 24 horas Metro/Carris passa de 6,80 euros para sete euros. No Porto, mantém-se o preço do bilhete ocasional, o Andante, para trajetos no Metro e nos STCP.
Nos suburbanos da CP, mantém-se o preço de uma zona nos 1,45 euros, mas os valores para quem viaja para as segundas e terceiras zonas sobem 5 cêntimos. Mantém-se o preço de dois euros por percurso para quem usa a modalidade zapping.
Já o preço de uma viagem de Lisboa ao Porto no Alfa Pendular, apenas de ida e em classe turística, passará a custar 34,60 euros, que compara com os atuais 33,90 euros. Na classe conforto o preço aumenta um euro, para 48,40 euros.
Preço do azeite diminui, mas pão e leite devem aumentar
É uma boa notícia para as famílias e contraria uma tendência bastante visível nos últimos dois anos. Em 2025, o preço do azeite deverá baixar. Nas duas últimas campanhas, a produção mundial de azeite baixou 25%, explica ao Observador a Casa do Azeite – Associação do Azeite de Portugal, “o que conduziu a uma subida de preços para níveis nunca antes praticados”. Essa situação “anómala” está a ser corrigida, diz o setor. E a correção dos preços já começou a sentir-se no bolso das famílias em 2024, diz a Casa do Azeite.
“Para a campanha atual (24/25) perspetiva-se uma produção mundial normal pelo que se vislumbra um retomar do equilíbrio de mercado. No último mês, houve já uma redução de ~50% nos preços de compra ao produtor, que estão progressivamente a ser refletidos nos preços de venda ao público”, referem os responsáveis da Casa do Azeite.
Não é possível antecipar um valor concreto para a descida dos preços, até porque estes “a cada momento irão refletir as expectativas de oferta e procura”. Entre os fatores que vão influenciar os preços, a Casa do Azeite refere a evolução do consumo, a produção real 2024/2025, uma vez que se perspetiva “uma campanha atual média, mas a colheita ainda está em curso”, as perspetivas de produção 2025/2026 e ainda fatores externos, como por exemplo “o possível agravamento de tarifas aduaneiras nos Estados Unidos, medidas protecionistas à exportação na Turquia” ou “disrupções no tráfego marítimo internacional” que “poderão criar disrupções a curto prazo impactando preços do azeite a nível global e ou em mercados específicos”.