A propósito da comemoração dos 700 anos da morte do Rei D.Dinis, realizou-se, no Mosteiro de Odivelas, uma cerimónia onde foi revelado o rosto do monarca, através de uma impressão 3D. Esta é a primeira imagem cientificamente fundamentada de um monarca português da primeira dinastia.
No dia em que passaram 700 anos após a morte do Rei D.Dinis, que foi na última terça-feira, 7 de janeiro, o Mosteiro de Odivelas recebeu uma cerimónia evocativa desta efeméride, e que teve como ponto alto a revelação do rosto do monarca, através de uma reconstrução facial em 3D, baseada em estudos arqueológicos e antropológicos desenvolvidos nos últimos anos, em contexto tumular e laboratorial. Esta é a primeira imagem cientificamente fundamentada de um monarca português da primeira dinastia, e que o retrata no final de vida, sendo o resultado de um extenso e profícuo trabalho de investigação levado a cabo no Mosteiro de Odivelas, onde D. Dinis (1261-1325) está sepultado, e que incluiu o encerramento do túmulo do monarca, em junho de 2023.
Esta impressão 3D foi realizada na Liverpool John Moores University FaceLab, sob coordenação científica da antropóloga Eugénia Cunha, da Universidade de Coimbra, que integrou a equipa multidisciplinar encarregue do Projeto de Conservação e Restauro do Túmulo de D. Dinis. Recorde-se que, em 2016, iniciou-se o Projeto de Conservação e Restauro do Túmulo de D. Dinis, por iniciativa da extinta Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), em parceria com a Câmara Municipal de Odivelas (CMO). Para além da revelação do rosto do rei, no último domingo, 4 de janeiro, houve ainda uma cerimónia de exéquias fúnebres do monarca, Igreja do Mosteiro de Odivelas.
Executivo da CMO esteve presente na cerimónia
Esta cerimónia, foi realizada em parceria com a Casa Real Portuguesa e teve guarda de honra junto ao túmulo e celebração de uma missa solene, presidida pelo Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério. O momento contou ainda, com a bênção dos despojos reais com exéquias e ritos fúnebres em honra do Rei D.Dinis, seguida da veneração de relíquias da rainha Santa Isabel.
Para além do presidente da Câmara Municipal de Odivelas (CMO), Hugo Martins, e do Duque de Bragança, D. Duarte, estiveram também nesta cerimónia os vereadores Edgar Valles, João António, Ana Isabel Gomes e Florentino Serranheira, os Chefes dos Estados-Maiores da Armada, do Exército e da Força Aérea, os quatro presidentes das Juntas de Freguesia do concelho, bem como o antigo Presidente da CMO, Manuel Varges, e a Conselheira Municipal para a Igualdade, Hortênsia Mendes, entre muitos outros convidados.
Várias atividades para assinalar os 700 anos da morte do Rei
Para além da revelação do rosto do rei, foi ainda lançado, no mesmo evento, um programa alusivo ao sétimo centenário da sua morte. Por isso, será celebrado um protocolo de colaboração entre a CMO, o Património Cultural, IP (PC, IP) e a Museus e Monumentos de Portugal, EPE (MMP, EPE) centrado na divulgação dos resultados científicos deste Projeto, cuja abordagem interdisciplinar envolveu peritos em Arqueologia, Antropologia Biológica, Conservação e Restauro, História e História de Arte. Estas atividades irão ter lugar, na sua essência, no Mosteiro de Odivelas, e estão planeadas até ao final de 2025 e terá expressão nacional, com iniciativas a desenvolver pelo PC, IP, pela MMP, EPE e por outras entidades que se queiram associar.
No entanto, esta cerimónia terminou com uma conferência sobre D. Dinis, a cargo do professor José Augusto de Sotto Maior Pizarro, da Universidade do Porto. “Vivemos ontem um dia histórico, por ocasião dos 700 anos da morte do rei D. Dinis”, revelou ainda o presidente da CMO, Hugo Martins, lembrando que a revelação da reconstrução facial do monarca é “fruto de um estudo pioneiro realizado, e a primeira imagem cientificamente fundamentada de um monarca português da primeira dinastia. Este momento é mais um capítulo notável de uma jornada que se iniciou quando a Câmara Municipal assumiu a gestão do Mosteiro de Odivelas, em virtude do seu estado de degradação, tomando a iniciativa de preservar e valorizar este símbolo inestimável do nosso território”.
Senado de Odivelas promove cerimónia evocativa dos 700 anos da morte do Rei no próximo domingo
Assim que recebeu a gestão do Mosteiro de Odivelas, a autarquia procedeu a obras de recuperação da sepultura do Rei D. Dinis, que não era restaurada desde meados do século XX. O túmulo recebeu uma primeira intervenção de limpeza, conservação e diagnóstico em finais de 2016 e em 2020, recebeu uma segunda intervenção, no valor de 250 mil euros, e que foi realizada através de um Protocolo de Cooperação firmado entre a CMO e a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e cofinanciada pelo Programa Operacional Lisboa 2020.
Para o próximo domingo, 12 de janeiro, está prevista uma cerimónia evocativa dos 700 anos da morte do Rei D.Dinis, promovida pelo Senado de Odivelas. A homenagem ao monarca terá a presença das três corporações de bombeiros do concelho e a participação da Associação Portuguesa de Poetas e seus Jograis. O programa inclui a deposição de uma coroa de flores na Igreja do Mosteiro, e a atribuição dos prémios Senado D. Dinis nas categorias de Educação, Cidadania, Carreira e Comunidade, a diversos cidadãos e entidades que se destacaram na comunidade.
Esta iniciativa já acontece desde 2020 e surgiu “para refletir sobre as necessidades da comunidade Odivelense, pautando a sua atividade pelo incremento do espírito cívico, designadamente, promoção de ações de sensibilização pública visando o incremento da qualidade de vida no concelho, realização de atividades cívicas, lúdicas, culturais, desportivas ou de natureza social que tenham por objetivo o bem-estar da população”, conforme referiu, à época, o presidente da associação, José Barão das Neves.