Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, lamenta a morte do príncipe Aga Khan. O líder da comunidade muçulmana ismaelita faleceu esta terça-feira, 4 de fevereiro, em Lisboa, aos 88 anos. Ao longo da sua vida, o líder destacou-se pelos projetos que desenvolveu, em especial a rede Aga Khan para o Desenvolvimento, que apoiou milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo Portugal.
O príncipe Aga Khan, líder dos muçulmanos ismaelitas, faleceu, esta terça-feira, 4 de fevereiro, aos 88 anos. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), cidade onde está situada a Fundação Aga Khan, lamentou a morte do líder, ressalvando que a sua partida “deixa um enorme vazio em Lisboa. Foi graças à sua obra e visão que milhões de pessoas em todo o mundo escaparam à pobreza, tiveram acesso a cuidados de saúde e encontraram uma oportunidade para estudar. Esta sua obra estendeu-se a Lisboa, onde o Príncipe Aga Khan encontrou uma casa, uma casa da qual fez um palco para a sua visão que juntou culturas e cruzava fronteiras – algo que se enquadra perfeitamente na natureza e na história da nossa cidade, feita desse cruzamento contínuo de culturas e de experiências.
Hoje, o Príncipe Aga Khan deixa-nos. No entanto, fica a sua obra e o seu sonho, que são um legado que Lisboa orgulhosamente manterá vivo”, escreveu ainda o autarca, numa mensagem que foi partilhada com os órgãos de comunicação social. Ao longo da sua vida, Aga Khan viveu uma vida discreta, criou, em todo o mundo, uma das maiores redes privadas para o desenvolvimento, baseado na Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN, Aga Khan Development Network), que empregou mais de 80 mil pessoas e ajudou milhões em 30 países, incluindo Portugal. Esta rede tem como objetivo melhorar as condições de pessoas em várias regiões do mundo, com um orçamento anual, para atividades sem fins lucrativos, que ronda os 600 milhões de euros.
Rede Aga Khan permite apoiar milhões de pessoas em diversas áreas em todo o mundo
Os números oficiais indicam ainda que mais de dois milhões de alunos beneficiam dos programas anuais de educação, a que se juntam as cinco milhões de pessoas apoiadas na saúde. Todos os anos, esta rede permite oito milhões de consultas em ambulatório em mais de 700 unidades de saúde, juntando-se os apoios a 2,3 milhões de crianças em idade pré-escolar, a um milhão de alunos em 200 escolas e duas universidades. Através da rede AKDN, em cada ano mais de 770 mil pessoas têm acesso a água potável, são fornecidos 1,8 mil milhões de kwh de eletricidade limpa, 50 milhões de pessoas têm acesso a serviços financeiros, 40 mil voluntários são formados e mais de 3,2 milhões de árvores são plantadas.
Esta rede atua especialmente em países da Ásia e África, sem restrições de fé, origem ou género. Para além da saúde e da educação, os projetos abrangem ainda áreas como o ambiente, a cultura, a arquitetura, entre outros. A Fundação Aga Khan, uma agência internacional, foi criada em 1967, e foca-se na resolução de problemas de desenvolvimento específicos, que forma parcerias intelectuais e financeiras com organizações com os mesmos objetivos.
Em Portugal, para além da Fundação, a presença de Aga Khan é manifestada ainda através do Imamat Ismaili, que tem a sua sede mundial na freguesia das Avenidas Novas desde 2015, após um acordo assinado entre Aga Khan e o Governo português. A Fundação Aga Khan também ofereceu, em 2017, uma doação de 500 mil euros para financiar bolsas de estudo para crianças cujas famílias foram vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, e outra oferta de 100 mil euros para plantação de árvores na mata de Leiria, entre outros projetos.
Filho mais velho de Aga Khan é o sucessor
Aga Khan sucedeu ao seu avô, Sir Sultan Mahomed Shah Aga Khan, enquanto Imam dos muçulmanos xiitas ismailis em 1957, aos 20 anos. O seu sucessor será agora o seu filho mais velho, o príncipe Rahim, de 53 anos, tendo sido nomeado pelo pai em testamento, conhecido 24 horas após a morte do príncipe dos ismaelitas. Rahim Aga Khan nasceu em 1971 e formou-se em 1995 na Universidade Brown (EUA), com um bacharelato em Literatura Comparada, antes de concluir um programa de desenvolvimento executivo em gestão e administração na IESE Business School da Universidade de Navarra, em Barcelona, Espanha.
Atualmente, está envolvido na gestão da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento há mais de 20 anos, na qual integra vários órgãos. É ainda presidente do comité executivo do Fundo para o Desenvolvimento Económico (AKFED) e supervisiona o ciclo anual de planeamento orçamental da instituição. Rahim Aga Khan preside também ao Comité para o Ambiente e o Clima, que lidera o trabalho da rede na proteção ambiental e mitigação dos efeitos das alterações climáticas, o que inclui um compromisso em garantir que as operações globais da rede atingem zero emissões líquidas de carbono até 2030.
Foto de capa: CMLisboa