Celeste Caeiro homenageada com a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) entregou, nesta sexta-feira, 7 de fevereiro, a título póstumo, a Medalha de Honra da Cidade a Celeste Caeiro, figura incontornável da revolução de 25 de abril de 1974. Celeste Caeiro, mais conhecida como ‘Celeste dos Cravos’, nasceu em Lisboa em 1933 e faleceu na mesma cidade em novembro de 2024.

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) atribuiu, esta sexta-feira, 7 de fevereiro, a título póstumo, a Medalha de Honra da Cidade a Celeste Martins Caeiro, figura incontornável da revolução de 25 de abril de 1974, uma vez que, foi graças ao seu pequeno gesto que transformou a revolução, dando-lhe um símbolo e um nome: A Revolução dos Cravos. “Celeste Caeiro mostra que a história se faz muitas vezes através daqueles que menos esperamos, que os grandes acontecimentos têm um lugar tantas vezes graças a pessoas comuns. O seu nome ficou para sempre como um sinónimo do 25 de Abril”, sublinhou o presidente da CML, Carlos Moedas.

“Deixou-nos o que foi, o que é, e o que continuará sempre a ser Abril. E ao fazê-lo, deixou-nos uma lição que é ela própria, uma demonstração de Abril: que são as pessoas que fazem a história, que às vezes são os pequenos gestos que mudam o mundo”, acrescentou ainda. A Medalha de Honra da Cidade de Lisboa foi entregue por Carlos Moedas à neta da homenageada, Carolina Caeiro Fontela, que recordou a “mulher de valor, de ideias fixas, de princípios inabaláveis. Uma mulher justa, que ao longo da vida mostrou muitas vezes o significado de perseverar, de lutar pelas nossas ideias e de nunca desistir, mesmo quando a vida parece mais difícil. É esta a melhor e a maior herança que ela me podia ter deixado”.

Esta homenagem foi proposta pelo PCP, e para além da neta Carolina, contou ainda com a presença da filha de Celeste, Helena, bem como de uma delegação do PCP, composta por Ricardo Costa da Comissão Política, Inês Zuber, do Comité Central e José Augusto Esteves, da Comissão Central de Controlo. Estiveram ainda presentes, os vereadores do PCP eleitos na Câmara de Lisboa, João Ferreira e Ana Jara, e ainda a eleita municipal do PCP, Natacha Amaro.

Celeste Caeiro morreu em Lisboa aos 91 anos

“Sem nunca ter tido medo das chaimites”, recordou, “perguntou aos soldados se precisavam de alguma coisa, para retribuir aquilo que eles ali estavam a fazer. Aquele dia e aquela revolução ficaram conhecidos, nacional e até internacionalmente, como a Revolução dos Cravos. E ela, consequentemente, como a Celeste dos Cravos”. Celeste Martins Caeiro nasceu em Lisboa a 2 de maio de 1933, e morreu em Lisboa, aos 91 anos, a 15 de novembro de 2024, sete meses depois de ter participado no desfile de comemoração dos 50 anos da revolução.

Em maio deste ano, a autarquia aprovou, por unanimidade, a atribuição desta Medalha de Honra da Cidade de Lisboa, bem como a realização de “uma intervenção evocativa a ser implantada num espaço público de Lisboa, nos termos e em local a designar em conjunto com a família de Celeste Caeiro”. No dia da revolução, Celeste Caeiro trabalhava em um restaurante na Rua Braancamp, próximo ao Marquês de Pombal. “A casa fazia um ano naquele dia e os patrões queriam fazer uma festa. O gerente comprou flores para dar às senhoras, enquanto aos cavalheiros se daria um Porto”, como contou Celeste em diversas entrevistas que deu ao longo da vida.


Celeste ofereceu cravos aos militares que participaram na revolução

“Naquele dia, quando chegamos, o patrão explicou que não ia abrir o restaurante, porque não sabia o que estava acontecendo, e disse para levarmos as flores conosco. Chegamos no depósito e vimos que eram cravos vermelhos e brancos. Cada um levou um molhe”. Em vez de um dia para casa, Celeste Caeiro pegou o metrô para o Rossio e rumou para o Chiado, onde imediatamente se deparou com veículos militares, tendo se aproximado de um desses veículos, perguntando o que havia de errado com um soldado.

Este lhe pediu um cigarro, mas Celeste não tinha, dando-lhe as únicas coisas que tinha para lhes dar: os cravos. O soldado aceitou e pôs a flor no cano da espingarda, gesto que foi repetido pelos demais militares que participaram da revolução. A Medalha da Honra da Cidade destina-se a distinguir pessoas físicas ou jurídicas nacionais ou estrangeiras de reconhecido mérito que tenham prestado à cidade de Lisboa serviços de excepcional relevância.

Foto da capa: CML/ALA

N.R: notícia atualizada dia 9/2/25 às 10h56

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