Peça de Foster Wallace “Homens Hediondos” em cena no Teatro Variedades

Espetáculo de Patrícia Portela, baseado em “Brief Interviews with Hideous Men”, de David Foster Wallace, estreado no Porto em setembro de 2024, chega agora ao palco do Teatro Variedades, no Parque Mayer, em Lisboa, entre 2 e 4 de maio. Esta é uma produção do Teatro Nacional São João, apresentada em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II.

Quem são os “homens hediondos”? Criaturas feias, repugnantes, monstruosas? Ou pessoas banais com quem nos relacionamos todos os dias, no trabalho, nos transportes, nos cafés, em casa? A criação de Patrícia Portela, materializada num solo interpretado pelo ator Nuno Cardoso, parte do livro “Breves Entrevistas com Homens Hediondos”, do escritor norte-americano David Foster Wallace, para nos confrontar com aqueles momentos em que somos apanhados a tolerar um sistema que tão ativamente condenamos.

Recorrendo, nas palavras da dramaturga, às “capacidades metamórficas e camaleónicas de Nuno Cardoso”, este espetáculo faz desfilar vários monólogos de personagens masculinas que se vão transformando em “homens cada vez mais hediondos”. Até que ponto seremos capazes de reconhecer nestas histórias a nossa própria história?

A apresentação do espetáculo “Homens Hediondos”, no Teatro Variedades, em Lisboa, integra-se numa colaboração entre esta renovada sala do Parque Mayer e o Teatro Nacional D. Maria II, que iniciou em fevereiro com “A Farsa de Inês Pereira”.

Até outubro deste ano, serão ainda apresentados “A Sagração da Primavera” (22 a 24 maio) de Dewey Dell no âmbito do FIMFA Lx25, “As mulheres que celebram as Tesmofórias” (11 a 15 de junho) de Odete, “Reparations, Baby” (9 a 27 de julho) de Marco Mendonça e “O nariz de Cleópatra, pois claro” (13 de setembro a 5 de outubro) dirigido por Cristina Carvalhal.

Sucesso planetário

David Foster Wallace nasceu em 1962, em Ithaca, Nova Iorque. Estudou Inglês e Filosofia e, durante a adolescência, foi praticante federado de ténis, uma atividade que viria a ser essencial na sua obra de ficção e de não ficção. O segundo romance, A Piada Infinita (Quetzal, 2012), considerado uma obra delirante e inovadora, catapultou-o para a fama.


A revista “Time” considerou-a um dos cem melhores romances de língua inglesa publicados desde 1923. As coletâneas de ensaios e de artigos jornalísticos como Uma Coisa Supostamente Divertida Que Nunca Mais Vou Fazer (1997) e Pensem na Lagosta (2005) confirmaram Wallace como um dos escritores mais originais da sua geração, capaz de transformar um texto sobre o tenista Roger Federer numa obra de arte.

O sucesso e o reconhecimento da crítica e do público não aliviaram, porém, os problemas de depressão que Wallace enfrentou ao longo de toda a vida. Em 2008, com apenas 46 anos, David Foster Wallace morreu prematuramente, deixando inconsolável a legião de leitores que tinha espalhados pelos quatro cantos do mundo.

Quer comentar a notícia que leu?