Carlos Moedas reuniu hoje com a ministra da Administração Interna para discutir problemas da segurança em Lisboa. O presidente da Câmara revela que ficou acordado “um plano de ação específico para Lisboa”, mas não avançou datas de lançamento do plano no terreno. O Martim Moniz e a Avenida da Liberdade vão ter câmaras de vigilância.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa foi recebido pela ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral. Esta reunião — em que se fez acompanhar pelo comandante da Polícia Municipal, o superintendente José Carvalho Figueira, e o vereador da Segurança, Rui Cordeiro — realizou-se na sequência de um pedido de audiência urgente realizado por Carlos Moedas há cerca de um mês, para discutir respostas para os problemas de segurança que a cidade enfrenta.
No final da reunião, Carlos Moedas prestou declarações à comunicação social. O autarca começou por agradecer à ministra, referindo que “sentiu uma dinâmica na Administração Interna que não sentia há muito tempo”, enaltecendo que a governante “tem uma visão” para a “especificidade da cidade de Lisboa”.
“Combinei com a senhora ministra que iríamos olhar para um plano, do número de polícias que existem, do número de polícias de segurança pública e de polícias municipais de que necessitamos. Ficou combinado que iríamos estabelecer um plano de ação específico para Lisboa”.
Guardas noturnos e videoproteção
Na mesma reunião, ficou decidido o lançamento do regulamento para os guardas noturnos. “Na Câmara de Lisboa lançámos a ideia de termos 56 guardas noturnos, que deixaram de existir há muitos anos, para garantir a segurança das pessoas durante a noite. Vamos ter finalmente a formação desses guardas noturnos”, revelou o autarca.
Carlos Moedas revelou ainda que o projeto da videoproteção “vai acelerar”. “Temos hoje 32 câmaras de vigilância no Cais do Sodré e mais 30 no Campo das Cebolas”. Segundo Carlos Moedas, foi falado com a governante sobre a possibilidade de ampliar a videoproteção a outras áreas da cidade.
Para quando mais câmaras de vigilância nas ruas de Lisboa? “Neste momento, já temos câmaras nas zonas referidas, que estão quase operacionais, mas haverá outras temporárias em certas ruas, que não sendo câmaras fixas, se tornam mais ágeis. O plano das câmaras na cidade, que vem desde 2019 e que estamos agora a concretizar, não contemplava muitas das ruas que agora as têm, porque, na altura, não ofereciam perigo. Temos tudo preparado no Campo das Cebolas, só estamos à espera da ligação elétrica, que, quando for estabelecida, podem ser ligadas”, respondeu Moedas.
O autarca afirma que o Martim Moniz e toda a Avenida da Liberdade serão “zonas prioritárias onde serão instaladas novas câmaras”.
PM mais atuante
O autarca explica que a ministra terá mostrado abertura para a possibilidade do alargamento do raio de intervenção da Polícia Municipal, que pertence à Polícia de Segurança Pública, mas cuja intervenção está limitada pela legislação. “A lei não é clara se a PM pode ou não fazer detenções, mas a senhora ministra percebe e entende a necessidade da PM poder fazer detenções, mesmo não sendo um órgão de investigação criminal”.
Moedas lembrou que a Polícia Municipal levou a cabo uma operação de fiscalização no fim de semana, da qual resultaram “várias apreensões de venda ambulante ilegal” e “foram levantados vários autos de contraordenações”.
“Fizemos um grande esforço. Tivemos uma grande operação da PM neste fim de semana, em zonas como Santos, São Paulo, Alfama e Arroios, onde estavam a existir muitos problemas de noite e de ruído que incomoda os vizinhos. Só neste fim de semana, fizemos mais 50 fiscalizações, tivemos mais 40 homens na rua”
Segundo Moedas, a governante “percebeu” que este tipo de operações “são muito importantes” e que tanto a PSP como a PM podem atuar em conjunto durante a noite com as patrulhas mistas.
“Sentimento de insegurança”
O edil lembrou que, segundo os relatos que lhe fazem chegar os cidadãos, as pessoas já não se sentirão “seguras” no seu quotidiano.
“Finalmente, vamos ter um plano, pensado pela Administração Interna, a Polícia e a Câmara de Lisboa, para a situação de Lisboa no dia a dia. A cidade de Lisboa já não tem só uma perceção de insegurança. As pessoas sentem que há efetivamente um sentimento de insegurança na cidade.
Temos de abordar estes temas com liberdade. Nós não queremos que a cidade se torne insegura. Temos relatos de jovens mulheres que dizem que se sentem inseguras à noite em certas zonas da cidade. E isso não pode acontecer. Há uma sensibilização muito grande” para estas questões”.
Para Moedas, a ministra “é uma pessoa que conhece o terreno” e “conhece os problemas”, mostrando vontade de “ação” em resolver os problemas de segurança na capital.
“Saímos daqui com muita esperança no futuro. Obviamente que as questões de segurança do país são competência do Estado, mas o presidente da câmara está no terreno todos os dias”.
Roubos “aumentaram 10%”
Questionado sobre as outras áreas de segurança que o preocupam, Carlos Moedas apontou baterias para as violações e os roubos nos transportes públicos. Citando o relatório de Segurança Interna, Moedas diz que houve uma ligeira diminuição da criminalidade, mas “um aumento das violações e dos roubos nos transportes, que aumentaram em 10%”.
“Estes números preocupam-nos porque são situações que ocorrem na vida diária das pessoas. Lisboa é uma cidade aberta, uma cidade acolhedora, mas tem de fazer sentir aos lisboetas que é uma cidade segura”.
O autarca acredita que o novo plano de ação conjunta, que ainda vai ser desenhado para a cidade de Lisboa, vai mitificar os problemas de segurança registados nos últimos tempos.