Arrancaram as obras do novo espaço de habitação partilhada no antigo Convento das Grilas, sedeado na Fábrica dos Unicórnios, no Beato. O projeto prevê a criação de unidades de alojamento distribuídas por quatro pisos, com zonas comuns, como cozinhas partilhadas, lavandaria, salas de estar e terraços, concebidas para estimular a convivência, a partilha e o espírito de comunidade.
O futuro espaço terá 84 unidades habitacionais de diferentes tipologias, num total de 137 quartos. Destina-se a estadias de média duração, direcionado para trabalhadores temporários, nómadas digitais ou profissionais deslocados. A primeira pedra do novo co-living foi lançada no dia 7 de julho no antigo Convento das Grilas, na zona do Beato.
O edifício histórico será reabilitado pela Mota Engil para acolher o projeto de acolhimento, integrando a Fábrica dos Unicórnios, o hub de inovação instalado na antiga Manutenção Militar. O projeto inclui soluções de sustentabilidade energética, como painéis solares integrados na comunidade de energia da Fábrica de Unicórnios, e uma aplicação móvel para gestão dos espaços comuns.
“Inspirar futuras gerações”
Carlos Moedas destacou o simbolismo do projeto como parte de uma visão mais ampla para a cidade: “Viemos aqui no princípio e tivemos o sentimento comum que podíamos fazer algo que fosse mais do que paredes e muros, algo que inspirasse as futuras gerações”, afirmou, recordando o percurso desde a instalação da Fábrica dos Unicórnios até à distinção de Lisboa como Capital Europeia de Inovação.
Como lembrou Carlos Moedas, o Convento das Grilas, fundado em 1663 por ordem de D. Luísa de Gusmão, teve diferentes utilizações ao longo da história, desde recolhimento de freiras da Ordem de Santo Agostinho (as “grilas”) a dormitório militar. A sua reconversão integra agora um polo tecnológico e criativo que acolhe mais de 1500 pessoas e empresas internacionais, incluindo unicórnios tecnológicos e startups.
Manter a traça original do Convento
O “co-living Beato” reinterpreta um edifício com forte valor patrimonial, adaptando-o às exigências da vida contemporânea. A intervenção irá preservar e valorizar elementos originais — como fachadas, escadarias, abóbadas e o emblemático relógio — respeitando a identidade arquitetónica do conjunto e a sua memória histórica, explicou o arquiteto do atelier Promontorio.
O projeto aposta numa linguagem contemporânea que conjuga autenticidade, conforto e sustentabilidade. Os espaços interiores foram pensados para promover a convivência e a vida em comunidade, através de zonas comuns amplas e funcionais — como cozinhas partilhadas, salas de estar, lavandarias e terraços.
Inclui também soluções de eficiência energética, como a instalação de painéis fotovoltaicos e a utilização de materiais compatíveis com a traça original. “A ligação à comunidade de energia local reforça o compromisso com a regeneração urbana e ambiental da cidade”, segundo o atelier.
Para Carlos Moedas, presidente da CML, “este foi um projeto há muito prometido e que conseguimos agora concretizar. É mais um edifício histórico reabilitado, que vem modernizar a Freguesia do Beato e reforçar a dinâmica que a Fábrica de Unicórnios veio trazer para aquela zona da cidade”.
“Um novo modelo de habitação urbana”
Por seu turno, Carlos Mota Santos, líder da Mota-Engil, destacou que “este não é apenas um edifício. É um novo modelo de habitação urbana. Um espaço de vida que acolherá inovação, comunidade e futuro”.
“Este projeto é um gesto de confiança no futuro”, sendo, também, “uma resposta habitacional sustentável, acessível e transformadora, ancorada em partilha, colaboração e pertença. A Mota-Engil tem orgulho em fazer parte desta visão de cidade em movimento”, acrescenta o responsável da Mota-Engil.
“Desenvolvida pela equipa de arquitetura Promontório Arquitetos, este projeto único para a cidade de Lisboa está assente na reabilitação do edifício que tem mais de 350 anos de história, preservando elementos originais como fachadas, escadas, abóbadas e o emblemático relógio, que serão reinterpretados através de uma linguagem arquitetónica contemporânea”, explicou o homem-forte da construtora.
Carlos Mota Santos aproveitou para enaltecer a “coragem de Carlos Moedas” que não antagoniza “o setor privado” com quem estará a estabelecer parcerias “inovadoras” que irão transformar a cidade.
Segundo Moedas, o co-living Beato é uma proposta de nova vivência urbana — pensada para residentes criativos, urbanos e nómadas digitais, que valorizam a partilha, a flexibilidade e o bem-estar.
Inserido no ecossistema do Beato, o projeto beneficia de uma localização estratégica junto ao rio Tejo, rodeado por empresas criativas, tecnológicas e culturais. A proximidade à linha de comboio e ao centro de Lisboa reforça a sua atratividade para residentes urbanos e nómadas digitais.
O autarca sublinhou que a Fábrica dos Unicórnios “é já um projeto vencedor”, a que muitos “franziram o sobrolho” por não acreditarem na viabilidade da iniciativa, mas que, em 2021, com a criação da Fábrica de Unicórnios, o Beato ganhou uma nova dinâmica, e já tem mais de 1500 colaboradores e 16 empresas. Desde 2022, já recebeu mais de 150 eventos nas áreas da cultura, educação e tecnologia.
Carlos Moedas revelou ainda que se prevê que a obra esteja concluída num “prazo de dois anos”.
Foto de capa: ALA /CMLisboa