Numa sala cheia com cerca de três centenas de pessoas, na Estufa Fria, em Lisboa, Carlos Moedas começou por agradecer a presença do primeiro-ministro e presidente do PSD, Luís Montenegro, e da antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite, que apoiaram a sua candidatura nas autárquicas de 2021. O atual presidente da Câmara de Lisboa e cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP/IL nas próximas eleições autárquicas afirmou esta quarta-feira que não se candidata contra ninguém e defendeu que a escolha é entre moderação e radicalismo.
O atual presidente da Câmara de Lisboa juntou primeiro-ministro, Tony Carreira, meio Governo e Paulo Portas na apresentação oficial da candidatura. Moedas promete mais polícia, combate às “lojas fictícias” e uma cidade neutra em carbono até 2030.
O acordo de coligação entre PSD, CDS e Iniciativa Liberal (IL) para a recandidatura de Carlos Moedas à presidência da Câmara de Lisboa, que foi apresentada esta quarta-feira, na Estufa Fria, prevê que ambos os parceiros autárquicos dos sociais-democratas possam garantir dois vereadores na capital. Algo que será cumprido numa lógica de crescimento eleitoral da coligação “Por Ti, Lisboa” em relação ao resultado obtido há quatro anos pela antecessora “Novos Tempos”.
Carlos Moedas pretende governar a capital nos próximos quatro anos, caso a “Por Ti, Lisboa” seja a mais votada nas autárquicas de 12 de outubro, com um segundo vereador liberal caso a coligação eleja oito – mais um do que em 2021, quando a IL optou por uma candidatura própria, mas não elegeu o cabeça de lista Bruno Horta Soares como vereador.
Servir os lisboetas
O autarca lisboeta, que agora apresentou a recandidatura para o segundo mandato com críticas ao PS e ao Chega e promessas de garantir mais segurança quando “mulheres jovens têm medo de estar em certos pontos da cidade”, aponta “servir os lisboetas” como o seu “único propósito”, recordando testemunhos que ouviu nos últimos anos – desde alunos de uma escola em Marvila a idosos a quem entregou o passe gratuito.
“Não me candidato contra ninguém. Candidato-me por ti, Lisboa”, assegura.
“É uma escolha simples, mas com enormes consequências: entre a moderação, a moderação que sonha e que faz, e o radicalismo, o radicalismo que já conseguiu minar grande parte do PS e que tanto prejudicou o país, e que agora querem trazer este modelo falido para a nossa Lisboa”, declarou Carlos Moedas.
“Em outubro os lisboetas vão ter uma escolha: entre a moderação e o radicalismo”, referindo-se à candidatura de Alexandra Leitão, e aproveitou para desafiar os “socialistas moderados” para votar nele.
Sobre a sua recandidatura, Carlos Moedas admite que “não é em quatro anos que conseguimos resolver os problemas criados, ou não resolvidos, em 14 anos” e garante que está pronto para os próximos quatro.
“Ao fim de quatro anos sinto mais energia e motivação do que no primeiro dia”, atirou o líder da autarquia, perante centenas de pessoas que iam entrecortando o discurso de Carlos Moedas com aplausos.
Mais polícia e um plano de segurança
Carlos Moedas passou depois para o lado temático do seu discurso de perto de 25 minutos, em que abordou o problema do lixo na cidade. O atual autarca fala em “problemas estruturais” e que “vêm de trás” e promete combate acérrimo para acabar com eles, nomeadamente na distribuição de competências entre a autarquia e as juntas de freguesia.
“Isto não é normal. É disfuncional e nós vamos resolver”, destacou.
Logo depois veio o tema da segurança, uma tecla que foi repetida pelo atual presidente da Câmara. “Lisboa é e sempre foi uma cidade segura”, introduziu, para depois avisar: “Hoje na nossa cidade, muitas mulheres jovens que me dizem que têm medo de estar em certos pontos da cidade, isso não pode acontecer”.
Por isso, com o primeiro-ministro à sua frente, Carlos Moedas, que é casado com a francesa Céline Dora Judith Abecassis, uma judia Sefardita, promete um “plano de segurança específico para Lisboa”, em que se inclui mais polícia, guardas noturnos e policiamento comunitário. “O Governo não nos vai falhar”, afirmou.
Mais à frente, o autarca da capital voltou a falar sobre o “combate ao comércio ilegal, sem medos”, ao referir-se às “lojas fictícias” utilizadas para “dormitórios para imigração ilegal”.
Numa sala cheia com cerca de três centenas de pessoas, na Estufa Fria, em Lisboa, Carlos Moedas começou por agradecer a presença do primeiro-ministro e presidente do PSD, Luís Montenegro, e da antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite, que apoiaram a sua candidatura nas autárquicas de 2021.
O social-democrata agradeceu também aos três partidos que formaram a coligação, a começar pelo PSD, o seu partido de sempre, seguindo-se o CDS-PP, classificado como “o amigo sempre fiel”, e a IL “pela coragem” de ser parceira, pela primeira vez, numa candidatura à Câmara de Lisboa, “com energia renovada”.
Habitação: um grande problema
Com muitos lisboetas a serem empurrados para fora da cidade pelos preços incomportáveis da cidade, Carlos Moedas vincou que “desbloqueámos 250 hectares que estavam abandonados” para criar bairros lisboetas “entre o público, privado e sector social”, relembrando que a autarquia entregou “600 chaves” e ajudou “1200 famílias a pagar a renda”.
E voltou a atirar ao seu antecessor, Fernando Medina: “Depois de uma década em que o PS construiu em média 17 habitações públicas por ano em Lisboa, nós entregámos 2600 chaves”.
Neutralidade em carbono
O atual presidente da Câmara de Lisboa voltou a comprometer-se em tentar que a cidade seja “uma das primeiras 100 cidades neutrais em carbono até 2030”, e lembra os projetos do novo elétrico 16 ou o Metro Bus entre Oeiras e Alcântara e Benfica.
Para a mobilidade, disse que quando chegou a líder da autarquia 70% dos autocarros da Carris eram a gasóleo e prometeu que em 2030 “serão zero a gasóleo”.
Carlos Moedas anunciou ainda dois novos projetos – o novo elétrico 16, do Terreiro do Paço ao Parque Papa Francisco, e o novo Metro Bus, que vai ligar Benfica e Alcântara a Oeiras.
Recorde-se que além da recandidatura do social-democrata Carlos Moedas, foram já anunciadas as candidaturas de Alexandra Leitão (PS), João Ferreira (CDU), Carolina Serrão (BE), Ossanda Líber (Nova Direita), José Pinto Coelho (Ergue-te) e Bruno Mascarenhas (Chega) à presidência da Câmara de Lisboa.
No atual mandato (2021-2025), o social-democrata Carlos Moedas governa Lisboa sem maioria absoluta, após ter sido eleito pela coligação Novos Tempos – PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança.
Plateia de peso
Na Estufa Fria, centenas de pessoas uniram-se em torno de uma candidatura – agora com perspetivas mais otimistas do que há quatro anos – e o atual autarca conseguiu juntar várias personalidades, e não apenas na área da política.
Tony Carreira e o maestro Rui Massena sentaram-se na fila da frente, ao lado de Luís Montenegro, primeiro-ministro, Leonor Beleza, antiga ministra da Saúde, Paulo Portas, ex-líder do CDS e ex-ministro da Defesa, Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas, Manuela Ferreira Leite, ex-líder do PSD, Rita Júdice, ministra da Justiça e Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente.
Além deles, na plateia estavam também Sebastião Bugalho, Pedro Reis, ex-ministro da Economia, Ribeiro e Castro, ex-líder do CDS, Isabel Mota, ex-presidente da Fundação Calouste Gulbenkian e até a atriz e apresentadora, Luciana Abreu.
Do lado dos partidos que se vão “casar” com Moedas na coligação, a Iniciativa Liberal fez-se representar por Miguel Rangel, secretário-geral do partido, e o CDS por Telmo Correia, vice-presidente do partido. Nuno Melo, líder do CDS e ministro da Defesa, esteve ausente.
Foto de capa @CarlosMoedas