A coligação “Por ti, Lisboa”, liderada por Carlos Moedas, vai a votos com um novo parceiro de coligação (IL) e sete independentes nas listas para as autárquicas. Os autarcas Daniel Gonçalves (Avenidas Novas) e Pedro Jesus (Areeiro) mantêm a confiança política de Moedas e vão lutar para manter a liderança destas autarquias. Em sentido contrário, Luís Newton (Estrela), implicado no caso “Tutti Frutti”, não se vai recandidatar.
Os partidos políticos estão a viver um verão atípico. Em Lisboa, as coligações (de esquerda e de direita) têm-se desdobrado em ações e em manobras de contagem de “espingardas” para tentar conquistar votos.
A coligação de esquerda “Viver Lisboa”, liderada por Alexandra Leitão, não contou com a inclusão da CDU. Os comunistas disseram não à coligação e vão a votos “sozinhos”, sob a batuta do vereador João Ferreira. Ambas as forças políticas já apresentaram as listas de candidatos às eleições autárquicas no Palácio da Justiça — outros candidatos à presidência da Câmara incluem Ossanda Líber (Nova Direita), Bruno Mascarenhas (Chega) e José Almeida (Volt), num leque alargado de opções para o eleitorado lisboeta em outubro.
“Por ti, Lisboa” ainda não entregou listas de candidatos
Do lado oposto do espectro político, a coligação de centro-direita “Por ti, Lisboa” – PSD, CDS-PP, IL – ainda não apresentou as listas de candidatos no Tribunal de Lisboa, mas já tem delineada a sua estratégia para as eleições autárquicas de outubro, tendo como cabeça de lista o atual presidente da Câmara, Carlos Moedas.
A lista para a Câmara Municipal da coligação “Por ti, Lisboa” 2025 já está definida nos seus oito primeiros lugares. Como seria de esperar, pese embora o prolongamento do tabu, Carlos Moedas mantém-se na liderança, encabeçando a candidatura pela segunda vez.
O PSD assegura três posições-chave logo no arranque: os números 1, 2, 3 e 6, bem como os lugares entre o 9.º e o 13.º. Esta distribuição ilustra a predominância do partido na coligação e reforça a confiança na figura central de Moedas.
O CDS-PP, mantendo o seu apoio desde o mandato anterior, garante o 5.º e o 7.º lugar. Já a Iniciativa Liberal reforça sua posição institucional com a indicação dos nomes para os lugares 4 e 8.
Para a Assembleia Municipal de Lisboa, o acordo estabelecido entre os partidos define uma liderança partilhada: o PSD propõe o presidente, a IL o segundo nome da lista e o CDS-PP fica com o quarto lugar. Quinze candidatos do PSD No que diz respeito às Juntas de freguesia, será também o PSD a assumir a maior responsabilidade, indicando 15 dos 24 presidentes.
O CDS-PP designará seis presidentes de Junta – menos três do que no mandato anterior – e a IL nomeará três. Na coligação PSD-CDS-IL Lisboa para as autárquicas de 2025, a Iniciativa Liberal reforça o seu espaço político com três presidências de junta e presença na Assembleia Municipal, enquanto o CDS-PP adapta a sua posição face ao último ciclo político. “Por ti, Lisboa” com candidatos do PSD, CDS e IL
Nas escolhas de Moedas, entram sete independentes, sendo um deles um ex-socialista independente, para manter as autarquias em tons “laranja” e os novatos da Iniciativa Liberal. Carlos Moedas destacou a presença do “socialista independente” Pedro Duarte e de António Pinto Basto, o fadista que se candidata a Santa Maria Maior como independente.
Daniel Gonçalves de Pedro Jesus de pedra e cal
Há nomes nas presidências de junta que não mexem: da parte do PSD, Daniel Gonçalves volta a ser candidato à junta de Avenidas Novas, Ricardo Mexia segue intocável pelo Lumiar e o independente José da Câmara é novamente cabeça de lista por São Domingos de Benfica. O CDS-PP — que passa de candidatar-se a nove presidências de junta para ir em primeiro lugar em seis — repete Carlos Ardisson, atual presidente da junta do Parque das Nações, e Madalena Natividade, que lidera e é recandidata ao executivo de Arroios.
De resto, também há atuais presidentes de junta que não foram eleitos como cabeças de lista em 2021 e que agora seguem nesse lugar. É o caso de Pedro Jesus, que chegou à presidência da junta do Areeiro na sequência da renúncia de Fernando Braamcamp devido à operação “Tutti Frutti”, que é o nome escolhido pelos sociais-democratas para uma recandidatura.
Tomás Gonçalves tomou conta da liderança da Junta de Alvalade a meio do mandato e é agora o número um pelo PSD pela autarquia de Alvalade, por ter substituído José Amaral Lopes, que foi chamado para exercer funções na área da Cultura na Embaixada de Portugal em Maputo.
Luís Newton “encostado” por Carlos Moedas
Na Estrela, apesar de ter suspendido o mandato de deputado na Assembleia da República também devido à acusação do processo “Tutti Frutti”, Luís Newton (em fim de mandato) continuou a presidir à autarquia – e à Concelhia do PSD Lisboa.
Mas Moedas fez subir na hierarquia outro nome: Luís Almeida Mendes, que já fazia parte da equipa do executivo local, mas substituiu Newton e que agora será candidato pela coligação.
Em Belém, onde também Fernando Ribeiro Rosa não se podia recandidatar por limitação de mandatos, o PSD aposta em João Carvalhosa, até agora tesoureiro da Junta de freguesia. Na Junta de freguesia de Santo António sai Vasco Morgado, também por limitação de mandatos, e candidata-se a independente, pelo PSD, Filipa Veiga.
À conquista de 15 freguesias
Moedas pretende que a coligação de direita “Por ti, Lisboa” conquiste freguesias ao PS e à CDU as 15 freguesias onde não detém o poder. Além das já referidas, entre as 15 freguesias a que o PSD se candidata, Ana Mateus é cabeça de lista em Campo de Ourique, Tiago Gonçalo em São Vicente, Cláudio Masi em Carnide (a única autarquia nas mãos do PCP em Lisboa), o “socialista independente” Pedro Duarte na Misericórdia, os também independentes José Carlos Mascarenhas na Penha de França, Pedro Araújo em Santa Clara e António Pinto Basto em Santa Maria Maior.
No caso do CDS-PP, além das duas juntas de freguesia que preside, os democratas-cristãos candidatam Verónica de Carvalho à Ajuda, Luís Peres à junta do Beato, Paula Portugal a Benfica e o independente João Marrana a Marvila. Todas as quatro têm executivos socialistas.
A Iniciativa Liberal, que se estreia ao lado de Carlos Moedas na coligação “Por ti, Lisboa”, leva três candidatos a presidentes de junta que atualmente são todas do PS: José Cerdeira a Campolide, Pedro Costa Malheiro aos Olivais e Pedro Bugarin a Alcântara.
No discurso de apresentação dos candidatos às Juntas de freguesia, no fim de julho, Carlos Moedas enalteceu o papel dos “independentes” que se juntam à equipa, com destaque para Pedro Duarte “por todo o seu trabalho cívico e carreira profissional” e por ser um “socialista independente” nas listas da coligação que junta PSD, CDS e IL, mas também a António Pinto Basto, que disse ter tido “uma carreira brilhante” — “Podia agora arrumar a sua voz e descansar, mas decidiu dar a sua voz aos lisboetas.”}.