Fundação dos Mares vai instalar-se na Quinta do Cedro durante 12 meses

O rés-do-chão do palacete localizado na Quinta do Cedro, no Dafundo, vai receber, durante 12 meses, as instalações da Fundação dos Mares, uma instituição que se dedica à preservação, desenvolvimento e sustentabilidade dos recursos marinhos. 

A Câmara Municipal de Oeiras (CMO) e a Fundação dos Mares, entidade privada sem fins lucrativos, assinaram, na manhã deste sábado (23 de agosto) um contrato de comodato, no qual, durante um ano, a autarquia cede, a custo zero, as instalações da Quinta do Cedro, no Dafundo, a esta instituição, que se dedica à preservação, desenvolvimento e sustentabilidade dos recursos marítimos.

De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Fundação dos Mares, João Almeida Lopes, “este é um momento muito importante. Oeiras é, de facto, um concelho privilegiado, com esta sua frente de rio e de mar e tem muito a ver com todas as atividades marítimas, com o desenvolvimento do marinho sustentável, com a preservação da biodiversidade marítima, a consistência histórica da produtividade marítima, e tudo aquilo que possamos fazer com os desportos marítimos”.

“Todos nós temos a noção do que é hoje o mar, é de facto extremamente importante, e convém que seja efetivamente aproveitado enquanto recurso natural, de uma maneira equilibrada e sustentável”.

Ao Olhar Oeiras, o responsável reconheceu que, apesar da instalação na Quinta do Cedro ser também provisória, considera este “um espaço bastante mais adequado ao desenvolvimento das atividades da Fundação”.

Quinta do Cedro reabilitada pela autarquia

Esta instituição pretende promover a literacia dos mares, a responsabilidade ambiental e social, a excelência científica, e a cooperação entre entidades, de forma a melhorar a sustentabilidade dos mares, a economia azul e o combate à seca, através de parcerias que visem o aumento do investimento em cinco eixos de atuação. São eles a preservação da biodiversidade marinha, o património histórico e o conhecimento científico, o apoio à economia Azul, o combate à seca e à desertificação, e o desenvolvimento dos desportos náuticos sustentáveis.

Já o vereador Pedro Patacho, responsável pelos pelouros da Educação, Bibliotecas, Agenda para a Ciência, Desporto e Juventude, da CMO, referiu que esta parceria entre a autarquia a Fundação dos Mares surgiu de uma forma natural, uma vez que esta instituição já está presente no concelho através do “Aquário Vasco da Gama, do Instituto de Socorros a Náufragos, da Direção de Faróis, mas também pelo facto de o Governo estar a desenvolver o Oeiras/Lisboa Ocean Campus, integrado no megaprojeto Parques Cidades do Tejo“.

E, por isso e considerando o trabalho desenvolvido, “a fundação entendeu que o local onde podia sediar a sua atividade era Oeiras. Estiveram durante algum tempo no Taguspark e agora vão ficar provisoriamente aqui na Quinta do Cedros, porque neste jardim está a decorrer uma obra de reabilitação da Casa do Mar, que é onde ficará definitivamente sediada a Fundação dos Mares”, referiu Pedro Patacho.

Investimento de 85 mil euros

Após o período de cedência, o espaço voltará a ser gerido pela Câmara de Oeiras que, entretanto, está a reabilitar o rés do chão da Quinta do Cedro, reativando e atualizando as infraestruturas básicas do espaço, conferindo-lhe luz, água e esgotos, tornando-a habitável.

Os trabalhos tiveram início em junho e o investimento rondou os 85 mil euros. Igualmente, e de forma a promover uma melhor acessibilidade a este espaço, foi construída uma nova entrada do jardim, pela Rua Pereira Palha, com um novo portão e escadaria, uma empreitada que teve um custo total de 31 mil e oitocentos euros.

O protocolo de cedência foi assinado entre o presidente do Conselho de Administração da Fundação dos Mares e o presidente da CMO, Isaltino Morais.

Potencializar o mar

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, referiu a importância deste acordo para o desenvolvimento de atividades ligadas ao mar.

“A ideia do nascimento desta Fundação tem a ver com a cedência de espaços para a exploração científica do mar e dos recursos marinhos”, reforçou o autarca, que, ao contrário do que é habitual neste género de inaugurações, foi mais reservado no seu discurso, para não ser acusado de estar a fazer propaganda eleitoral, a menos de dois meses das eleições autárquicas.

“Temos projetos, alguns deles concluídos, por exemplo, a marina da Cruz Quebrada, que só ainda não passou porque o espaço está agarrado à construção, na antiga fábrica da Lusalite, do megaprojeto imobiliário Porto Cruz – um projeto polémico que foi comprado pelo grupo Azinor (proprietária dos hotéis Sana) ao grupo SIL. Também temos outra obra, que é ali entre a Direção de Faróis e o Instituto de Socorro de Náufragos, e já temos o dinheiro para avançar com o projeto, mas estas políticas não se esgotam na exploração turística”, lembrou Isaltino Morais.

Oeiras aposta na Economia Azul

O Município de Oeiras está a trabalhar no Programa Oeiras Mar 2030, que pretende reconhecer o papel essencial da ciência e da inovação na criação de valor económico e social, com “sete linhas de orientação estratégica e no âmbito do qual se têm vindo a desenvolver vários projetos”, revelou Pedro Patacho, sendo que uma destas linhas de desenvolvimento é precisamente a ativação de negócios e a incubação de negócios na área da Economia Azul.

Um dos projetos a que o autarca se refere trata-se do Ocean Analytics Lab, “um laboratório que se vai dedicar aos estudos na área da pesca, na área do shipping, na área do smart shipping, dos portos inteligentes e da gestão das orlas costeiras”.

“Oeiras é cidade âncora da economia azul, juntamente com mais sete municípios portugueses. Recentemente, vimos aprovados um financiamento muito relevante para desenvolver uma série de projetos em parceria com a Associação Empresarial Fórum Oceano e com a Escola Náutica, no sentido de criar uma incubadora de negócios na área da economia azul e que vai ficar sediada na Escola Náutica, mas que terá relações de trabalho, por exemplo, com a Fundação dos Mares”, concluiu o vereador.

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