António Pinto Basto quer devolver aos bairros históricos aos lisboetas

O fadista António Pinto Basto é o candidato da coligação ‘Por Ti, Lisboa’ à freguesia de Santa Maria Maior e apresentou-se esta quarta-feira, 24 de setembro, no Largo do Chafariz de Dentro, em Alfama, prometendo devolver “ordem, limpeza e qualidade de vida” ao “coração de Portugal”, como lhe chamou. Ao seu lado, Carlos Moedas, presidente da CML e recandidato ao cargo, reforçou o apoio, destacando o trabalho feito pelo atual executivo e pedindo “mais habitação acessível, mais segurança e mais proximidade” para Lisboa.

Foi às portas de Alfama, no Largo do Chafariz de Dentro, que o candidato da coligação ‘Por Ti, Lisboa’, António Pinto Basto, fez a sua apresentação pública como candidato à Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, “o coração de Portugal”, como fez questão de mencionar. Virado para o Museu do Fado, um dos ex-libris de Alfama e da cidade, António Pinto Basto, que também se celebrizou na arte de cantar o fado, apresentou a sua “missão” para a freguesia, isto é, “servir e garantir a legalidade”, mas também “restaurar a ordem, a fiscalização, a manutenção e a qualidade de vida” em Santa Maria Maior. “Queremos um espaço público cuidado, limpo, seguro, com mobilidade funcional e inovação ambiental para todos os que aqui vivem e trabalham. O que propomos é um trabalho sério e sem boicotes. A Junta e a Câmara Municipal devem funcionar como um só sistema, eficaz, com brio, com responsabilidade e determinação”.

No seu entender, e dado Santa Maria Maior albergar muitos dos bairros históricos da cidade, como a Mouraria, o Martim Moniz, entre outros, existem muitos problemas “graves” como a “sobrelotação, o comércio irregular, as ruas degradadas, a habitação precária, e as pessoas em situação de vulnerabilidade”. No entanto, fez questão de sublinhar, não é contra as comunidades imigrantes residentes nestes bairros, mas pede que estes “respeitem a lei, que aprendam a língua portuguesa, que se integrem e valorizem os nossos valores, os nossos hábitos, os e nossos gostos”. Num discurso virado para as tradições, António Pinto Basto prometeu “ruas limpas, escadinhas e vielas cuidadas, bancos à sombra para descansar, fontes restauradas com água fresca, espaços verdes bem tratados, e trânsito fluido nas artérias principais”, para que o espaço público possa ser “seguro, acessível e acolhedor para todos os moradores e visitantes”.

Fim do Licenciamento Zero

Para cuidar das ruas de Santa Maria Maior, o candidato à presidência desta Junta de Freguesia quer apostar numa “Escola de Calceteiros, onde vamos formar profissionais e valorizar os talentos locais. Queremos que cada pedra, cada calçada possa, a cada passo, contar uma história de qualidade e dedicação”. Mas a tradição dos bairros históricos também se faz com o apoio dos locais e por isso, existe ainda a intenção de criar e captar projeto de habitação acessível, “para que os jovens possam ter um lar digno junto da cidade e da vida que merecem”. Outra das propostas de António Pinto Basto passa ainda pelo fim do Licenciamento Zero, ou seja, um processo que tem como objetivo desburocratizar processos relacionados com o licenciamento de algumas atividades económicas como por exemplo a restauração ou os locais de diversão noturna, para que se possa controlar estas atividades e manter a “ordem e o respeito pelas regras”.

No apoio social, é ainda sua intenção apostar no acompanhamento social, em “consultas de saúde mental” e retirar pessoas “das ruas, para que possam ter dignidade e cuidados”. Na segurança, pretende-se ainda reforçar o “policiamento de proximidade, e a instalação de sistemas de videoproteção, bem como iluminação mais adequada, e uma Proteção Civil mais preparada, para que todos se sintam protegidos e confiantes ao andar pelas nossas ruas”. E como homem das artes que é, António Pinto Basto não esqueceu a Cultura no seu discurso, prometendo “manter os equipamentos culturais abertos e funcionais, apoiar as associações locais e as comissões de festas e premiar os moradores que se destaquem na arte, ciência e iniciativa comunitária. Cada canto da freguesia será um palco de criatividade e de orgulho”. Igualmente, referiu ainda, “queremos uma piscina semiolímpica pública, oficinas culturais e artísticas, música, dança, teatro, desporto em equipa e torneios que unam bairros e freguesias, estimulando a participação, a formação e o espírito comunitário”.

Moedas aproveitou discurso para criticar programa da oposição

Ainda no mesmo discurso, o candidato a presidente da Junta de Santa Maria Maior reforçou que quer tornar esta freguesia “viva, limpa, segura, justa e integrada, que respeita a lei, valoriza a cultura e promova oportunidade para todos. Uma freguesia que honra a tradição de Lisboa e abraça o futuro com inovação, educação e desporto”. Nesta apresentação, esteve também presente o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, que foi prestar o seu apoio a António Pinto Basto, que, no seu entender, representa os valores que se querem para Lisboa. “O António não precisava de estar aqui. Ele aceitou o convite pela cidade”, ressalvou o autarca, recandidato ao segundo mandato à frente da autarquia.

“O que nos move é ajudar os outros e foi isso que fizemos [neste mandato]”, começou por lembrar Moedas, num discurso marcado por vários ataques aos executivos anteriores, liderados pelo Partido Socialista, mas sobretudo à sua maior concorrente na corrida à presidência da CML, Alexandra Leitão, candidata da coligação ‘Viver Lisboa’ (PS, Bloco, PAN e Livre). “Não é em quatro anos que nós conseguimos corrigir 14 anos. Não é em quatro anos que nós conseguimos encontrar todas as soluções de habitação que durante 14 anos não foram feitas. Durante 14 anos, construíram-se 17 casas por ano em Lisboa. Nós, [em quatro anos], entregámos 2.881 casas e ajudámos 1.300 pessoas a pagar a renda. Não chega. Temos que fazer mais, mas fizemos muito mais do que anteriormente”. Por isso, e para manter “a alma da cidade”, trazendo “os filhos do bairro” de volta, é preciso apostar ainda mais na habitação acessível em Lisboa.

Continuar a fazer mais em Lisboa

“É interessante ver o programa da candidata do Partido Socialista, ou melhor, das Esquerdas, quando fala em 4.500 casas, mas o seu antecessor [Fernando Medina] falava em seis mil e nunca fez, e o antecessor deste [António Costa] falava em nove mil e nunca o fez, e nós já fizemos 2.881. Temos ainda 700 casas nos bairros históricos, e estamos a construir e a reabilitar, neste momento, e até 2026, 100 habitações”, disse Moedas, dando todo o mérito à vereadora com o pelouro da Habitação da CML, Filipa Roseta, que também esteve presente nesta apresentação. “Quando fizemos o plano de saúde, que hoje é usado por 15 mil lisboetas, ou as clínicas de proximidade, sabem quem é que votou contra? O Bloco de Esquerda, que está associado à candidata Alexandra Leitão. [Desta forma], não tínhamos uma clínica no bairro do Armador e também não tínhamos uma clínica na Alta de Lisboa. O nosso programa é para continuar e para fazer mais”, continuou o autarca.

“Lisboa é uma cidade segura, mas nós temos que lutar que seja uma cidade segura e esta cidade é segura se nós lutarmos por isso e se respeitarmos a polícia e respeitarmos a lei e respeitarmos a ordem”, continuou Moedas, reforçando que, “aquilo que muitos diziam que era percepção, aqui em Santa Maria Maior não é percepção, é realidade”, justificando assim o aumento de crimes nesta freguesia. Por isso, defende, é preciso “mais polícia e mais Polícia Municipal, próxima das pessoas”. No mesmo discurso, o presidente e recandidato à Câmara de Lisboa falou ainda da Higiene Urbana, recusando a descentralização deste departamento para as juntas. “Vamos fazer seis dias por semana, vamos ajudar as juntas de uma maneira diferente”, reforçou, apelando sempre ao voto na sua coligação no dia 12 de outubro.

Proteger quem vive nos bairros históricos

“Nós tivemos sempre na rua, sempre a falar com as pessoas, e nós temos que todos ir votar. Temos todos que ir buscar um amigo para ir votar, se não quisermos voltar para trás 14 anos”, referiu, lembrando que, no seu mandato, foi possível a abertura de “quatro museus” (Julião Sarmento, Museu da Arte Moderna, o MUDE e os painéis de Almada Negreiros), e ainda “de seis teatros” de bairro. Nesta apresentação, discursou ainda Miguel Dias, do CDS, que começou por afirmar que “Santa Maria Maior é uma freguesia central de Lisboa, com história, cultura e vida própria, mas que nos últimos anos tem sido maltratada por um executivo que a manchou de escândalos e é por isso que esta página tem de ser virada”.

“Esta candidatura tem renovação, transparência e futuro”, salientou, referindo que a “freguesia não pode ser utilizada como porta aberta para a emissão indiscriminada de atestados de residência” e por isso, é necessário “aplicar critérios rigorosos, para evitar favorecimentos, abusos e riscos para a segurança de quem vive em Santa Maria Maior, medidas que não são apenas necessárias para proteger quem aqui vive, mas também para proteger os imigrantes que vêm à procura de melhores condições de vida. Muitos deles vêm para o nosso país através de redes criminosas”. Na habitação jovem, lembrou, “não podemos aceitar que os jovens sejam afastados do centro histórico”, e por isso, existe a perspetiva de “financiar a Habitação Jovem, mobilizando recursos da freguesia, em parceria com o município e também com instrumentos europeus”, para que os “jovens possam aqui viver, trabalhar e construir uma família”.

CML apostou muito em Santa Maria Maior nos últimos quatro anos, reforça Vasco Moreira Rato

Já Vasco Moreira Rato, candidato a vereador da CML, lembrou que esta “é uma candidatura feita de proximidade, de atenção às pessoas e de ambição para o futuro”. Nas suas palavras, “Santa Maria Maior é uma freguesia única, localizada no centro da cidade”, sendo, por isso, “património e memória, mas também lugar de vida, de acolhimento e de comércio. E queremos que seja, cada vez mais, lugar de família. Nestes quatro anos, a Câmara Municipal esteve muito presente aqui em Santa Maria Maior, com investimentos significativos e com algumas obras estruturantes. Não queria deixar de salientar os cinco milhões de euros investidos na realização de 65 casas”.

“Houve também intervenções que todos conhecemos, como as Escadinhas das Escolas Gerais, a reparação do pavimento na Rua dos Fanqueiros e na Rua do Arsenal, a grande reabilitação na Rua dos Bacalhoeiros e a obra nas coberturas da Escola do Castelo. São obras que mostram que sabemos cuidar do essencial. São mais de 21 milhões de euros investidos aqui em Santa Maria Maior”, lembrou, lembrando que estas são algumas de muitas obras realizadas pelo atual executivo nos últimos quatro anos. Já para Rui Ferreira, apoiado pela Iniciativa Liberal, referiu que “Santa Maria Maior é um dos lugares mais bonitos de Lisboa, mas também dos que mais sofrem com a má gestão do Partido Socialista”.

Má gestão do Partido Socialista, reforçam candidatos

Esta má gestão, considera, contribuiu para “lixo acumulado, ruas mal cuidadas, insegurança, comércio a fechar e moradores a serem empurrados para fora dos seus bairros. Alfama, Mouraria e Castelo não podem ser apenas cenário para turistas. Têm de ser lugares com vida e vida com dignidade. Na freguesia que é berço do fado, que de tantos nos orgulhamos, não acreditamos na fatalidade de um destino de descrença e de abandono e por isso apresentamos uma candidatura com ambição, livre de amarras, feita de gente que vive os seus problemas e que os pretende resolver”. Para o candidato, é necessário criar uma “freguesia governada com transparência, próxima às pessoas”, com “manutenção e dignificação do espaço público, apoio ao comércio local com menos burocracia, menos taxas e taxinhas e aumentar os seus incentivos”.

A candidatura ‘Por Ti, Santa Maria Maior’ quer ainda “dar voz aos moradores através de canais de contato com a junta, promovendo assim uma participação cívica e plural”, bem como “tornar os bairros históricos mais seguros através de policiamentos de proximidade”, através do “programa de guarda noturno”, e ainda “de videovigilância e proteção em lugares de maior risco”, ao mesmo tempo que se fiscaliza e controla a emissão de certificados de residência e a lotação das residências. “Queremos incentivar a reabilitação do património municipal e trazer programas de habitação jovem para todos os bairros de Santa Maria Maior. Não podemos aceitar que o coração de Lisboa continue a ser tratado como um cartão postal só para turistas, enquanto quem vive aqui e trabalha é esquecido”, rematou.

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