Descarrilamento de elevador da Glória provocou 15 mortos

O acidente que provocou o descarrilamento do Ascensor da Glória, que liga os Restauradores ao Bairro alto, em Lisboa, no final da tarde desta quarta-feira, 3 de setembro, foi causado por “um cabo que se soltou ou partiu-se” na estrutura da composição do elevador, confirmou uma fonte do Regimento dos Bombeiros Sapadores de Lisboa, adiantando que, às 20H45, existiam 15 mortos e mais de 18 feridos, a maioria turistas. O Governo já decretou um dia de luto nacional.

Foram registados 15 mortos e 31 feridos, 18 dos quais graves e 13 ligeiros, resultantes do acidente que se registou no Elevador da Glória, em Lisboa, na tarde desta quarta-feira. Os números foram indicados pelo responsável do INEM no local, em declarações aos jornalistas, confirmando que todos os feridos já foram retirados de dentro do funicular, visivelmente danificado.

Os feridos foram transportados para diversos hospitais da cidade de Lisboa, dos quais se destacam o hospital Santa Maria, o hospital de São José e o hospital São Francisco Xavier. Em relação às vítimas mortais, confirmou que tinham diferentes nacionalidades, entre elas a portuguesa, sendo ainda impossível de apurar quais as estrangeiras.

A Brigada de Homicídios da Polícia Judiciária foi acionada para investigar as causas do acidente e o Ministério Público vai abrir um inquérito ao incidente no DIAP de Lisboa.

Segundo fontes contactadas pelo nosso jornal, “o mais provável é que se tenha quebrado o cabo de tração e ao quebrar-se esse cabo os freios não funcionaram”. Ao que se sabe, o veículo perdeu o controlo, bateu contra a parede de um edifício e provocou, pelo menos, três mortes já confirmadas.

Trabalhadores falam em falta de manutenção

O elevador da Glória, cuja manutenção foi adjudicada a uma empresa privada, tinha sido submetido a uma reparação geral em 2022 e uma intermédia em 2024, tudo dentro dos protocolos definidos de manutenção periódica. Em maio de 2018, uma falha de manutenção fez com que o veículo saísse dos carris. Na altura, o acidente não fez vítimas.

Entretanto, os trabalhadores da empresa municipal Carris, em Lisboa, recordam que apresentaram “queixas sucessivas” quanto à necessidade de manutenção dos elevadores, inclusive o da Glória, afirmou Manuel Leal, dirigente sindical da Fectrans e do STRUP.

“Fundamentalmente, aquilo que nos parece sobre este acidente é que deve haver um inquérito rigoroso às suas causas […], deve haver este inquérito às causas profundas deste acidente, até porque os trabalhadores já vêm reportando de há muito tempo questões da necessidade da manutenção destes elevadores voltar à responsabilidade dos trabalhadores da Carris e não ser entregue a empresas exteriores, como é o caso concreto do elevador da Glória”, afirmou Manuel Leal.

Representante de todos os trabalhadores da Carris, o dirigente sindical da Fectrans – Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Transportes e Comunicações e do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) lamentou profundamente as vítimas do descarrilamento do elevador da Glória, sem dispor de informação sobre a situação em que estará o guarda-freio.

“Os próprios trabalhadores iam reportando, de facto, estas diferenças em termos daquilo que a manutenção que há uns anos era feita pelos trabalhadores da Carris e as diferenças para a manutenção que é feita hoje, nomeadamente com queixas sucessivas dos trabalhadores que lá laboram quanto ao nível de tensão dos cabos de sustentação destes elevadores”, adiantou.

Na perspetiva de Manuel Leal, o descarrilamento do elevador da Glória, “lamentavelmente, […] veio dar razão a estas queixas dos próprios trabalhadores e deve levar o Conselho de Administração, perante um inquérito rigoroso a estas causas, a reequacionar a entrega a privados desta manutenção”, fazendo com que a manutenção volte à responsabilidade da qualidade com que os trabalhadores das oficinas da Carris têm sempre colocado na manutenção do material circulante.

Governo decreta luto

Entretanto, o Governo decretou um dia de luto nacional, que será cumprido na quinta-feira, na sequência do acidente do elevador da Glória, em Lisboa, revelou o gabinete do Primeiro-ministro.

Por seu turno, Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, afirma que “Lisboa está de luto”. Em declarações aos jornalistas na Praça dos Restauradores, junto ao local do acidente, Moedas salientou que este “é um momento trágico para a cidade e muito duro”, deixando os sentimentos aos familiares das vítimas”.

O autarca elogiou o socorro rápido prestado pelos Sapadores e pelos serviços de emergência.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Primeiro-ministro, Luís Montenegro, assim como os líderes dos partidos com assento na Assembleia da República já se pronunciaram sobre este acidente revelando que as autoridades competentes realizarão no devido tempo as averiguações necessárias ao apuramento das causas deste lamentável acidente.

 

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