João Marrana apresenta candidatura “para as pessoas de Marvila”

O candidato da coligação ‘Por Ti, Lisboa’ à Junta de Freguesia de Marvila, João Marrana, apresentou, nesta sexta-feira, 19 de setembro, a sua candidatura, que se alicerça “nas pessoas” e nas associações locais. O candidato disse ainda, perante a plateia que o assistia, no restaurante Casa de Pedra, no Parque da Bela Vista, que quer fazer de Marvila “uma freguesia 100% acessível até 2030”.

Apostar em Assembleias de Bairro, onde os moradores dos bairros municipais de Marvila possam dar voz aos seus anseios, criar um Centro Cultural, e ainda tornar Marvila numa freguesia totalmente acessível, são algumas das propostas apresentadas por João Marrana, candidato da coligação ‘Por Ti, Lisboa’ à Junta de Freguesia de Marvila. “Marvila é uma terra onde o desemprego é grande, mas que a vontade das pessoas de trabalharem, de se libertarem, de conquistarem o seu futuro é absolutamente enorme”, começou por referir o candidato, funcionário da Câmara Municipal de Lisboa (CML) desde 1988. “Marvila é a freguesia de Lisboa que tem a maior taxa de analfabetismo, uma das mais altas de todo o país, e a que tem maior taxa de desemprego da cidade. É a freguesia de Lisboa que tem os profissionais menos qualificados”, acrescentou.

Por isso, revelou João Marrana, o seu projeto, caso vença as eleições no dia 12 de outubro, passa por apostar em “programas para qualificar as pessoas, porque quanto mais qualificados forem os cidadãos, mais qualificada fica esta freguesia”, em parceria com as associações e coletividades locais. Algumas das suas propostas, neste sentido, passam por apostar no Marvila Qualifica e em salas de estudos para todos. O candidato a presidente da Junta de Marvila falou ainda nos vários bairros municipais existentes na freguesia, revelando que lhes quer “dar voz”, e por isso, pensa em criar, de três em três meses Assembleias de Bairro, onde, em conjunto com a CML, Gebalis e Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), são debatidas ideias e projetos para cada um dos bairros. “Todos os prédios terão o seu representante e as decisões para o bairro não podem ser tomadas sem nos consultar e sem ouvir as pessoas”.

Apostar nas cooperativas de habitação para “filhos da freguesia”

Ainda na intervenção social, João Marrana quer ir além de “dar comida aos pobrezinhos”, conforme criticou. “Se nós não damos hipótese nos filhos do bairro para nascerem no bairro, nós não vamos ter filhos para cuidarmos dos pais. Nós não vamos ter avós para ajudar a educar dos netos. Obviamente que não podemos inverter os regulamentos e as regras que têm de existir e que acontecem, mas podemos fazer uma coisa muito simples, que é, com o apoio da Câmara, apostar em programas de habitação cooperativa e incentivar à criação de cooperativas de habitação”. O candidato quer ainda apostar no programa ‘Sentir Marvila’, que irá dar “caminho e direção às associações existentes” na freguesia, bem como no ‘Marvila Valoriza’, com programas inovadores para adultos que desejem ir para a universidade ou concluir os estudos.

Outra das apostas é ainda a criação de um Centro Cultural na Casa dos Direitos Sociais, com programação contínua e diversificada, bem como reivindicar o Palácio da Mitra, para aí se instalar o Museu da História e da Memória de Marvila, de forma a valorizar a identidade, alma e memória da freguesia. Na acessibilidade, João Marrana abordou ainda a necessidade de se eliminarem barreiras arquitetónicas na freguesia, e assumiu o compromisso de, até 2030, tornar Marvila “na primeira freguesia 100% acessível”, com apoio da CML, e torná-la numa freguesia modelo “para qualquer cidade ou município”. Ao Olhares de Lisboa, no final da apresentação, referiu que este será um plano baseado no planos de mobilidades que estão a ser feitos na CML e pela Associação Salvador.

Parceria com as associações locais

“A ideia é, gradualmente, irmos fazendo as intervenções. Há uma grande vantagem em Marvila, que é o facto de os bairros serem todos planos, o que nos permite avançar com alguma serenidade e rapidez em alguns processos”. Na sua lista de candidatura, ressalvou, existem duas pessoas com mobilidade condicionada, e que, graças aos contatos que têm em várias associações, irão ser fundamentais neste designío. “As nossas ideias para Marvila passam muito por ouvir as pessoas, sentir e pressentir quais são as suas necessidades reais. O papel de uma junta de freguesia é servir as pessoas”. João Marrana acusou ainda o atual executivo, liderado pelo socialista José António Videira, e recandidato a mais um mandato, de não ter tido “estratégia nem planeamento” para a freguesia.

“O que nós vemos em Marvila é uma falta total de coordenação, de objetivos e uma ausência de projetos estruturantes. Estamos numa freguesia que tem 200 funcionários e não tem estudos intermédios. Isso não augura nada de bom para um trabalho planeado a longo prazo”, ressalvou, lembrando que, caso seja eleito, pretende “mudar muitas coisas em Marvila, sem gastar muito dinheiro”. “Queremos ter uma freguesia que seja capacitada, conhecedora da realidade, que seja cúmplice do movimento associativo local, das empresas locais e das associações, que seja alinhada com o município e tenha relações fortes de cooperação com o município de Lisboa. Marvila já esperou tempo demais”, prosseguiu o candidato.

Dar mais oportunidades

“Sei que Marvila se vai erguer. Não estamos aqui para distribuir subsídios, nem para pagar favores. Apresento uma candidatura para quatro anos, com esta equipa fantástica que está atrás de mim, para construir um futuro onde cada criança tem direito a sonhar, onde cada jovem tem direito às oportunidades, onde cada trabalhador tem direito à sua dignidade, e cada idoso tem direito a ser integralmente respeitado. Teremos uma Marvila viva, justa, orgulhosa e respeitada, uma Marvila que não se esconda perante a cidade, e que não permita ser desqualificada, mas sim uma parte ativa da cidade. Quando Marvila falar, Lisboa inteira vai ter que nos ouvir”, garantiu o candidato.

Esta apresentação decorreu no restaurante Casa de Pedra, gerida pela Associação Tony Fox, que se dedica à melhoria e bem-estar da população, bem como à promoção da cultura, desporto, saúde e solidariedade social para crianças, jovens e idosos. Para além de João Marrana, discursaram ainda três dos candidatos a vereadores pela coligação ‘Por Ti, Lisboa’ à CML. Para Vasco Anjos, da Iniciativa Liberal, o trabalho de Carlos Moedas na autarquia apostou “em diversos programas e na qualificação da nossa cidade”, sendo prova disso o investimento de “160 milhões de euros investidos em Marvila. Todo este esforço financeiro traduz-se em requalificação urbana e em apoio à renda acessível, e que resulta da tentativa de tornar Marvila um polo da cidade”. Vasco Anjos lembrou as palavras de Carlos Moedas na apresentação do seu programa eleitoral para a cidade, quando falou de “alma”.

João Marrana tem uma grande “dimensão humana”, ressalvam os candidatos a vereadores da CML pela coligação ‘Por Ti, Lisboa’

“Essa alma, que é uma dimensão das cidades, é uma alma que se sente de forma muito especial em Marvila. O Condado, o Armador, a Flamenga, os Alfinetes, contrastam, claramente, com outros polos de Marvila. O João é a pessoa indicada para nos levar a caminhar nesta freguesia, tão diversa, tão polarizada e com tantas necessidades diferentes do ponto de vista social”. Vasco Anjos ressalvou a vasta experiência de João Marrana nas questões da inclusão social, pelo que será, na sua opinião, o candidato certo para liderar os destinos de Marvila. “As cidades têm que ser vivas, têm que ser humanas, e essa dimensão humanista transparece no currículo do João”, concluiu.

Já Vasco Moreira Rato, candidato do PSD a vereador da autarquia, começou por recordar que acompanhou “de perto” o trabalho realizado pela vereadora Filipa Roseta e pelo presidente Carlos Moedas. “Portanto, conheço bem os desafios que existem nesta freguesia e neste território, que é bastante diversificado e que nos traz, portanto, desafios muito significativos”. Sobre o candidato à Junta de Marvila, que já conhece há muitos anos, enquanto colega na CML, refere-se a ele como “um homem de compromissos. Queremos que o próximo executivo seja liderado por Carlos Moedas, e ele precisa do João e da sua equipa”.

Por fim, Maria Aldim, candidata à vereação da autarquia pelo CDS, salientou que João Marrana “é um candidato independente” e que foi “o nome indicado pelo CDS para ser a cara desta equipa”. “O que nos interessa a nós é saber servir Lisboa da melhor maneira. O João é aquela pessoa que representa a entrega à cidade e às pessoas”. Sobre Marvila, a candidata referiu que esta freguesia “podia ser mais do que é”, e por isso, destacou as capacidades da equipa de João Marrana “para estar ao lado dos fregueses e das pessoas que querem fazer de Marvila um sítio melhor para viver”. Na sua perspetiva, Marvila tem vários problemas, que passam pela “segurança, higiene, ou a melhoria da qualidade de vida”, mas, “mais do que reconhecer os problemas, apresentamos soluções. Estou segura que esta equipa é a melhor para Marvila e que tem tudo para ganhar”, afiançou.

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