Oeiras celebrou a “grande festa da ciência” na marina

“A Noite Europeia dos Investigadores” celebrou a ciência em mais de 460 cidades de 25 países europeus e Oeiras esteva na linha da frente da iniciativa. A Marina de Oeiras foi ponto de encontro entre os cientistas e a comunidade. Foi sublinhada a ideia de que é fundamental cimentar o rigor científico na sociedade, captando os mais novos paras as carreiras científicas.  

No dia 26 de setembro, mais de 1,5 milhões de pessoas tiveram a oportunidade de explorar o mundo da investigação científica através de jogos, experiências, palestras e atividades interativas, em museus, universidades e centros de investigação.

Trata-se de um evento anual que aproxima os investigadores da sociedade, promovendo a excelência científica e despertando o interesse dos jovens pelas carreiras na ciência.

Em Oeiras, através do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB), a Universidade Nova de Lisboa associou-se à Câmara de Oeiras para celebrar a “grande festa da ciência” levada a cabo por toda a Europa.

Durante a iniciativa, foram centenas e centenas os participantes de Oeiras que vieram constatar in loco as potencialidades da Ciência no desenvolvimento de soluções que, de facto, fazem o mundo avançar.

O ITQB NOVA trouxe a ciência à Marina de Oeiras, num evento que contou com a participação de mais de 35 instituições que prepararam atividades para todas as idades.

Mais importante, este encontro entre os cientistas e a comunidade possibilitou que os visitantes tivessem a oportunidade para conversar com cientistas, participar em desafios científicos, assistir a espetáculos de magia e música, e descobrir o melhor da investigação feita em Portugal.

A abertura oficial do evento foi feita por Pedro Patacho, vereador da Câmara Municipal de Oeiras, João Crespo, diretor do ITQB NOVA, e Jozsef Mikita, chefe de equipa – administrador na Agência de Execução Europeia da Investigação (REA) da Comissão Europeia.

Ciência “faz parte da cultura de Oeiras”

Pedro Patacho destacou que o Município de Oeiras está na linha da frente da incorporação da ideia de que o conhecimento e a ciência “são parte da cultura de Oeiras” e “é aquilo que nos distingue a nível nacional”.

“Oeiras já é o segundo Município da área metropolitana de Lisboa com a maior densidade de unidades e centros de investigação científica, quer públicos, quer privados. Descobri esta semana um dado excecional sobre o concelho: 50% da população residente em Oeiras são quadros técnicos ou científicos, que é algo inédito e absolutamente extraordinário”, sublinhou o autarca.

Em fim de mandato e com as eleições à porta, Pedro Patacho aproveita para agradecer a todas as instituições científicas de Oeiras “o trabalho magnifico realizado” em prol da valorização do território.

“Enquanto vereador, é um orgulho enorme poder servir esta comunidade lado a lado com as instituições científicas fantásticas, as pessoas extraordinárias e os investigadores incríveis que nos têm ajudado a pôr em pé estes projetos maravilhosos de divulgação e comunicação da ciência em todas as matérias. Muito, muito, muito obrigado!”, sublinhou.

Simbiose entre Município e comunidade científica 

João Crespo, diretor do ITQB NOVA, reconheceu que o apoio do Município “foi fundamental” para levar a cabo esta “grande mostra da ciência” produzida na instituição (e noutras participantes).

O administrador e investigador salientou que a “A Noite Europeia dos Investigadores” não contou somente com a participação ativa dos investigadores profissionais, uma vez que também participam escolas que “já contam com cientistas nas suas fileiras”.

“É muito curioso porque esta festa conta com participantes de todas as idades. Esta iniciativa é uma verdadeira festa em que umas das primeiras preocupações é saber que o trabalho daqueles que fazem ciência é facilmente transmitido para os mais novos. O contacto entre a academia e as escolas de Oeiras tem sido fantástico. Graças à Câmara de Oeiras, temos levados os cientistas às escolas, mas também recebemos os alunos no ITQB na participação nos cursos de ciência. Há uma ligação muito forte entre o nosso centro de investigação e a comunidade escolar”.

Difusão do rigor num mundo inundado por notícias falsas

Por outro lado, João Crespo lembra que esta iniciativa “vai um pouco mais além” porque o papel dos cientistas está intimamente ligado com o rigor. “O cientista é alguém que tem curiosidade, faz perguntas para as quais procura respostas, mas tem de ter rigor em tudo aquilo que faz”.

No mundo de hoje, em que que as fakenews e o negacionismo científico tomaram conta da opinião “pública”, sublinha o responsável, e num período em que há tanta informação, mas pouco conhecimento e, por outro lado, “há também tanta desinformação”, torna-se imperativa a construção e a partilha daquilo que “é o rigor do método científico”, porque “esse rigor é uma atitude que se tem na vida” para se tomarem as “decisões esclarecidas na vida”, nomeadamente na saúde, meio ambiente, naquilo que é adotado em termos de tecnologias, políticas públicas, entre outras áreas.

Para João Crespo, “muitas festas e iniciativas como esta ajudar a construir uma cultura verdadeiramente científica”, sendo que a “relação entre os munícipes e os investigadores é fundamental para garantir uma sociedade mais esclarecida e que toma decisões informadas” ao arrepio do terraplanismo difundido nas redes sociais.

Captar os mais novos para a ciência

No entender de Jozsef Mikita, a atitude de “rigor é fundamental para tomarmos decisões informadas”. E esta ação europeia tem vindo a “construir um caminho ascendente na difusão da ciência e na aproximação dos investigadores à população”, uma vez que, no primeiro ano, contou com 20 mil participantes, mas, em 2025, já ultrapassou largamente a barreira de um milhão de participantes.

O representante da Comissão Europeia acredita que a iniciativa, para além de aproximar de “dessacralizar” a imagem da profissão de investigador e de aproximar os cientistas à comunidade, tem como objetivo incentivar os mais jovens a seguirem as carreiras científicas.

Aprendiz de cientista quer desvelar os mistérios do universo

O pequeno Martim vem acompanhado pelos pais para assistir e participar na “festa da ciência” na Marina de Oeiras. Do alto dos seus 10 anos, já meteu na cabeça a ideia de “ser cientista”. Os progenitores dizem que “ainda é muito cedo” para tomar decisões, mas o pequeno aspirante a investigador dita a sua sentença final: “Vou ser cientista e mais nada!”.

O pai esboça um sorriso resignado e assume que o filho “desmonta aparelhos”, está sempre a ler e a fazer pergunta atrás de pergunta. Tem uma curiosidade obsessiva, “anormal para sua idade”, por todo o que rodeia e já terá assumido que “quer ir trabalhar para a NASA”.

Para já, Martim continua a estudar numa escola pública da Grande Lisboa, mas os professores vaticinam um futuro “brilhante” para o aprendiz de cientista, até porque “já tem uma determinação inquebrantável e anda sempre à procura de respostas para os problemas que o apoquentam”, como a existência de vida extraterrestre, mas tem um leque bastante alargado de preocupações, nomeadamente resolver os problemas dos sem-abrigo, porque “não é justo que as pessoas vivam na rua”.

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