A coligação ‘Por Ti, Lisboa’ apresenta Pedro Duarte como candidato a presidente da Junta da Misericórdia. O candidato, filho do socialista e antigo presidente da extinta freguesia de São Paulo e da comissão instaladora da Freguesia da Misericórdia, Fernando Duarte, rompe com as ligações ao atual executivo e avisa que esta candidatura “não é contra ninguém”, mas sim “para fazer o que ainda não foi feito”.
Pedro Duarte é o candidato a presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia pela coligação ‘Por Ti, Lisboa’, que junta o PSD, o CDS-PP e a Iniciativa Liberal. O candidato, filho do histórico socialista Fernando Duarte, antigo presidente da Junta de Freguesia de São Paulo, apresenta-se como independente e termina assim com a ligação ao atual executivo da Junta da Misericórdia, a quem acusa de “o nunca terem ouvido”. No entanto, ressalva que esta candidatura “não é contra ninguém, mas sim para fazer o que nunca foi feito”.
“Esta é a lista que propõe a mudança, e que vai trazer de volta a sensibilidade, a dignidade e o trabalho à freguesia da Misericórdia. Queremos ser uma freguesia ainda mais inclusiva e para nós é extremamente importante esta aproximação, que nos permitirá almejar novos projetos, novos processos e trazer para a nossa freguesia mais e melhor qualidade de vida”, começou por referir o candidato na sua apresentação, que decorreu na Praça das Flores, onde estiveram presentes muitos convidados e amigos de Pedro Duarte, mas também muitos curiosos.
Candidatura junta pessoas que não se reviam no projeto do atual executivo
Esta é uma lista que tem “gente de todos os setores, de todos os traços sociais e políticos, mas acima de tudo é uma lista que quer fazer e trazer mais qualidade de vida”. Pedro Duarte revelou ainda que esta candidatura começou a ser pensada em 2023, com algumas pessoas que também não se reviam no projeto do executivo da Junta da Misericórdia. O candidato aproveitou para agradecer a Carlos Moedas, recandidato ao segundo mandato à frente da Câmara Municipal de Lisboa por todo o apoio que lhe deu, admitindo que “não foi fácil chegar aqui e que tentaram demover-nos de chegar até aqui”.
“No início de julho, fui chamado por um grande amigo, que levarei para a vida, socialista, um homem que respeito, e por outro, que não respeito assim tanto, e que me questionou o que era preciso para eu abandonar esta candidatura. Meus amigos, não é preciso nada porque nós não vamos abdicar da nossa crença, nem de lutar pelos nossos fregueses, e nós não somos vendáveis”, recordou o candidato, sublinhando a idoneidade e o carácter de toda a sua lista. “Não é com radicalismos que vamos mudar a cidade, é sim com trabalho e com determinação. Não queremos nada mais para a nossa freguesia do que uma freguesia padrão. Queremos elevar a nossa freguesia a uma freguesia de excelência”, prosseguiu Pedro Duarte, reforçando a importância da aposta na cultura, em especial das Marchas Populares.
Apostar na Cultura, Ação Social e Habitação
“Queremos contar com o apoio da CML para fechar o Polidesportivo de Santa Catarina, onde as nossas coletividades e as nossas marchas possam ensaiar, mesmo no inverno, em dias de chuva, e não saírem prejudicados”. O candidato, “nascido e criado no bairro da Bica”, como fez questão de referir, disse que nunca irá fazer “o que fizeram à Bica durante tantos anos: olhar com desdém, indiferença, onde empurraram a marcha para a frente porque não se conseguiram ver livres de nós. Quer o Bairro Alto, quer a Bica, podem contar com igualdade e acima de tudo com o respeito de toda esta equipa”.
Para além da Cultura, o projeto de Pedro Duarte passa ainda por um reforço na Ação Social, e sobretudo pela Habitação, “um dos grandes pilares” desta candidatura. Apesar de tudo, o candidato reconhece que tem “orgulho” no trabalho que fez enquanto fez parte do atual executivo da Junta da Misericórdia, liderado por Carla Madeira. “Fomos nós que identificámos o prédio na Travessa do Cabral, que estava devoluto há mais de 40 anos e o levámos à Câmara Municipal de Lisboa e que em breve estará pronto, com renda acessível, para receber mais famílias e aqueles que se possam integrar na cidade de Lisboa”. “Numas coisas podia ter sido melhor, mas noutras fui exímio, como é o trabalho na Proteção Civil”, disse Pedro Duarte.
Projetos para a Saúde
Aqui, o candidato lembrou que “a Unidade Local de Proteção Civil da Misericórdia foi levada a patamares de excelência”, e que o serviço Porta-a-Porta começou, quando chegou ao executivo, com “20 serviços por semana”, sendo que, atualmente, há mais de 500 serviços semanais, entre as 8 da manhã às 18 horas. Na Mobilidade, há ainda um projeto para a criação de uma carreira que serve as escolas da freguesia, e na Saúde, e apesar do Centro de Saúde da Ribeira Nova estar “pronto dentro de mais ou menos um ano”, existe a ideia de “um projeto mais audaz e mais ambicioso”, que já está construído e diz respeito a um “posto de atendimento médico permanente, para que as pessoas ao fim de semana não tenham de sair da freguesia para receber tratamentos”, sem esquecer a saúde mental.
Na Segurança, Pedro Duarte acusa o executivo socialista de ter apenas celebrado “quatro contratos de delegação de competências. A Misericórdia quis parar no tempo, seguir apenas e só linhas partidárias”. Pedro Duarte fala, por isso, numa “estagnação”, que levou a freguesia a chegar onde chegou. “É engraçado agora vê-los a dizer que querem mais segurança. Mas a vogal da segurança foi a vogal oito anos seguidos e eu nunca a vi reunir com o MAI nem com a Polícia Municipal para pedir mais efetivos na freguesia. Nunca a vi pedir fiscalização para as lojas que estão ilegais nem fiscalização para a nossa noite. Porque os bons comerciantes não podem ser culpados pelos maus comerciantes. Os bons comerciantes têm que ter a porta aberta. Têm que ser respeitados”, disse o candidato perante a sua plateia na Praça das Flores.
Cultura para todos
Na sua perspetiva, o atual executivo da Junta da Misericórdia deixou o património ao “abandono” e que, no caso daquele local em concreto, “só servia exclusivamente para as festas do coro de Natal”. “A cultura tem que ser para o povo”, acrescentou ainda o candidato, que aproveitou ainda para falar do comércio local, defendendo a necessidade de manter as lojas tradicionais. “É inacreditável a quantidade de espaços típicos que fecham. Nós queremos reverter essa situação”, ressalvou, recusando ser uma ideia “utópica”. “Nós somos realistas e temos vontade de trabalhar. Nós sabemos que é possível. Nós sabemos que se batermos à porta certa, se pedirmos ajuda, se mostrarmos que queremos fazer algo diferente, a CML estará lá para nos abrir a porta, para nos ajudar, para nos ouvir e para ajudar os comerciantes que temos na freguesia”.
Na Educação, Pedro Duarte falou ainda de uma “desvalorização” dos colaboradores dos estabelecimentos de ensino e por isso, o seu projeto passa por “ajudá-los, formá-los, e dar-lhes as competências necessárias para que eles possam progredir na carreira. As crianças e as escolas não podem ser um depósito. As AECs e os CAFs têm que ter projetos sustentados, com crescimento e com qualidade”. Um dos grandes desafios desta freguesia, acrescentou ainda, passa por ser uma “freguesia que nunca dorme. Há o turismo de dia, e há uma vida noturna. Teremos desafios que nenhuma outra freguesia tem. A nossa geografia, por si só, já é um entrave a que possam ser feitas muitas e mais coisas, mas não é uma desculpa para termos a higiene urbana no estado em que está”.
Candidatura “pela freguesia”, ressalva Pedro Duarte
Para Pedro Duarte, a culpa das falhas na Higiene Urbana não “é dos colaboradores, mas sim das empresas subcontratadas que servem, única e exclusivamente, para sugar dinheiro e não desenvolvem o trabalho que devia ter sido feito”. Dirigindo-se aos colaboradores da Junta, o candidato pediu-lhes para não temerem a mudança. “Estaremos aqui para vos proteger e defender. Quero que saibam que tenho imenso orgulho em todos vocês. Foi um privilégio trabalhar com vocês ao longo destes quatro anos e sei daquilo que vocês são capazes. O caminho não é estagnar as pessoas, nem encostá-las ao ponto de serem esquecidas. O caminho é a mudança e a mudança também se faz dentro de portas”, reforçou o candidato, sem esquecer o seu pai, “um homem que punha as pessoas à frente de qualquer cor partidária. Sou filho de um homem que certamente estará orgulhoso do caminho que eu sigo e que tudo fez pela freguesia de São Paulo”.
Ao Olhares de Lisboa, no final da apresentação, Pedro Duarte reforçou que esta candidatura foi totalmente influenciada pelo percurso do seu pai, que foi quem sempre o motivou. “Ele foi um grande homem e grande autarca, e se eu conseguir ser um terço daquilo que o meu pai foi, eu tenho a certeza que a Misericórdia sai muito por cima”. Contudo, sublinha ainda que “esta não é uma candidatura contra ninguém, é uma candidatura a favor dos fregueses da Misericórdia. É uma candidatura que terá como pontos essenciais a requalificação da habitação, queremos trazer mais competências para a junta de freguesia, embora saibamos que seja difícil, queremos trazer mais e melhor higiene urbana, queremos mais educação, e queremos essencialmente que as pessoas se sintam em casa na Misericórdia”.
Votar na mudança
“As pessoas devem votar acreditando na mudança, e as pessoas que estão descontentes não têm de ter medo de se afirmar”, explica o candidato, acrescentando que decidiu romper com a ligação ao atual executivo “por não se identificar com o projeto em si. Juntei quatro bons amigos, e decidimos que iríamos fazer alguma coisa pela freguesia. Decidimos que era importante fazer alguma coisa para esta freguesia, e quando apareceu a possibilidade de nos unirmos ao ‘Por Ti, Lisboa’, nós fomos muito claros: nós temos um projeto próprio, assente nas pessoas da freguesia e não assente na política pura e dura, e a abertura que o Presidente [Carlos Moedas] teve para conosco permitiu-nos ter a confiança de que esse era o caminho, e depois no outro lado vi que o que queriam era aniquilar a nossa candidatura”, contou.
Nos próximos quatro anos, garantiu, caso seja eleito, “não nos vamos esconder. Vamos continuar na rua, a querer ouvir-vos e a continuar a ser ouvidos. Nós estaremos ao lado de todos os fregueses. Vamos fazer o que nunca foi feito. Vamos fazer com que esta freguesia vire. Dia 12 de outubro será uma noite histórica e a Misericórdia vai dar a volta”, concluiu Pedro Duarte, num discurso que lhe valeu muitos aplausos dos presentes, entre eles o presidente da CML, Carlos Moedas. Segundo o edil lisboeta, quando conheceu Pedro Duarte, sentiu “a capacidade de continuar a acreditar. Primeiro, tínhamos uma história, de certa forma, comum. Tínhamos um orgulho muito grande dos nossos pais, e também a consciência que os nossos pais tinham ideias políticas diferentes, mas esse amor pelos nossos pais fica para sempre. E eu tenho a certeza que, como o meu pai, o teu pai também está lá em cima a olhar, com um orgulho enorme em ti”.
Cultura para todos
Para o presidente da CML, Pedro Duarte é “verdadeiro e transparente”. “As tuas convicções, a tua vida, é tudo que vem de dentro. E foi isso que eu senti. Eu quero alguém que seja bom e não quero saber dos partidos. Tu és o melhor. Tu tens de ser o Presidente da Junta. Eu tenho imensa confiança em ti e tenho muita confiança no que vamos fazer nos próximos anos”, continuou o autarca, confiante que Pedro Duarte irá vencer as eleições na Misericórdia no dia 12 de outubro. Moedas referiu ainda que tenta estar sempre presente na rua e “a dar a cara” quando tudo corre mal. “A política são as pessoas”, lembrou, salientando que o seu executivo, nos últimos quatro anos, “lutou todos os dias” e irá continuar a fazê-lo.
“Quando eu cheguei, disse que não quero uma cidade em que há duas culturas: a da elite e a cultura popular. Há uma só cultura”, referiu o presidente, lembrando o aumento do apoio monetário atribuído às marchas populares da cidade. “Passámos de um milhão por ano, para um milhão e meio por ano para as Marchas Populares. E ainda vamos fazer mais, porque esta é a nossa cultura”. O autarca rejeita a ideia de que existe uma “cultura de uns e de outros” e quer, por isso, tornar a cultura acessível a todos, um objetivo cumprido com a abertura de seis “Teatros em Cada Bairro”, juntamente com o Teatro Variedades, no Parque Mayer.
Uma candidatura pelas pessoas, ressalva Moedas
“Há quatro anos houve seis teatros e vamos estendê-los também aqui para a Misericórdia. E quando eu digo teatro, é ter espaços para que os nossos jovens possam ensaiar, cantar e atuar. Nós temos o desporto na escola e portanto precisamos de ter a cultura na escola e no bairro. Estarei ao vosso lado nesta luta pela cultura, que é uma luta daqui da Misericórdia, mas é uma luta de todos”, reiterou Moedas, sem esquecer o trabalho de Diogo Moura, vereador com o pelouro da Cultura na CML. “Foi com ele que nós dissemos ‘vamos abrir mais museus em Lisboa’ e já abrimos quatro museus e vamos continuar a abrir, porque os museus também são o coração da nossa cidade”. Carlos Moedas referiu ainda o estado social, não só com a entrega de casas aos mais desfavorecidos, mas também com o Plano Lisboa 65+, ao qual já aderiram 15 mil idosos.
“Temos clínicas de proximidade e vamos tê-las aqui também na Misericórdia”, adiantou o autarca, reforçando que o atual executivo foi também responsável por retirar os sem-abrigo junto da Igreja dos Anjos. “Não podemos deixar as pessoas nessas condições e a vida de um autarca e sobretudo de um presidente de junta é estar junto das pessoas. O Pedro não vai conseguir fazer tudo, mas o Pedro vai lá estar convosco todos os dias. Vai tratar todos por igual e vai lutar por vocês, mesmo contra o Presidente da Câmara, se for preciso. Ajudem-nos a continuar a mudar Lisboa, ajudem o Pedro, e se há alguém que merece, do fundo do coração, és tu, Pedro. O teu pai era socialista, o meu pai era comunista, e eles estão lá em cima a olhar por nós, porque sabem que nós estamos a fazer para as pessoas, porque elas são mais importantes do que os partidos”, concluíu.
Política autárquica é sinónimo de proximidade
Já Diogo Moura, candidato a vereador da CML pela coligação ‘Por Ti, Lisboa’, lembrou que começou o seu percurso autárquico na extinta freguesia da Encarnação, e, por isso, revê-se na candidatura de Pedro Duarte. “Já lá vai quase um quarto de século, mas o que aprendi foi uma importante lição do que deve ser a política, e sobretudo a política autárquica, que é transformar o poder em serviço. É na proximidade da política autárquica que vive a dinâmica e o potencial dos nossos bairros, das nossas gentes. Este território mudou muito em 24 anos. Umas vezes para melhor, e infelizmente muito mais vezes para pior”.
“O PS continua a não resolver os problemas crónicos desta freguesia. Mas desenganem-se…não estamos aqui contra ninguém. Estamos aqui por Lisboa, como diz o mote da nossa campanha. Estamos aqui por ti, Misericórdia e também por ti, Pedro”, referiu o autarca, destacando que votar em Pedro Duarte é manifestar a “esperança no futuro”, porque o candidato “conhece esta freguesia como ninguém” e por isso, sabe olhar “para o território como um espaço habitado por pessoas como nós”.
CML garante estar do lado de Pedro Duarte caso seja eleito presidente da Junta da Misericórdia
Diogo Moura falou ainda da abrangência e da independência dos membros das listas candidatas à autarquia e às 24 juntas do concelho da coligação ‘Por Ti, Lisboa’ e voltou a tecer elogios a Pedro Duarte, um amigo de longa data e cujos “olhos brilham sempre que se fala no bairro. É impossível não gostar dele. É um homem íntegro, trabalhador, dedicado aos outros, que tem bom coração e ama a Misericórdia”. Na sua opinião, o candidato “nasceu para ser presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia” e, caso seja eleito, contará com todo o apoio da autarquia no desempenho do seu trabalho.
“Tens a teu lado um grande presidente de câmara, que é atento, que é próximo, e em quem podemos confiar na continuidade da liderança da nossa Lisboa e que tirou Lisboa de 14 anos de liderança à esquerda e Lisboa não quer andar para trás. É agora o momento de concretizar a vontade e mudança da Misericórdia. É agora o momento de unir os nossos bairros e, por isso, vamos eleger o Pedro Duarte para presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia. A nossa candidatura é alicerçada nas pessoas, e em todas as pessoas que querem contribuir e não têm medo da mudança”, concluiu o vereador.
Esta candidatura conta ainda com o apoio de Natacha Reis e do figurinista Dino Alves. A primeira reforçou que os lisboetas querem “uma mudança e uma Lisboa com mais cultura, para os lisboetas. Lisboa está morta e não pode ficar morta, temos que levantar Lisboa, porque nós somos portugueses e os portugueses têm uma coisa que é saudade, e saudade não tem tradução, saudade é cultura, e a cultura é precisa. Neste momento, os lisboetas estamos infelizes”, disse, apelando a Carlos Moedas que olhe para os bairros, que “são essenciais”.