Secretária de Estado da Habitação sublinhou ser “muito importante” que os moradores saibam cuidar as suas casas

“A crise (na habitação) que estamos a viver não se resolve com balões de oxigénio. Temos de fazer o esforço de investimento continuado nos próximos 20 anos para conseguirmos compensar aquilo que não foi feito no passado”, declarou a secretária de Estado da Habitação na cerimónia de entrega de chaves de novo edifício de renda acessível em Marvila.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, presidiu à cerimónia de entrega de chaves, no âmbito do Programa Renda Acessível, de um novo edifício de habitação na freguesia de Marvila, no dia 22 de setembro.

A secretária de Estado da Habitação, Patrícia Gonçalves Costa, marcou presença na cerimónia de entrega de chaves aos novos moradores de Marvila.

Cumprimentou “de uma forma especial as famílias”, pois “é para elas que temos feito todo este investimento que temos levado a cabo e que, do ponto de vista simbólico, é representado pela entrega de uma chave”.

Para a governante, esta entrega das chaves simboliza também que este novo projeto de vida que hoje vão começar “acontece pelo rigor, pelo investimento e pela dedicação da equipa que realizou este projeto, que é mais um daqueles que o PRR está a concretizar e a mudar a vida de tantas famílias e a devolver a dignidade habitacional”.

Sob o prisma da secretária de Estado, a habitação “é o motor da nossa economia” e interage com muitos setores económicos da nossa sociedade, mas é estabilidade social, é coesão territorial. “E é, acima de tudo, aquilo que a autarquia de Lisboa e muitas outras estão a conseguir fazer: povoar as nossas cidades com qualidade. Este é o tema mais importante, porque fazer edifícios, por fazer, é o mais fácil, mas fazer edifícios com esta qualidade, entregando-os à população, é muito importante”.

A importância de “cuidar as casas”

Patrícia Gonçalves Costa sublinhou ser “muito importante” que os moradores saibam cuidar as suas casas. “É importante saber cuidar da coisa pública e que percebam que antes de ser uma casa, é uma obra que envolve os esforços de várias entidades, de uma autarquia, do Governo, para que todos juntos possamos entregar esta realidade. Queria reforçar, de facto, que os moradores percebam todo o esforço que os diversos fazem para entregar estas habitações”.

A governante reforçou que o “Governo continua a trabalhar com os municípios para conseguir construir e reabilitar mais habitação”, anotando que as instituições públicas têm presente quais os desafios que se apresentam na atualidade: “temos de construir bem e mais barato”, mas esta equação “é difícil” de concretizar.

Investimento “continuado nos próximos 20 anos”

Patrícia Gonçalves Costa revela que o PRR tinha a meta de serem construídas 26 mil habitações, mas os municípios “foram mais além”, construindo 59 mil casas. “O Governo fez um esforço e contribuiu com um esforço suplementar de construir mais 10 mil casas a 100% de subvenção e mais 60% nas restantes” para acompanhar “o esforço que os municípios estão a fazer” na oferta de habitação pública.

“A crise (na habitação) que estamos a viver não se resolve com balões de oxigénio. Temos de fazer o esforço de investimento continuado nos próximos 20 anos para conseguirmos compensar aquilo que não foi feito no passado”.

Segundo a governante, neste momento, o Estado Central tem um investimento de “mais de 2.8 mil milhões de euros”, mas acresce ainda “todas as linhas de financiamento”, que já foram contratualizadas para a habitação acessível, no sentido de “cumprir as estratégias locais de habitação”, as tais 133 mil respostas de habitação os municípios “identificaram como necessidades prioritárias”.

“Estamos a trabalhar para conseguir alavancar soluções financeiras, e sustentáveis no tempo, para conseguirmos ter verbas para a manutenção dos edifícios. Ninguém quer que, daqui a 10 anos, estes prédios estejam com um aspeto miserável. Queremos a qualidade das casas que hoje estão a ser entregues”.

O presidente da Câmara de Lisboa saudou a presença da secretária de Estado da Habitação, “que é uma mulher de grande proximidade e que conhece o tema da habitação com profundidade – via-a ali a discutir números e detalhes técnicos que outros membros do Governo não conseguiriam”.

Boa relação “sem olhar a cores partidárias”   

Referindo-se ao presidente da junta de Marvila como “meu querido Videira”, Moedas reforçou a boa relação existente entre ambos os autarcas. “Nunca falámos de partidos nem de política. Falámos sempre daquilo que nos apaixona, que é resolver os problemas das pessoas”.

Carlos Moedas fez questão de “honrar a amizade com o presidente Videira”, que “é o que conta”, e o resto “conta pouco”.

Para o edil, estes quatro anos de coabitação com o autarca socialista na liderança de Marvila, “fizeram a diferença neste território, porque nós conseguimos ter uma relação pessoal como tem de ser na política, que é pensar nas pessoas e não nos partidos. Essa relação foi incrível”.

Carlos Moedas revelou que, numa das minhas primeiras visitas a Marvila, apareceu um miúdo, o Simão, que o chamou à atenção para a necessidade de terem um pavilhão gimnodesportivo, dizendo que há 20 anos que prometiam um pavilhão, mas que continuavam sem ele. “Disse logo ao presidente da Junta que não podíamos acabar este mandato sem construirmos o novo pavilhão da escola básica”.

“Foi também aqui que iniciámos, com a Gebalis, aquilo que nunca tinha sido feito ao nível da habitação. Foram 167 milhões de euros para construir mais 7 mil casas, em 167 edifícios, em que renovámos tudo”. Em Marvila, “investimos mais de 17 milhões de euros”.

Habitação “é prioridade”

Segundo o autarca, a habitação “tem sido a prioridade da Câmara”, nomeadamente “daqueles que mais precisam”, mas também “daqueles que já não conseguem pagar uma renda em Lisboa”.

“Estão aqui muitos jovens profissionais que já não conseguem pagar uma renda na cidade. Das casas que já foram distribuídas, conseguimos casa para 2888 famílias. Metade dessas casas foram para pessoas que têm emprego, têm tudo, mas não tinham casa. Deixem-se de políticas. Quem não tem casa não consegue ter dignidade na vida, não tem saúde”.

Moedas revelou que sempre que é interpelado na rua por munícipes para o chamarem à atenção sobre “assuntos não prioritários”, a resposta é sempre a mesma: “Às vezes, vou a bairros de pessoas com mais posses e elas queixam-se de um passeio que podia ser arranjado… Eu digo sempre que a minha prioridade é dar casas às pessoas. Não vou descansar enquanto não o fizer”, conclui.

“Felizes por terem uma habitação condigna”   

Por seu turno, o presidente da junta de freguesia de Marvila, António Videira (PS), deu as boas-vindas aos novos moradores do bairro, realçando que “estamos de coração muito feliz por vocês terem uma habitação condigna para desenvolverem as vossas vidas num lar, porque o mais importante para todos é termos uma casa, um abrigo, para que consigamos ter um futuro, um horizonte e uma esperança, para a nossa vida”.

Estas casas abrangem uma outra área, em que ambos os autarcas “têm colaborado intensamente”, que é o prédio estar inserido numa área de vizinhança em que há um parque verde, “que poderão usufruir no futuro, tem uma comunidade muito bem integrada, muito acessível, e com muita tranquilidade e segurança”

Para António Videira, por outro lado, a ideia de que Marvila “é um sítio perigoso” não corresponde à realidade, pois Marvila “é um sítio calmo e seguro, onde vão poder fazer a vossa vida, viver com dignidade”.

Videira elogia Moedas

Por último, o autarca socialista, que foi o primeiro a discursar, deixou uma palavra “de grande esperança a todos vocês e que olhem para a vida, como eu e o presidente da câmara olhamos para a política. Apesar de sermos de partidos diferentes, tivemos sempre uma relação excelente. Carlos Moedas foi uma peça fundamental para, nos últimos dois anos em Marvila, conseguíssemos um pavilhão, este edifício de habitação pública e um parque urbano. Articulámos sempre tudo com a mesma lógica: servir sempre as pessoas, pensar sempre nas pessoas, dar o melhor às pessoas”.

António Videira confidenciou ainda que “gostaria que houvesse uma continuidade nas relações”, uma vez que a freguesia vai ter outros espaços “que estamos ainda a construir com a ajuda da câmara municipal e o Governo”, em que serão construídas mais casas na freguesia.

“Era importante continuarmos este caminho juntos, lado a lado. Da minha parte, enquanto autarca e com a parceria do engenheiro Carlos Moedas, aqui estamos do vosso lado para vos ajudarmos a construir o vosso futuro”.

20 milhões investidos

A construção deste edifício, com um total de 84 casas de tipologias T0 a T3, teve início no atual mandato, em julho de 2023, e ficou concluída em agosto de 2025. A empreitada representa um investimento total de 20,3 milhões de euros, comparticipado com verbas do PRR.

O edifício é composto por seis pisos acima do solo e um parque de estacionamento em cave, tendo no piso térreo um espaço comercial, uma lavandaria, uma sala multiusos, áreas de cacifos e um estacionamento coberto para bicicletas.

A obra agora concluída integra-se num projeto amplo de reabilitação urbana e requalificação do espaço público do Vale Formoso de Cima, que inclui a construção, em curso, de outro edifício com 105 apartamentos para arrendamento acessível e o novo parque urbano do Bairro dos Alfinetes, com hortas urbanas integradas.

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