Transportes, habitação e imigração marcaram o debate dos candidatos a presidente de Sintra

Com o atual presidente, Basílio Horta, do Partido Socialista (PS), a atingir o limite de mandatos, são seis os candidatos na corrida a um dos municípios com maior densidade populacional do país: Sintra. Como já era esperado, as eleições presidenciais entraram na campanha autárquica, com Rita Matias, a candidata do Chega àquele município, a aproveitar o debate na SIC Notícias para salientar a candidatura anunciada de André Ventura.

Ana Mendes Godinho, que concorre pelo PS e pelo LIVRE, Marco Almeida pelo PSD, IL e PAN, Rita Matias, pelo Chega, Maurício Rodrigues pelo CDS, PPM e ADN, Tânia Russo pelo Bloco de Esquerda e Pedro Ventura pela CDU, encontraram-se na antena da SIC Notícias para frente a frente debaterem a mobilidade, portagens, habitação e imigração.

Coube à ex-ministra Ana Mendes dar o tiro de partida na discussão com a proposta de tornar gratuitas as portagens na A16 “para desanuviar o trânsito no IC19” e permitir aos sintrenses terem mais “qualidade de vida”. É uma medida “fundamental”, na opinião da socialista, e se não for possível torná-la gratuita deveria, pelo menos, haver uma discriminação positiva controlada “em parceria com Via Verde para identificar” os veículos do concelho.

“Discordamos da medida do PS e não vamos aceitar que Câmara Municipal suporte esse custo”, ripostou o adversário do PSD. Para Marco Almeida tem de ser o Governo “a tratar deste assunto”.

Já para a candidata do Chega, “a mobilidade tem de ser alterada do ponto de vista estrutural” e apesar de não querer aventurar-se em promessas de “comboios a circular de 10 em 10”, quer uma nova circulação no concelho “à semelhança” do que acontece em Oeiras e Cascais, estações com mais segurança e policiamento de proximidade.

Se para Maurício Rodrigues, a abolição das portagens na A16 é carta fora do baralho e se para a candidata do Bloco “não resolve o problema da acessibilidade à zona rural do concelho”, para o candidato da CDU é preciso ter em conta a “base estratigráfica sociológica, ou seja, a espinha dorsal” do concelho.

“Quem tem menos poder económico circula na linha de comboio, quem tem alguma disponibilidade circula no IC19, e quem tem mais disponibilidade para ter uma despesa mensal de cerca de 70 euros em portagens circula na A16”, salientou Pedro Ventura, mencionando que a sua proposta passa pela eliminação das portagens na A16 e pela diminuição do valor do passe social intermodal.

Fim da “rebaldaria”

À mobilidade seguiu-se o tema da habitação, com a candidata socialista a garantir que o plano com que se apresenta de 10 mil casas com rendas acessíveis em cinco anos vai “resgatar Sintra da periferia” e será “essencial e determinante” para famílias e jovens.

Também para Marco Almeida, esta é uma “área prioritária”, pelo que, defendeu, é preciso acabar com a “rebaldaria de 15 a 20 pessoas numa casa para cinco” com fiscalização, “libertar o PDM para permitir construção” e contar com o “apoio do sistema cooperativo”.

Para o centrista Maurício Rodrigues, o problema tem de ser resolvido já e para isso a Câmara tem de “arrendar e depois subarrendar”.

Pedro Ventura recusou, desde logo, o rótulo de que “Sintra é periferia”, elencando vários rankings entre os quais o de que é Sintra é o “quarto melhor concelho para viver” para provar que são várias as características que o distinguem. Quanto à habitação, as soluções do CDU passam por: financiar obras até 15 mil e construir 2.000 em cinco anos nas freguesias mais urgentes.

Já Tânia Russo defendeu que o “apoio à reabilitação” é o caminho, bem como “aumentar o parque público habitacional (…), mobilizando casas públicas e privadas para dar resposta a quem, neste momento, está com a corda ao pescoço e não consegue pagar as suas rendas”.

Integração dos imigrantes

A imigração foi o tema da última ronda do debate, com Ana Mendes Godinho a destacar que a imigração representa “um desafio real de integração”, mas é também” fundamental”, por exemplo, “em creches e lares”. A resposta a este desafio, vincou, passa pelo “reforço de equipas multidisciplinares nas escolas”, e gabinetes de apoio às comunidades, nomeadamente da CPLP.

Marco Almeida optou por atacar a adversária socialista, afirmando que “a experiência de candidata do PS é a falta de dedicação”.

Para a candidata do Chega, o foco são “os sintrenses e vamos colocá-los em primeiro lugar e não qualquer outra pessoa que venha de fora”. A aposta é “num reforço de segurança” e na promoção de “um programa de regresso feliz para que todas as pessoas que vieram ao engano para Portugal possam ser reconduzidas e reagrupar-se com a sua família no país de origem”.

Diferente é o foco da candidatura do CDS que defende uma “integração efetiva” com a aprendizagem da “nossa língua, costumes, e história”, tendo aqui o associativismo “um papel importante”, Outra das propostas passa por “mediadores de bairro” em bairros problemáticos.

Já Pedro Ventura, a questão que se coloca é: “Quem são os sintrenses? São os habitantes que vieram de Trás-os-Montes? Do Seixal? De Angola? Como eu, da Beira Alta? É uma multiplicidade de pessoas que construíram este grande concelho e sempre soube integrar. É óbvio que temos um problema social que temos de ir resolvendo, mas tendo noção que questões de segurança e controlo de fronteiras são competências da administração central”.

A fechar, Tânia Russo lamentou o “discurso utilitarista” sobre os imigrantes que são, salientou, “essenciais para economia e demografia” do país. “São pessoas que escolhem vir para Portugal e devem ser acolhidos enquanto pessoas que querem ajudar o país”, pelo que a solução passa pela “expansão dos centros de apoio e acolhimento”.

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