“Queremos mais habitação acessível, mais segurança, mais luz nas nossas ruas, menos ruído, mais qualidade de vida”, defende Carla Almeida. A cerimónia contou com uma homenagem a Irene Lopes, que cessou funções, depois de várias décadas de atividade ao serviço da comunidade da Misericórdia.
Os claustros da Escola Passos Manuel não tiveram espaço suficiente para acolher todos os fregueses que marcaram presença no ato de instalação e tomada de posse dos eleitos para os órgãos autárquicos da freguesia da Misericórdia, para o mandato 2025-2029, no dia 6 de novembro, ficando alguns na rua para escutarem as primeiras palavras da nova presidente.
Na cerimónia, liderada por Irene Lopes, presidente da Assembleia de Freguesia da Misericórdia cessante, após a verificação da legitimidade, procedeu-se à instalação da Assembleia de Freguesia da Misericórdia.
Política feita “com coração”
“Com o coração cheio”, a nova presidente de junta de freguesia da Misericórdia começou por lembrar que a coligação “Viver Lisboa” nasceu com o compromisso de “servir as pessoas, proteger o território, lutar por quem aqui vive. A política só vale a pena quando é feita com verdade e com coração”.
Carla Almeida conduziu os presentes numa viagem ao passado, vivido entre portas do Liceu Passos Manuel, recordando os tempos em que era estudante na instituição. E explicou que a escolha da apresentação pública dos órgãos de freguesia no Passos Manuel tinha sido propositada, pois aquele local de ensino emblemático, tendo sido o histórico estabelecimento de ensino “o berço de tudo”, onde terá dado início ao seu percurso ascendente como cidadã e autarca. E foi também o local onde terá aprendido “que a política só faz sentido se for feita com o coração e para servir as pessoas”.
Território “não está à venda”
Aos olhos de Carla Almeida, são as pessoas, os fregueses da Misericórdia, que mais estão a “sofrer” com o galopar do liberalismo “sem rosto” que está a expulsar os “filhos da terra” para outros destinos.
A autarca sublinha a este propósito que se irá bater contra a realidade de “casas vazias” e de pessoas a serem obrigadas a abandonar o território que os viu nascer por não poderem pagar as rendas de casa. “A Misericórdia não está a à venda. A Misericórdia é para viver e não para explorar”, atira, reiterando que “estaremos também na linha da frente das lutas justas pelo direito à tranquilidade e à segurança”.
Carla Almeida garante, também, que tudo fará para que os negócios da noite sejam alvo de “mais fiscalização”, uma vez que urge haver “mais respeito por quem aqui vive”.
Se a Câmara Municipal de Lisboa – “de quem esperamos que esteja à altura” — continuar a fazer orelhas moucas às “denúncias” da Junta, a autarca promete continuar a delatar “os atropelos à lei na comunicação social e nas sessões da Assembleia Municipal”, pois “foi para isso que a Misericórdia votou. E nós vamos honrar os nossos compromissos”, atira.
Carla Almeida declara que o lado “humanista da sua equipa” se vai sobrepor a tudo o resto, não deixando ninguém para trás e continuando na senda político-social levada a cabo por Carla Madeira, sua antecessora.
“Queremos uma freguesia viva, justa e inclusiva. Uma Junta que ouve, age e cuida. Vamos lutar para que a Câmara (municipal de Lisboa) respeita todos os territórios”, assume.
Em resumo do programa de candidatura, Carla Almeida reforça os objetivos maiores do seu programa de governação: “Queremos mais habitação acessível, mais segurança, mais luz nas nossas ruas, menos ruído, mais qualidade de vida”.
Dirigindo-se aos fregueses, a autarca reforçou que “sou uma de vós. Podem sempre contar comigo e com esta equipa maravilhosa”, que está pronta “para dar mais vida à Misericórdia”.
Irene Lopes homenageada
Irene Lopes, investigadora e professora universitária, desempenha funções autárquicas desde 1976, sendo uma das primeiras mulheres a abraçar as causas da política local a nível nacional, e uma das figuras políticas mais respeitadas da cidade de Lisboa.
Preside à Assembleia de Freguesia desde 2013, deputada municipal do PS e presidente da Comissão Permanente de “Finanças, Património e Recursos Humanos”, da Assembleia Municipal de Lisboa. No dia 6 de novembro, cessou funções como autarca e foi alvo de uma pequena homenagem da parte de todos os presentes (da esquerda à direita) em reconhecimento da dedicação à causa pública e ao poder local.
Irene Lopes considerou que o seu trabalho “estava cumprido” e lembrou que teve um papel preponderante na transferência de competências das Câmaras para as Juntas, pois a proposta de alteração à lei tinha partido dela própria para António Costa, na altura, presidente de câmara de Lisboa.
Para a investigadora e autarca, a reforma administrativa “funcionou”, dado que as Juntas “nunca tiveram tantos meios e poder como agora”, mas a situação da Misericórdia “é difícil” por estar enquadrada numa zona nevrálgica da zona histórica da cidade.
Ainda assim, Irene Lopes reconhece “capacidades de excelência a Carla Almeida”, bem como à nova equipa do executivo e também a quem está oposição para, conjuntamente, resolverem as dificuldades da freguesia.
Por seu turno, Carla Almeida não poupou nos elogios a uma “grande mulher” e uma das suas “mestres” e “grande referência” autárquica e cívica em todo o processo de aprendizagem e de preparação para o cargo.
Carla Almeida não quis deixar de homenagear Carla Madeira, “a outra grande mulher” com quem muito apendeu e que, agora, “vai continuar a servir Lisboa como vereadora, com paixão e entrega”. “Espero estar à altura do vosso legado”, concluiu.
Executivo de Freguesia
Presidente: Carla Almeida
Vogais: José Pato, Ana Bentinho, Henrique Ribeiro, Luísa Rodrigues
Mesa da Assembleia de Freguesia
Presidente: Carlos Vítor
1º Secretário: Ana Marques
2 º Secretário: Maria Alfreda
Fotos: JFMisericórdia



