2026 traz aumentos em bens essenciais e alívio parcial no IRS para as famílias portuguesas

O início de 2026 traz para os portugueses aumentos nos preços de diversos bens e serviços essenciais, incluindo eletricidade, água, transportes, rendas e produtos alimentares, num cenário marcado por uma inflação prevista de 2,1% pelo Governo.

Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), as tarifas de eletricidade no mercado regulado em Portugal Continental vão subir 1%, o que poderá representar um aumento médio mensal de 18 cêntimos para um casal sem filhos, e de 28 cêntimos para um casal com dois filhos. Apesar destes aumentos, os consumidores com contratos no mercado liberalizado podem vir a pagar entre 0,5% a 1% menos nas suas faturas.

Nas tarifas da água, a subida recomendada pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos é de 1,8%, alinhada com a inflação, embora a maioria dos municípios ainda não tenha aprovado oficialmente as atualizações para 2026. Em outubro, a Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) já havia aumentado a tarifa em 20 cêntimos mensais para 85% dos clientes.

No gás natural, houve um aumento médio de 1,5% a partir de 1 de outubro, aplicável ao mercado regulado, com estas condições mantidas até 30 de setembro de 2026 para 437 mil consumidores.

As maiores operadoras de telecomunicações portuguesas — Nos, Meo e Vodafone — anunciaram uma subida geral de 2,2% nas tarifas de alguns serviços em janeiro, o que representa cerca de 0,88 euros a mais numa fatura mensal de 40 euros.

Quanto às portagens, a subida está fixada em 2,29% conforme a inflação de outubro. O custo da portagem da A1 entre Lisboa e Porto, por exemplo, vai aumentar 60 cêntimos, passando a 25,20 euros para veículos de Classe 1. Em contrapartida, a partir de abril, alguns troços do país, incluindo a A25 e partes da A6, A2, A19, A8 e A41, ficarão isentos de portagens.





Os preços dos principais passes de transportes públicos mantêm-se, como o Passe Ferroviário Verde, o Navegante em Lisboa e o Andante no Porto, enquanto os bilhetes individuais de comboio e autocarro sobem em média 2,26%. No Alfa Pendular, por exemplo, o bilhete em classe Turística entre Lisboa-Oriente e Porto-Campanhã passa de 34,60 euros para 35,70 euros. Na Carris, os bilhetes de autocarro e elétrico sobem 10 cêntimos, ficando a 2,30 euros e 3,30 euros, respetivamente.

As rendas serão atualizadas em 2,24%, o que implica que uma renda mensal de 1.000 euros aumente 22,40 euros em 2026, ligeiramente acima da atualização de 2,16% do ano anterior.

Pela primeira vez desde 2023, o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) vai subir para casas novas ou reconstruídas, já que o valor médio de construção por metro quadrado cresce 7%, passando a 570 euros. Este valor é usado para calcular o IMI.

Os CTT vão aumentar os preços em média 6,2%, com o correio normal nacional (até 20 gramas) a aumentar 4 cêntimos a partir de 2 de fevereiro.

Relativamente aos medicamentos, a Revisão Anual de Preços vai isentar de aumento, pela primeira vez, os medicamentos essenciais e críticos com preço de venda até 30 euros, alargando a isenção que anteriormente abrangia medicamentos com preço até 16 euros.

As pensões terão um aumento médio de 2,8% para a maioria dos beneficiários, especialmente para reformas até 1.074 euros. Para pensões entre 1.074,26 euros e 3.222,78 euros, o aumento é de 2,27%, e para pensões entre 3.222,78 euros e 6.445,56 euros, a subida será de 2,02%, conforme confirmou o Ministério do Trabalho.

O salário mínimo nacional vai subir para 920 euros, um acréscimo de 50 euros (5,7%) relativamente aos 870 euros atuais. Nos apoios sociais definidos pelo Indexante dos Apoios Sociais (IAS), o valor sobe para 537 euros, correspondendo a um aumento de 2,8% e afetando subsídios como desemprego, abono de família e pensões sociais.

Na administração pública, as negociações entre Governo e sindicatos continuam, mas está em discussão uma proposta para um aumento de 56,58 euros ou 2,15% nos salários a partir dos 2.677 euros de remuneração, elevando o salário base da Função Pública para 934,99 euros e promovendo um aumento de 6,4% no salário mínimo para trabalhadores públicos.

Quanto ao IRS, haverá uma redução da carga fiscal para as famílias, com atualizações de 3,51% nos escalões e diminuição das taxas marginais do 2.º ao 5.º escalão, permitindo poupanças que podem atingir os 126 euros em 2026.

Este conjunto de alterações traduz um cenário complexo para as famílias portuguesas, entre aumentos generalizados nos preços de bens e serviços, ajustamentos salariais e reformulações fiscais que tendem a mitigar parcialmente os impactos nos orçamentos domésticos.

Imagem de capa: Produzida por Inteligência artificial

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