Arrancou a segunda fase do Plano de Drenagem de Lisboa

Plano Geral de Drenagem de Lisboa entrou hoje, dia 4 de dezembro, na segunda fase. A tuneladora H2O já começou a escavar a zona do Beato. Após a conclusão do túnel entre Monsanto e Santa Apolónia, começou agora a ser instalada no Beato, para iniciar a escavação do segundo túnel. Carlos Moedas considera que esta “é a maior obra climática da Europa”.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, assinalou o momento com uma visita oficial ao estaleiro. O autarca lisboeta qualificou o Plano Geral de Drenagem de Lisboa como a “maior obra de adaptação climática da Europa”, lembrando que a cidade esperava por esta empreitada há 20 anos.

“É um momento muito único, porque a cidade esperava por esta obra há 20 anos. Começámos esta obra em 04 de dezembro de 2023, em Campolide, com o primeiro túnel, que tem quase cinco quilómetros e que já chegou a Santa Apolónia. E agora a máquina saiu de Santa Apolónia para fazer este novo túnel, que terá um quilómetro entre Chelas e o Beato […]. É a maior obra de adaptação climática da Europa”, frisou.

Para Moedas, a obra “de 150 milhões de euros” serve para proteger “os lisboetas das cheias e tudo aquilo que tem sido, durante anos, um sofrimento constante desta cidade”, disse, lembrando as cheias de 1967, em que o Tejo transbordou, inundado os arredores de Lisboa, morrendo cerca de 700 pessoas.

Ânimo aos trabalhadores

O autarca frisou ainda a importância do momento “para dar ânimo” aos homens e mulheres que trabalham “em condições muito difíceis em três turnos de oito horas dentro da máquina, a perfurar aquilo que são túneis importantíssimos para a cidade”.

“Eles merecem o nosso respeito. Eu sei que é uma obra que é invisível ao olho das pessoas, mas é a obra mais importante dos últimos 100 anos em Lisboa para proteger os lisboetas e, portanto, aqui estamos para honrar aqueles que trabalham todos os dias”, salientou.




Relativamente aos prazos de conclusão da obra, Carlos Moedas afirmou que, tendo em conta todos os atrasos, “muitas vezes típicos nestas obras”, está previsto este túnel ficar pronto até abril de 2026.

Em simultâneo, irá realizar-se a “parte delicada da obra do outro túnel, que é a passagem muito próxima daquele que é o túnel do Metro, que vai acontecer também no primeiro semestre de janeiro”.

Segundo o edil, as duas obras vão estar a ser feitas “mais ou menos ao mesmo tempo”, revelou, acrescentando que “até agosto ou setembro” estará concluída a “última conexão, a última ligação para a água da chuva chegar ao rio”.

E acrescentou que a intervenção, que não interfere com o Metropolitano de Lisboa, irá fazer-se “mais rapidamente” do que a outra, indicou, sublinhando que, a haver descobertas arqueológicas como aconteceu no túnel de Santa Apolónia, tem de se parar.

“Cada vez que há um problema, há um atraso. Tudo isso tem sido a vida de uma obra como esta”, justificou.

Estação de Santa Apolónia vai fechar meio ano

Carlos Moedas revelou, no entanto, que a obra irá obrigar o metro de Santa Apolónia a encerrar seis meses a partir de janeiro ou fevereiro.

O presidente da Câmara de Lisboa justificou o encerramento da estação de metro, por ser “impossível” manter a estação em funcionamento devido à obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa. “Não podemos pôr ninguém em perigo”, sublinhou.

“Neste momento, ainda estão a ser feitos os cálculos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que não estão finalizados. Portanto, a obra ainda não começou, mas prevemos que ali por janeiro/fevereiro possa começar”, revelou.

Os trabalhos de escavação da tuneladora H2O, no segundo túnel do PGDL, que irá ligar o Beato a Chelas, terá uma extensão de um quilómetro.

O autarca explicou a importância da obra, pedindo a compreensão dos munícipes lisboetas para o facto de o Metropolitano de Lisboa ficar inoperacional durante cerca de seis meses entre as estações entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia.

“Neste momento, a obra que vai ter de ser feita está a ser feita com todo o detalhe pelo LNEC, é um projeto muito delicado, porque é um projeto em que o túnel passa perto do túnel do metro. Obviamente, durante essa obra, a estação de Santa Apolónia até ao Terreiro do Paço vai estar fechada”, explicou.

Apesar da proximidade da estação da CP – Comboios de Portugal em Santa Apolónia, o serviço dos comboios vai manter-se operacional, de acordo com Carlos Moedas.

Missa e bênção da obra

A cerimónia, no Estaleiro do Beato, contou ainda com uma missa em honra de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros, celebrada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, Rui Valério.

No Dia de Santa Bárbara, 4 de dezembro, D. Rui Valério, Cardeal Patriarca de Lisboa, conduziu uma cerimónia litúrgica a céu aberto que antecedeu o arranque oficial da tuneladora neste troço.

O clérigo lembrou a história e a importância de Santa Bárbara, a padroeira dos mineiros e todos aqueles que trabalham no subsolo. Por isso, contou com a bênção da sua imagem e também da tuneladora H20li que está a esventrar a terra no sentido de trazer o “bem comum” para a cidade.

Como lembrou D. Rui Valério, Santa Bárbara foi mártir porque se colocou ao “serviço do outro, do bem”, tendo paralelismos com este projeto, que também “está ao serviço de uma sociedade e do bem”, apesar de apresentar “riscos e ser perigoso”, mas que pretende mitigar o “mal”, as cheias, como as ocorridas em 2022.

O religioso agradeceu a inspiração divina, “que desceu sobre os homens”, e derramou sobre eles a arte e o engenho necessário para que o Homem conseguisse arranjar soluções tecnológicas que irão levar de vencida a ocorrência de cheias na cidade.

Com um investimento total de cerca de 250 milhões de euros, o PGDL – primeiro anunciado em 2006, mas que só avançou em 2015, com Fernando Medina (PS) na presidência da autarquia – é considerado uma obra importante para enfrentar cheias e inundações na capital, mas as grandes intervenções, nomeadamente a construção dos grandes túneis, só arrancaram em 2023 sob a presidência de Carlos Moedas (PSD).

Os dois túneis irão captar a água recolhida em dois pontos altos (Monsanto e Chelas), bem como em pontos adicionais de captação ao longo do seu percurso – nomeadamente Avenida da Liberdade, Rua de Santa Marta e Avenida Almirante Reis -, conduzindo o volume de água até ao meio recetor, o rio Tejo (em Santa Apolónia e no Beato), segundo o PGDL.

 

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