O Porto de Lisboa e a World Monuments Fund (WMF) Portugal iniciam uma nova etapa na intervenção nos murais de Almada Negreiros na Gare Marítima de Alcântara, com a assinatura de um protocolo de colaboração que permitirá a conservação de oito murais, numa superfície de 192 metros quadrados, bem como a recuperação dos revestimentos pétreos e vítreos do átrio principal.
A cerimónia, presidida pelo Secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, contou ainda com representantes da Administração do Porto de Lisboa (APL) e da WMF Portugal. Na sua intervenção, o Secretário de Estado referiu que «Não basta construir novas infraestruturas: temos também de cuidar das que já existem. Verbos como restaurar, recuperar e preservar são palavras-chave neste processo.»
O Presidente do Conselho de Administração da APL, Vítor Caldeirinha, afirmou que «No Porto de Lisboa, a visão aprovada pelo Governo Portos 5+ traduz-se numa estratégia sólida, exigente e prática. Um porto moderno não existe isolado: vive em simbiose com a cidade, dialoga com o seu património e contribui para a coesão social e cultural das comunidades que o rodeiam. É este sentido de responsabilidade partilhada que nos guia: devolver valor ao território, proteger a memória coletiva, criar espaços de encontro e abrir as portas — literalmente — ao conhecimento e à cidadania.»
Por sua vez, o Presidente da WMF Portugal, Miguel Horta e Costa, destacou que «Este projeto nasceu da convicção de que preservar o património cultural é proteger memória, compreender a história e reforçar a responsabilidade coletiva para o futuro». Acrescentou ainda que «Esta dinâmica de cooperação traduz um modelo virtuoso de convergência entre esforço público e investimento da sociedade civil, lembrando-nos que o património cultural é um bem comum.»
Esta nova intervenção sucede à fase inicial concluída em 2024 na Gare da Rocha do Conde d’Óbidos, onde foram restaurados 165 metros quadrados de pintura mural e conservadas superfícies pétreas, segundo padrões internacionais. Esse trabalho envolveu investigação académica, laboratórios especializados e equipas altamente qualificadas, numa articulação estreita entre parceiros públicos e privados.
A APL destacou a importância desse trabalho articulado na proteção do património cultural ribeirinho e na promoção do acesso público ao acervo artístico do Porto de Lisboa.
Para reforçar a projeção internacional do projeto, a WMF produziu conteúdos para a plataforma Google Arts & Culture, tornando os murais acessíveis globalmente. Paralelamente, foram desenvolvidas iniciativas educativas em parceria com o Plano Nacional das Artes, aproximando este património das escolas, jovens e comunidade.
Outro marco relevante foi a inauguração do Centro Interpretativo dedicado à obra mural de Almada Negreiros, resultado da colaboração entre a Câmara Municipal de Lisboa, o Turismo de Lisboa e a APL. Este centro permite que cidadãos e visitantes descubram este legado artístico singular e compreendam o papel do Porto de Lisboa na história cultural e humana do século XX.
Além da conservação interior, está planeada a recuperação dos exteriores das Gares Marítimas, destacando-se a arquitetura moderna de Porfírio Pardal Monteiro. A APL também prevê a implementação de um projeto de reabilitação urbana da envolvente, fortalecendo a ligação entre o porto e a cidade e promovendo um espaço mais qualificado e integrador para a vida cultural de Lisboa.
A World Monuments Fund é uma organização internacional sem fins lucrativos, com 60 anos de experiência e mais de 700 projetos em 112 países. A sua filial portuguesa tem mais de 30 anos de atuação em projetos de conservação do património, incluindo a Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos e os murais de Almada Negreiros.
O Porto de Lisboa, enquanto porto europeu atlântico e importante centro logístico e patrimonial, reafirma com esta iniciativa o seu compromisso com a valorização cultural e a salvaguarda do património artístico ligado à sua identidade e à cidade.
