Sarah Ferreira inaugura exposição ‘Queres que eu te conte uma história’ no Hotel do Chiado a 12 de dezembro

A artista Sarah Ferreira inaugura a exposição “Queres que eu te conte uma história” no próximo dia 12 de dezembro no Hotel do Chiado, em Lisboa, na Parede do Artista. A mostra, que está aberta ao público com entrada livre, apresenta uma travessia entre o visível e o invisível, onde a dor e a luz se encontram através da cor e do simbolismo.

Nascida em Paris, entre França e Portugal, Sarah Ferreira desenvolve uma linguagem artística influenciada pela sua dupla cultura. Autodidacta, integra na sua obra a estética do Wabi-Sabi, celebrando a imperfeição e a emoção bruta. As suas pinturas revelam estados de alma e não retratam indivíduos, explorando contrastes como a doçura e a brutalidade, assim como a alegria e a solidão.

“Pintar é, para mim, um acto de resistência”, afirma a artista. “Num mundo que tantas vezes tenta sufocar as emoções, coloco-as num pedestal. É a minha forma de dizer que sentir é belo e necessário.” A exposição é dedicada à memória do pai de Sarah Ferreira, uma figura fundamental no seu percurso, que via a vida como uma brincadeira, perpetuando assim o seu olhar terno e resiliente sobre o mundo.

O curador Damien Darricarrere descreve a exposição como “uma travessia entre o visível e o invisível, entre o que se perde e o que renasce”. A direção do Hotel do Chiado realça que “a Parede do Artista é um espaço que desafia o visitante a ver além da superfície, sendo uma janela para dentro de nós mesmos – onde cores e formas revelam fragmentos de desejo, contemplação e memória.”

A Parede do Artista, criada em 2013 no Hotel do Chiado, integra a arte no quotidiano do hotel, promovendo o diálogo e a inovação artística. O espaço já acolheu mais de 25 exposições, dando visibilidade a novos talentos e reforçando o papel da arte como elemento de partilha e impacto comunitário.

Entre as obras expostas destaca-se “Alma Portuguesa” (130x97cm, acrílico sobre tela), que homenageia as tradições e mulheres portuguesas, com referências ao xale tradicional do Minho, ao lenço negro do fado e aos Corações de Viana enquanto símbolos de amor, fé, resiliência e emancipação.




Outro destaque é a obra “16% Illusions, 4% Love” (130x97cm, acrílico sobre tela), que utiliza a imagem da garrafa “Toxic Love” para ilustrar um “vinho emocional”, onde o humor é mecanismo de sobrevivência face à vulnerabilidade e aos custos emocionais. Esta peça conceptualiza o álcool como substituto da palavra e representa a complexidade do amor contemporâneo.

“Poção Mágica: As Lágrimas do Ritual” (100x100cm, acrílico sobre tela) explora a alquimia das emoções entre tristeza e cura, com componente performativa que convida à reflexão sobre a arte como meio de invocação das emoções e memórias.

Por fim, a obra “Why you keep going to the circus” (40x30cm, acrílico sobre tela) apresenta uma cena onde se simboliza o ciclo afectivo do regresso ao “circo” das relações, mostrando a imaturidade emocional e a fidelidade teimosa, interrogando o motivo pelo qual se volta repetidamente a estas experiências.

O Hotel do Chiado, situado no emblemático edifício dos Armazéns do Chiado, conjuga arquitetura, arte e hospitalidade, oferecendo um espaço que partilha a vibrante tradição artística do bairro. A diretora Célia Loureiro afirma: “A verdadeira hospitalidade é também cultural: abrir as portas ao talento, provocar o diálogo e permitir a inquietação, celebrando a criatividade que pulsa na alma do Chiado. Aqui, a arte faz parte da experiência, criando pontes de diálogo e inspiração para visitantes e artistas.”

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