Os Paços do Concelho receberam, esta quinta-feira, dia 5 de outubro, a tradicional cerimónia evocativa da Proclamação da República, que em 2023, celebra 113 anos. Nos discursos, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas pediu para que se “olhe para o país real”. Já o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou a que “nunca se deixe acabar com a liberdade”.
.Esta cerimónia evocativa do 5 de outubro contou ainda com a presença do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, do Primeiro-Ministro, António Costa, e ainda da presidente da Assembleia Muncipal de Lisboa, Rosário Farmhouse. Igualmente, estiveram ainda executivo municipal da CML, presidentes de junta, e também os representantes dos partidos com representação na Assembleia da República.
O evento começou com a formação do batalhão da Guarda Nacional Republicana (GNR), na Rua do Arsenal. Carlos Moedas recebeu o Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ainda o primeiro-ministro, António Costa. O Chefe de Estado fez a habitual revista às forças em parada, e hastear da bandeira nacional, antes do início dos discursos. O primeiro a discursar foi Carlos Moedas, que iniciou a sua intervenção lembrando que “113 anos passaram desde que a República foi proclamada, aqui nesta grande varanda da nossa história”.
Segundo o autarca, “estas datas tornam-se símbolos, e o que fazemos com eles é nossa responsabilidade”. Aqui, o edil lisboeta anunciou que, para além do 25 de abril, a CML irá ainda festejar, “com uma grande iniciativa, o 25 de Novembro”. Moedas lembrou também que, muitas vezes, são criados discursos irreais, “que contrastam com o país real”. Isto, a seu ver, leva a um “divórcio” entre a política e as pessoas, que não se revêem nestes discursos.
Por isso, defende, “a política tem que voltar a ser vista, sentida e vivida pelas pessoas”. De seguida, o presidente da Câmara de Lisboa lembrou ainda “as minorias barulhentas e os ativismos radicais”, acrescentando que é necessário “um ativismo social que dê respostas concretas” às necessidades da população. “A República de 1910 autodestruiu-se também por causa dessas minorias barulhentas e desses radicalismos”, acrescentou Moedas, lembrando que, “quem fomenta esses radicalismos arrisca-se a colher, mais cedo ou mais tarde, a dissolução do regime”.
Olhar para o “país real”
O autarca lembrou também Eduardo Lourenço, um “bom herdeiro do espírito republicano e um grande português, que faria em 2023 100 anos de vida”. Este, recordou Moedas, “lançou-nos um desafio. O desafio de existirmos e nos vermos tais como somos”. Desta forma, isto “implica assumir o país real, o dos que trabalham todos os dias, que lutam todos os dias, e que fazem Portugal avançar”. São estas pessoas que “dão sentido a 5 de outubro” não só o de 1910, mas também ao de 1143, data da fundação de Portugal, considera Moedas.
Na sua perspetiva, “ver-nos tal como somos exige estar ao lado das pessoas”. Aqui, Carlos Moedas lembrou algumas medidas desenvolvidas pela CML nos últimos tempos, tais como o Plano de Saúde 65+, “que dá acesso a um médico 24 horas por dia”, ou a redução dos impostos. Deste modo, o edil anunciou mais uma descida da taxa de IRS. “Para o ano baixaremos mais um ponto percentual, devolvendo aos lisboetas 4,5% do seu IRS”, frisou.
Continuar a captar mais empresas
O autarca lisboeta deixou também umas breves palavras aos jovens, dizendo-lhes que “não têm de adiar a vossa vida indefinidamente. Não têm de procurar lá fora aquilo que não conseguem encontrar cá dentro”. Neste sentido, reforçou a importância de apostar na criação de mais emprego. “Em Lisboa estamos a criar esse emprego”, disse Moedas, recordando o investimento na Fábrica de Unicórnios.
“Desde a sua criação, já se instalaram [em Lisboa] 50 empresas da área tecnológica, vindas de 22 países diferentes e que anunciaram 7.500 postos de trabalho”. Destas empresas, 12 são unicórnios, prosseguiu o edil, reforçando que “Lisboa está na lista de seis cidades finalistas” ao título de Capital da Inovação da Europa.
“Coragem para fazer”
Ainda no mesmo discurso, Moedas acrescentou que, o que “é preciso hoje na política é principalmente moderação, bom senso, pragmatismo e coragem para fazer”, ingredientes estes que ajudam a construir o país, a superar as diferenças partidárias e não “nos deixarmos condicionar pelas subjetividades partidárias”. Por fim, o presidente da CML apelou aos políticos que “não se fechem no mundo irreal” e que se “adaptem à realidade”, para que as pessoas voltem a acreditar nos discursos políticos, para que, todos juntos, se possa “escrever uma página em branco”.
“Liberdade triunfará sempre”, considera Marcelo
Por sua vez, o Presidente da República (PR), Marcelo Rebelo de Sousa lembrou como era a vida há 100 anos, em que “poucos iam à escola”, por exemplo, passando para a atualidade, lembrando o atual conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Aqui, lembrou que a “balança de poderes no mundo” está a mudar, com “uns a descerem, e outros a subirem”. O Chefe de Estado falou ainda de uma mudança nas instituições. Esta mudança poderá acontecer tarde, como consequência da “incapacidade no superar da pobreza e das desigualdades sociais”.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda a necessidade de fortalecer a democracia, e ainda a necessidade de não deixar morrer a liberdade. “Vivemos mais liberdade e não podemos deixar morrer essa liberdade, incluindo a liberdade de pensamento e de expressão”, referiu. Por fim, o Chefe de Estado reforçou também, nesta cerimónia comemorativa do 5 de outubro, a importância de abrir a política aos jovens. Na sua perspetiva, estes “eram uma vanguarda há 50 anos” e hoje “nem sempre se vêm representados”.