CARLOS MOEDAS RECEBEU FIGURAS DE ESTADO NOS PAÇOS DO CONCELHO PARA CELEBRAR OS 112 ANOS DA REPÚBLICA

A Praça do Município, em Lisboa, recebeu esta quarta-feira, dia 5 de outubro, as cerimónias de comemoração dos 112 anos da Implantação da República. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, foi o anfitrião do evento, que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do Primeiro-Ministro, António Costa, do Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e ainda de membros do Governo e da oposição, assim como da presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Maria do Rosário Farmhouse, e do Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar.

A cerimónia, que contou ainda com o Batalhão de Honra da GNR, começou por volta do meio-dia, após a chegada de António Costa, Augusto Santos Silva e Marcelo Rebelo de Sousa, por esta ordem. O Presidente da República fez ainda uma revista às forças em parada, antes de seguir para o Salão Nobre, acompanhado de Carlos Moedas, para o tradicional hastear da bandeira nacional.

O momento foi acompanhado pela banda da GNR, que tocou o Hino Nacional. Logo a seguir, teve início os discursos, primeiro com Carlos Moedas, um estreante nestas cerimónias, uma vez que, em 2021, a celebração ainda foi presidida pelo antigo edil da CML, Fernando Medina, atualmente Ministro das Finanças, e que não marcou presença na cerimónia deste ano. Carlos Moedas começou a sua intervenção a lembrar que foi nos Paços do Concelho que a República foi proclamada, a 5 de outubro de 1910, e que, por isso, Lisboa faz parte da história nacional.

“Se hoje queremos que o Viva a República seja sinónimo de Viva Portugal, devemos inspirar-nos na vontade de mudança que ela significou naquele momento de há 112 anos, porque toda a realidade política precisa dessa vontade de mudança”, disse o autarca no seu discurso, enaltecendo os valores da República e todos aqueles que a tornaram possível. Para Carlos Moedas, “só através da capacidade de mudar, de se adaptar, de ultrapassar impasses e limitações que uma nação pode ter futuro”, e por isso, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa pediu a que se olhe para o futuro “com audácia”, e que não se ceda “à resignação, à inação, e ao desânimo”.

Ainda no mesmo discurso, Moedas lembrou os desafios que o mundo enfrenta nos dias de hoje, tais como as alterações climáticas, a crise económica e a guerra na Ucrânia. O autarca acredita ainda que se deve criar um “país preparado para um mundo mais competitivo” e que ajude as famílias a ultrapassar a crise económica, sobretudo o “jugo fiscal que se torna insuportável”, e considera que os municípios, a par com o Estado Central, devem agir e resolver os “problemas das pessoas”.

Carlos Moedas disse ainda que Portugal deve voltar a ser “um cais de embarque e um porto de chegada”, isto é, que seja uma ponte com outras culturas e continentes, e ainda um local “capaz de captar os talentos espalhados pelo mundo”. O autarca terminou a sua intervenção a lembrar que Portugal é o país da União Europeia onde os jovens saem mais tarde da casa dos pais “por razões financeiras”, e também aquele que “mais abandona os mais velhos”, e nesse sentido, a seu ver, devem ser criadas medidas para proteger os cidadãos.

“Durante os momentos mais difíceis da nossa história, os portugueses encontraram vontade e engenho para resistir e ultrapassar as maiores adversidades. E hoje devemos juntar à lembrança dessa história, um projeto para o amanhã, que mude mais uma vez Portugal”, prosseguiu o presidente da Câmara de Lisboa, que pediu “uma vigilância redobrada no cumprimento da Carta Universal dos Direitos Humanos”, a preparação “para a transição energética”, e ainda “uma transição digital centrada no bem-estar da pessoa humana e na transparência das instituições”, para que Portugal seja um exemplo na União Europeia.


Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que discursou a seguir a Carlos Moedas, partilhou a mesma visão sobre a importância da República e da democracia, recuando até 1922, ano marcado pelas consequências da Primeira Guerra Mundial e pela pandemia da Gripe Espanhola, e que abriram “caminho à inflação, ao desemprego, à agitação social, à fragilização de partidos e parlamentos, a novos movimentos defensores de ruturas radicais”, o que levou à ditadura, quer em Itália, através dos apoiantes de Benito Mussolini, quer em Portugal, com a instituição, quatro anos depois, de uma ditadura que durou até 1974.

Um século depois, o cenário não é muito diferente, devido à guerra na Ucrânia e à Covid-19, e que trouxeram “enormes custos económicos, financeiros e sociais”. No entanto, para o Chefe de Estado, a grande diferença nestes 100 anos é a existência de democracia. Hoje, “temos uma República democrática, o que não tínhamos em 1922”, alertando para os “novos apelos” antidemocráticos.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que, atualmente, “temos uma democracia em que as mulheres, e também os jovens, assim como os mais pobres ou iletrados têm direito de voto”, e que ajudam a eleger os órgãos políticos do país, assim como “mais liberdades políticas, económicas e sociais”, algo que não existia em 1922.

Contudo, o Presidente da República prosseguiu o seu discurso dizendo que é também importante existir “democracia nos factos” e uma democracia com “mais qualidade, melhores e mais atempadas leis, justiça, Administração Pública, controlo dos abusos e omissões dos poderes, prevenção e combate à corrupção das pessoas e das instituições”, referindo que esta sofre atualmente com “a pobreza, a desigualdade, a injustiça, a intolerância, a xenofobia, o racismo, e com a exclusão do diferente”.

Marcelo Rebelo de Sousa terminou a sua intervenção a reiterar as palavras de Carlos Moedas, pedindo que o povo “não se resigne”, porque na democracia “há mais realidades, mais soluções, mais energias de mudança do que aquelas que nos parecem existir em cada instante”. O dia 5 de outubro, para além da Implantação da República, é também Dia do Professor, a quem o Chefe de Estado dedicou umas breves palavras de agradecimento, porque garantem “a Educação e o futuro”.

Para o Presidente da República, neste dia “celebramos a liberdade, a democracia, e a República, três realidades que assim não existiam em 1922, e que nos dão a certeza de que há nunca fim da história. É nossa, de todos nós, a missão de construirmos e reconstruirmos essa história, dia após dia, a pensar nos portugueses”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa, exclamando “viva a República, viva a democracia, viva a liberdade, viva Portugal”.

Depois dos discursos, a cerimónia, que contou ainda com vários populares a assistir, terminou com o desfile das forças em parada.

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