GOVERNO PODE ACABAR COM ESTADO DE CALAMIDADE NAS FREGUESIAS CONFINADAS

Na segunda-feira, o Governo pode levantar o estado de calamidade nas 19 freguesias dos concelhos de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Sintra, admitem os autarcas Fernando Medina e Bernardino Soares.

Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa e também da AML admite que é «provável» que freguesias da Área Metropolitana de Lisboa saiam da situação de calamidade, porque «a situação hoje é significativamente melhor do que aquela que era há umas semanas».

Fernando Medina defende que a situação da pandemia nas 19 freguesias de Lisboa, Loures, Sintra, Odivelas e Amadora «está significativamente melhor», salientando que a situação epidemiológica na região tem evoluído de forma «positiva na generalidade dos municípios da Área Metropolitana».

O presidente da autarquia lisboeta revelou que será feita uma «avaliação com o Governo», no início da próxima semana, sobre a situação de calamidade e mostra-se confiante que parte ou o total das 19 freguesias deixem de estar nessa situação.

Na qualidade de presidente da Área Metropolitana de Lisboa, Fernando Medina, está confiante que a situação de calamidade seja levantada em parte ou em todas as 19 freguesias já na próxima semana. assim, se a situação de calamidade for levantada, as 19 freguesias vão juntar-se à restante Área Metropolitana, onde vigora a situação de contingência.

Apesar de considerar que estão reunidas as condições para que as freguesias saírem da situação de calamidade, o autarca ressalvou que «a decisão será obviamente do Governo», lembrando que «vamos continuar a ter covid-19 no nosso território e vamos ter de continuar a trabalhar e a manter as equipas no terreno, mas acho que estamos já num patamar em que podemos lidar com isso sem estar em estado de calamidade».

Já o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, considera que estão reunidas as condições para que as duas freguesias do concelho que têm medidas mais restritivas possam sair na próxima semana da situação de calamidade.

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350 casos ativos em Loures

«Se se confirmar a trajetória de descida, quer do número de casos ativos, quer do número de novos casos diários, eu julgo que estão criadas as condições para as nossas freguesias saírem do estado de calamidade», afirmou o autarca.

Bernardino Soares adiantou que neste momento em todo o concelho de Loures estão ativos cerca de 350 casos, «um número muito abaixo dos que já se verificaram. Os últimos números apontam para uma média de 19 casos diários, muito abaixo dos 30, 40, 50 que tivemos noutras semanas. Portanto, a situação está bastante normalizada», sublinhou.

Na próxima segunda-feira o Governo reúne-se com os presidentes dos cinco municípios da AML com freguesias em estado de calamidade para discutir e decidir o prolongamento ou não desta medida.

Dentro da AML, que é constituída por 18 municípios, 19 freguesias de cinco concelhos (Loures, Amadora, Odivelas, Lisboa e Sintra) estão em estado de calamidade, já que, disse na altura o primeiro-ministro, é onde se concentra «o foco de maior preocupação de novos casos de infeção registados».

As 19 freguesias que estão em estado de calamidade são: Santa Clara (Lisboa), as quatro freguesias do município de Odivelas (Odivelas e as uniões de freguesias de Pontinha e Famões, Póvoa de Santo Adrião e Olival Basto, e Ramada e Caneças), as seis freguesias do concelho da Amadora (Alfragide, Águas Livres, Encosta do Sol, Mina de Água, Venteira e União de Freguesias de Falagueira e Venda Nova), seis freguesias de Sintra (uniões de freguesias de Queluz e Belas, Massamá e Monte Abraão, Cacém e São Marcos, Agualva e Mira Sintra, Algueirão-Mem Martins e a freguesia de Rio de Mouro) e duas freguesias de Loures.

Nestas freguesias foram impostas medidas especiais de confinamento, como o «dever cívico de recolhimento domiciliário», ou seja, as pessoas só devem sair de casa para ir trabalhar, ir às compras, praticar desporto ou prestar auxílio a familiares. Os ajuntamentos estão limitados a cinco pessoas e estão proibidas as feiras e mercados de levante.

Transportes fonte de contaminação

Apesar de se mostrarem confiantes no levantamento das restrições, os residentes na freguesia de Santa Clara, em Lisboa, consideram que «os transportes vão continuar a ser uma fonte de contágio», exemplificando, por exemplo, o «autocarro 796, que sai de Entrecampos para as Galinheiras, está sempre cheio» e, ao contrário do que aconselha a Direção Geral de Saúde, «não tem boa ventilação e não foi reduzida a lotação máxima», afirma Maria José, auxiliar de limpeza e a trabalhar em várias empresas na baixa lisboeta.

A mesma queixa é feita por Cláudio Mendes, de Odivelas. A trabalhar na zona do Largo do Rato, em Lisboa, este empregado de café apanha todas as manhãs o autocarro 736 (Odivelas/Cais do Sodré) que, segundo afirma, vai sempre «apinhado de gente», o que aumenta os riscos de contágio.

Recorde-se que, na sexta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou a não utilização dos transportes públicos que não efetuam paragens frequentes, que não tenham uma boa ventilação ou que não apresentem redução da lotação máxima.

A DGS alerta ainda para as pessoas que tenham contato frente a frente com uma pessoa infetada, especificando que o risco aumenta quando a distância é de menos de dois metros e durante 15 minutos ou mais em espaços fechados. «A duração do contato com um caso de Covid-19 aumenta o risco de transmissão, pelo que é definido um limite de 15 minutos, de acordo com as recomendações internacionais, por questões de organização e exequibilidade», define ainda a norma.

A DGS deixou ainda várias medidas a adotar por um contato de alto risco durante o período de vigilância ativa: A automonitorização diária de sintomas compatíveis com Covid-19, bem como a medição e registo de temperatura corporal, duas vezes por dia, são medidas obrigatórias. A pessoa deve ainda estar contatável, implemente «rigorosamente as medidas de higiene das mãos e etiqueta respiratória» e se mantenha em isolamento/confinamento obrigatório, nos termos definidos na legislação em vigor, no domicílio ou outro local designado para o efeito.

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