A Câmara Municipal de Cascais, que já tem autocarros movidos a hidrogénio e outros projetos em desenvolvimento nesta área, vai montar uma «fábrica» capaz transformar 50 toneladas de lixo doméstico em 5 toneladas/ano de hidrogénio, que vai utilizar para o abastecimento dos seus autocarros a hidrogénio.
Com a Cimeira do Clima – COP26 em curso e com todas as atenções viradas para as alterações climáticas, a Câmara Municipal de Cascais vai ter um sistema capaz de transformar 50 toneladas de lixo doméstico, que deixa de ir para o aterro, em cinco toneladas de hidrogénio por ano, que será utilizado no abastecimento de autocarros municipais e veículos da recolha de resíduos, reduzindo totalmente as emissões de todo o processo de tratamento do mesmo.
O projeto arranca já no dia 8 de novembro, com a assinatura de um protocolo com as empresas portuguesas Floting Particle e IPIAC, unindo os setores público e privado no combate às alterações climáticas em Portugal.
Denominada Stella, esta unidade de produção (basicamente, um pequeno reator) apenas necessita de utilizar resíduos domésticos, ar e uma pequena quantidade de água, sendo autossuficiente em termos energéticos. Todo o processo de produção é eco-friendly, eliminando problemas como os dos alcatrões e sem emitir para a atmosfera qualquer gás nocivo.
Ao investir nesta tecnologia, a Câmara Municipal de Cascais, pioneira no desenvolvimento para a era do hidrogénio, «está a contribuir localmente para resolver dois dos problemas ambientais mais urgentes a nível global: a gestão dos lixos domésticos recolhidos pela autarquia (eliminando custos de transportes e o recurso a aterros sanitários) e a utilização de energias fósseis, que são altamente poluentes e cada vez mais caras», afirma a autarquia em comunicado.
De acordo com o parecer sobre a Prova de Conceito Tecnologia STELLA Vasco Amorim, Docente do Departamento de Engenharias da Escola de Ciências e Tecnologia – UTAD Investigador INESC TEC, «globalmente este projeto contribui para, pelo menos, três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas: Cidades e comunidades sustentáveis; Energias renováveis e acessíveis; e Indústria, inovação e infraestruturas».
Segundo explica o comunicado da autarquia, «os resíduos entram no reator STELLA, dando-se início ao processo de gasificação dos resíduos. A partir do reator, obtém-se hidrogénio e outros produtos como biocarvão e oxigénio e, por último, o hidrogénio produzido pode ter diversas aplicações, nomeadamente a produção de eletricidade ou, no caso específico da Camara Municipal de Cascais, o abastecimento de autocarros movidos a hidrogénio já em circulação em Cascais».
O STELLACASCAIS é um equipamento de prova de conceito para a produção de hidrogénio, com capacidade de conversão de resíduos de 250 kg/dia, o que representa uma capacidade de produção de hidrogénio de 24 kg/dia. A pureza de hidrogénio produzido é de 99,995%@25 Bar. A potência elétrica de carga da estação é de 35 kVA.