O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, fez esta quinta-feira de manhã um balanço das consequências do mau tempo que afetou seriamente várias zonas da capital. “Foi uma noite muito difícil”, disse o responsável. “Felizmente não há feridos graves no município de Lisboa, há muitos danos materiais”, afirmou o autarca, afiançando que “Lisboa tem capacidade para proteger as pessoas”.
“Ontem as nossas equipas conseguiram resgatar mais de 14 pessoas que estavam em situação muito difícil. Felizmente não há feridos graves no município de Lisboa”, anunciou Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, durante a conferência de Imprensa que realizou esta manhã de balanço às consequências do mau tempo em Lisboa.
Falando em “muitos danos materiais”, Carlos Moedas realçou, porém, não ter havido “dano da vida humana”, sublinhando que as intensas chuvas que provocaram inundações na capital portuguesa fazem “parte das mudanças climáticas”, e prometeu a construção de dois túneis de drenagem até 2025.
Tal como já tinha frisado durante a madrugada, o autarca apontou as alterações climáticas como a causa para “estes fenómenos extremos”, que “estão a acontecer cada vez mais”. “Em três meses, Lisboa já teve três fenómenos desta dimensão, em outubro, novembro e dezembro, sendo este o de maior dimensão”, alertou. “Foi uma noite muito difícil”, desabafou o responsável.
“Tivemos mais de 300 ocorrências em Lisboa. Basicamente, choveu, entre as 17h00 e as 1h00, 87 milímetros de água, algo que não se via desde 2014”, disse o autarca, recordando que nos últimos três meses a capital contabilizou três eventos desta natureza – com o maior deles ter sido o da noite de quarta-feira.
Por essa razão, Moedas voltou também a destacar a necessidade de avançar de construção dos túneis de drenagem na capital, anunciando que, com a aprovação do Orçamento Municipal, as obras deverão ter início em março.
O projeto consistirá em dois túneis de drenagem, a 70 metros de profundidade, com um a ir de Campolide até Santa Apolónia e outro de Chelas até Beato para escoar a água em caso de chuvas intensas. O autarca pediu “paciência” aos lisboetas dada a envergadura que a obra tem e a disrupção que os trabalhos terão na mobilidade na cidade.
“Nós consignámos a obra. Vai começar em março. Vamos começar a escavar este túnel que levará todas as águas da bacia até Santa Apolónia. Vamos evitar estas cheias de uma vez por todas, a partir de 2025”, salientou.
“É uma obra que vem de trás, mas agora sim vamos começá-la. Temos cá as máquinas, temos tudo o que é necessário. Vamos arrancar já”, acrescentou, revelando que será construído “um que vai de Campolide até Santa Apolónia e outro que vai de Chelas ao Beato”.
De acordo com Carlos Moedas, que se encontrava acompanhado pelo vereador da Proteção Civil, Ângelo Pereira, pela Diretora Municipal de Proteção Civil e comandantes do RSB (Regimento de Sapadores Bombeiros) e da Polícia Municipal, a situação em Alcântara foi a mais complicada, mas também existiram situações graves nas zonas do Campo Grande, Campo Pequeno, Baixa, Avenida de Berna e Avenida Cinco de Outubro.
“Neste momento temos de resolver a situação das pessoas em concreto. Falei com os 24 presidentes de junta de freguesia. Foi o que estive a fazer. Vamos estar no terreno. Daqui vou sair para ir falar com os comerciantes e os residentes das zonas mais afetadas”, acrescentou.
De acordo com Moedas, foram registados “87 milímetros cúbicos de água” entre as 17:00 de quarta-feira e as 01:00 de quinta-feira, “algo que não se via desde 2014”.
Ao todo, os Sapadores Bombeiros de Lisboa registaram 292 ocorrências a partir das 21:00 de quarta-feira até às 07:30 de hoje devido ao mau tempo que se abateu na capital, a maioria das quais inundações em habitações e na via pública.
O autarca advertiu ainda os condutores que tenham sido forçados a deixar os carros na via pública que, “se esta manhã forem ao sítio e não estiver lá a viatura, devem contactar de imediato a Polícia Municipal, pois esta precisou de rebocá-los”.
Carlos Moedas disse também que prosseguem os trabalhos nas zonas mais afetadas da cidade, como é o caso dos túneis no Campo Grande e no Campo Pequeno, que estão alagados e a água está a ser drenada do local.
Apesar de considerar que a cidade “esta calma”, Carlos Moedas adiantou que nas próximas horas a cidade voltará à normalidade. Aliás, de certa forma, já está a voltar. Estamos apenas a remover detritos e lixo”, disse o presidente da Câmara.
Moedas deixou ainda um apelo final aos lisboetas. “Ontem, muitas pessoas, em certos momentos e sobretudo nos túneis, sentiram que podiam arriscar, que iam passar, que não era assim tanta água. Queria pedir a todos que se isto voltar a acontecer, e vai voltar a acontecer porque é inevitável com as mudanças climáticas, que assim que virem que um túnel comece a ter um pouco de água, não passem com o carro”, declarou.
“Conseguimos durante esta noite ter a capacidade de não ter aqui qualquer dano da vida humano”, notou o autarca, apontando que os trabalhados ainda estão a decorrer nos locais mais “complicados”.