CONSTRUÇÃO DOS TÚNEIS DO PLANO DE DRENAGEM DE LISBOA ARRANCOU HOJE

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresentou esta segunda-feira, dia 3 de outubro, o seu Plano Geral de Drenagem, nos Paços do Concelho. Para já, vão ser construídos dois túneis, que têm o objetivo de recolher a água proveniente da chuva e devolvê-la ao Rio Tejo, evitando a ocorrência de cheias e inundações na cidade.

Na abertura desta sessão solene, António Carmona Rodrigues, antigo autarca da Câmara Municipal de Lisboa, e um dos responsáveis pela criação do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), ressalvou a importância deste projeto, dizendo que “esta obra vai contribuir para uma cidade mais sustentável e competitiva”.

“Houve umas pequenas cheias, em 2002, localizadas ali no Museu do Traje e o coletor que vinha pela estrada do Lumiar estava parcialmente colmatado e tinha sido feito numa altura em que não havia urbanização nenhuma e, portanto, aquilo inundava com muita frequência”, recordou Carmona Rodrigues, que na altura era responsável pelos pelouros do Urbanismo e Saneamento, salientando que foi este tipo de acontecimentos que levou à necessidade de se construir um plano de drenagem em Lisboa.

O PGDL foi criado em 2004, com o intuito de instalar, em Lisboa, um conjunto de medidas que ajudam a evitar as cheias e as inundações associadas a fenómenos extremos de precipitação. No entanto, o desenvolvimento do projeto esteve suspenso até 2015, ano em que o plano foi atualizado e posto finalmente em prática.

Para já, está prevista a construção de dois túneis de captação de água, um entre Monsanto e Santa Apolónia, e outro entre Chelas e o Beato. Ambos têm 5,5 metros de diâmetro interno e serão construídos muito abaixo das edificações e infraestruturas da cidade, a cerca de 70 metros de profundidade. A obra ficará a cargo do consórcio Mota-Engil e Spie Batignolle.

Estes dois túneis, que deverão estar concluídos em 2025, vão captar a água proveniente da chuva em Monsanto e Chelas, assim como noutros pontos de captação, entre os quais a Avenida da Liberdade, a Rua de Santa Marta e a Avenida Almirante Reis. Estas infraestruturas vão ajudar a conduzir a água recolhida até ao Rio Tejo.

Durante a apresentação do projeto, o coordenador da Equipa para a Implementação do PGDL, Eng. José Silva Ferreira, explicou ainda que, para além dos túneis, serão ainda construídas bacias antipoluição, que captam e armazenam as águas das chuvas, filtrando-as antes de chegar às ETAR; assim como uma central mini-hídrica sustentável, entre Monsanto e Campolide, e na qual se pode garantir um caudal mínimo de água dentro do Caneiro de Alcântara (que será conduzida por tubagem própria), que vai alimentar uma central mini-hídrica, de forma a reduzir substancialmente o consumo de energia elétrica na Fábrica da Água.


Por sua vez, a água captada nestas infraestruturas será reciclada para a lavagem de pavimentos, regas e incêndios. Desta forma, o PGDL prevê também a construção de depósitos de água, os quais serão colocados nas bacias antipoluição, e que vão servir para abastecer os marcos de água reciclada que serão instalados na cidade (de cor roxa, de forma a distinguir dos atuais hidrantes de cor vermelha).

Para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, “este é um dia importante para a cidade”, sendo que esta obra “tem um sabor muito especial”, uma vez que está a cargo de profissionais com quem o autarca se cruzou durante a sua carreira como engenheiro. Para o mesmo, Carmona Rodrigues “é o pai desta obra”, salientando que teve de esperar 18 anos para a ver em marcha. “O mérito, mais do que tudo, é da Câmara Municipal de Lisboa”, continuou Carlos Moedas, dizendo que esta obra vai permitir “o combate às alterações climáticas”, permitindo a redução significativa das cheias e a reutilização de águas.

“Vamos ter algo que é considerado um dos melhores projetos da cidade de Lisboa e que vai permitir poupar substancialmente na fatura da água”, disse o autarca, referindo que, atualmente, a CML “tem uma fatura de quatro milhões de euros” relacionadas com despesas de água.

O edil prosseguiu dizendo que “a obra vai ter impacto positivo”, apesar dos constrangimentos que irá trazer, e considera que a mesma vai “preparar a cidade para o futuro”. Carlos Moedas aproveitou ainda para agradecer a todos aqueles que permitiram que o PGDL fosse uma realidade, em particular a José Silva Ferreira e a António Carmona Rodrigues.

Nota de redação: Artigo atualizado pelas 22 h: 25 m

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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