Os moradores de Benfica votaram ‘Não’ ao alargado do estacionamento tarifado na freguesia. A decisão foi conhecida após um referendo local realizado este domingo, dia 12 de fevereiro, sobre o assunto. Apesar de não ter carácter vinculativo, a decisão servirá para a Junta de Benfica tomar uma posição sobre o assunto e expô-la nos órgãos municipais de Lisboa, para que travem a expansão da EMEL na freguesia.
Desta forma, votaram 9.476 eleitores, num universo de 32 mil votantes. Deste valor, 7.532 pessoas votaram contra o estacionamento tarifado e 1.902 votaram a favor. Já o número de votos brancos foi nove e nulos 33. No entanto, este referendo não terá poder vinculativo, uma vez que a afluência foi de apenas 30% do número total de eleitores. Neste sentido, seria necessário que, pelo menos, 50% dos eleitores votassem.
Contudo, o presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques, ouvido pelo Olhares de Lisboa, congratula-se com o resultado, que servirá para a junta tomar um parecer sobre o assunto. Desta forma, e para já, a Assembleia de Freguesia irá reunir-se para discutir o referendo e ainda uma proposta para aumentar o número de lugares de estacionamento na freguesia.
De seguida, e após esta reunião, o Executivo da Junta de Benfica irá pedir, com carácter urgente, uma reunião com o vice-presidente e responsável pela superintendência e acompanhamento das empresas municipais de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia. Da mesma forma, irá também marcar um outro encontro, desta vez com a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Rosário Farmhouse.
A ideia das duas reuniões é, segundo Ricardo Marques, transmitir a posição dos moradores e da Junta de Freguesia sobre o tema, bem como as suas sugestões para resolver a questão. Ao mesmo tempo, pretende ainda, através dos dois órgãos municipais, travar a expansão da EMEL em Benfica.
Junta de Benfica entende que solução para a falta de estacionamento é criar mais lugares
No futuro, a Junta de Freguesia pretende também reunir-se com a EMEL para debater soluções futuras que melhorem o problema do estacionamento em Benfica. “Esta é uma freguesia dormitório, onde os prédios são antigos e por isso, não dispõem de garagem, pelo que acredito que a solução passa sobretudo pelo aumento do número de lugares de estacionamento e melhoria das condições dos já existentes”, reforçou Ricardo Marques.
Este referendo, recorde-se, surgiu na sequência da intenção da EMEL alargar o número de zonas tarifadas em Benfica. Atualmente, existem parquímetros nas zonas do Colégio Militar, junto ao terminal de autocarros e Centro Comercial Colombo, e ainda junto ao Fonte Nova, equipamentos estes que entraram em funcionamento em 2019. Contudo, estas reuniões não preveem o fim do estacionamento tarifado nestes duas zonas, acrescentou ainda ao nosso jornal Ricardo Marques.
“A população deseja uma outra política de mobilidade e estacionamento”, explicam em comunicado Ana Abel e Maria Eulália Brito, eleitas da CDU na Assembleia de Freguesia de Benfica. Ao mesmo tempo, as autarcas reforçam que a solução passa sobretudo pela “criação de novos lugares de estacionamento em superfície, altura e profundidade a par da construção de parques dissuasores na entrada da cidade”.
Ainda assim, as eleitas falam ainda da necessidade em reforçar a ligação com os transportes públicos, bem como apostar “numa rede de transportes públicos de qualidade, tendencialmente gratuitos, e com horários regulares”.
CDU considera que EMEL não melhorou problema de falta de estacionamento em Benfica
Contactada pelo Olhares de Lisboa, Ana Abel explica que o partido fez “uma grande campanha” na freguesia pelo ‘Não’, uma vez que “os parquímetros não vão trazer mais lugares, pelo contrário”. Ao mesmo tempo, a eleita explica que, “mesmo com o dístico de residente, se a pessoa tiver de se deslocar para outro ponto da freguesia, vai ter de pagar parque”. Para além disso, Ana Abel acrescenta que, nos últimos anos, “a EMEL não investiu na melhoria do estacionamento” na freguesia, mais um motivo pelo qual não concordam com o aumento do número de zonas tarifadas em Benfica.
Por sua vez, Bela Rebelo, representante da Associação de Moradores do Bairro da Boavista, contactada pelo Olhares de Lisboa, também não concorda com a presença da EMEL em Benfica. “Nós somos um bairro social, temos bastante estacionamento”, explica, acrescentando que, contudo, estes moradores acabam por realizar grande parte da sua vida quotidiana na freguesia de Benfica.
Neste sentido, acrescenta que a expansão do estacionamento tarifado “será um incómodo muito grande”, porque obriga a que os moradores tenham de pagar parquímetro sempre que vão às compras ou tratar de algum assunto.
Ao mesmo tempo, a representante explica ainda que, para já, não está prevista a expansão da EMEL para o Bairro da Boavista, mas teme que, a médio prazo, o estacionamento tarifado chegue aquele local. Para além da Boavista, os restantes bairros da freguesia – Charquinho, Pedralvas, Santa Cruz, Calhariz e Monsanto, também assinaram uma petição contra a expansão da EMEL na freguesia.
Existem 37 parques da EMEL em toda a cidade
A EMEL gere e regula o estacionamento em Lisboa, sendo que, atualmente existem 37 parques geridos por esta empresa na cidade de Lisboa, alguns exclusivamente para residentes e comerciantes, outros exclusivos a rotação e outros para assinaturas mensais. Ao mesmo tempo, a cidade de Lisboa está igualmente dividida em zonas de estacionamento de duração limitada (ZEDL), sendo que a que esteve em causa neste referendo é conhecida no mapa como 9F.