Depois dos Bairros dos Alfinetes, em Marvila, e Padre Cruz, em Carnide, o programa ‘Morar Melhor’ foi apresentado esta terça-feira, dia 27 de junho, no Bairro da Boavista, em Benfica. No total, serão sete milhões de euros para intervenções neste bairro. Estas irão incidir na reabilitação de fogos municipais, mas também na requalificação de arruamentos, entre outros.
A presidente da Associação de Moradores do Bairro da Boavista, Anabela Rebelo, congratulou-se com a chegada do programa ‘Morar Melhor’ ao bairro. Ao mesmo tempo, salienta que “a Associação de Moradores sempre fez e continua a fazer o melhor para o bairro”. No entanto, reforçou que esta não consegue “dar casas nem fazer certas e determinadas coisas”. Por outro lado, tem capacidade para fazer pressão junto dos órgãos competentes para “exigir aquilo que o bairro merece e que necessita”.
Mais segurança e conforto aos moradores
Já o presidente do Conselho de Administração da Gebalis, Fernando Angleu, reforçou que, com a chegada do programa ‘Morar Melhor’ ao Bairro da Boavista, é possível dar continuidade à missão da Câmara de Lisboa em realizar “o maior investimento na reabilitação da habitação municipal desde o PER”. Neste sentido, explicou que, neste bairro, prevê-se a realização de obras de conservação ao nível das fachadas nos lotes que vão desde o número 11 ao 26. Por sua vez, esta intervenção irá durar seis meses.
Para o responsável, esta obra irá ainda trazer “mais segurança, mais conforto e mais eficiência energética” a estes lotes, que englobam 448 frações. No entanto, para além da reabilitação destes 16 fogos, cujo edificado “é antigo”, o programa ‘Morar Melhor’ prevê também intervir em mais 18 edifícios, o equivalente a 248 fogos. Por outro lado, quer ainda ainda recuperar 52 fracções. Até 2026, a CML vai investir 6,5 milhões de euros no Bairro da Boavista, três vezes mais que o investimento municipal realizado nos últimos 15 anos neste bairro, referiu Fernando Angleu.
Intervir em mais de 800 edifícios municipais até 2026
“Vamos chegar à Rua das Azáleas, na Rainha D. Catarina e iremos intervir também na Rua das Acácias”, acrescentou o presidente da Gebalis. Em 2022, esta empresa e a CML perspectivaram a intervenção de 830 fracções até 2026 em toda a cidade. Contudo, sublinhou Fernando Angleu, “queremos terminar todas estas obras em menos de metade do prazo”, ou seja, em 18 meses. Por outro lado, o responsável referiu ainda o papel fundamental da “intervenção comunitária” no cumprimento destes objetivos.
“O trabalho coletivo promove uma comunidade mais coesa e socialmente responsável pela conservação dos lotes”, prosseguiu Fernando Angleu, que destacou o papel crucial da Associação de Moradores do Bairro da Boavista. Ao mesmo tempo, salientou também o contributo de todos os parceiros “que integram o Gabinete de Apoio ao bairro”, da intervenção local, entre outros.
Sobre a última, o responsável deixou ainda uma palavra de apreço à coordenadora, Lurdes Santos. É a sua equipa que “continua a gerir o processo de realojamento, um projeto que nos permite, em conjunto com os moradores, a preservação da memória do Bairro da Boavista”. Por fim, o presidente do CA da Gebalis afirmou que esta empresa está a “trabalhar para que seja possível morar melhor” neste bairro. Por fim, pediu ainda alguma compreensão por parte dos moradores para as obras que se vão realizar.
Problemas não se resolvem de imediato, salienta Ricardo Marques
De seguida, interveio o presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques. O autarca reforçou que este “é mais um dia feliz para o Bairro da Boavista”. No mesmo sentido, lembrou que este será um investimento que vai permitir a “melhoria das condições de vida e de habitabilidade deste bairro”. Por outro lado, sublinhou ainda que o programa ‘Morar Melhor’ vai trazer várias requalificações, não apenas nas habitações, mas também no espaço público.
Aqui, Ricardo Marques parabenizou o investimento na reabilitação dos fogos habitacionais existentes naquele bairro. Alguns têm vários problemas e que não foram detetados com o programa Ecobairro, lembrou. “Todos sabemos que a solução que foi colocada na altura não se adequou às necessidades das famílias”, referiu. Estas frações vão agora ser recuperadas, e esta intervenção junta-se à reabilitação das alvenarias. Desta forma, sublinhou o presidente, “terminamos com a chaga das alvenarias”.
Continuar a investir no Bairro da Boavista
Por outro lado, admitiu que “os problemas de décadas não se resolvem em dois ou três anos”. Contudo, reforçou que a CML tem feito “um investimento continuado nas últimas décadas”. Foi graças a ele que o Bairro da Boavista se tornou “o bairro com maior investimento público per capita da Península Ibérica”. Por fim, Ricardo Marques reforçou a necessidade de se continuar a investir neste bairro.
Na sua perspectiva, “existe a necessidade de fazer uma intervenção mais profunda não só no património habitacional, mas também nos arruamentos, que necessitam de intervenção nos espaços verdes”. Por fim, o presidente da Junta de Benfica voltou a parabenizar o programa ‘Morar Melhor’ e manifestou a sua total disponibilidade para colaborar no que for necessário. “Quero pedir-vos, caros moradores, alguma serenidade nestes processos, que são processos lentos e precisam que todos nós colaboremos”, concluiu o autarca.
Construir mais habitação pública
Também o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, frisou que os “problemas não se resolvem num dia”. No entanto, sublinhou que tem “estado no Bairro da Boavista para ouvir” as pessoas. “Venho cá e voltarei cá. Este é um grande bairro, com pessoas que eu gosto muito e estou aqui para dar a cara”, acrescentou. Sobre o bairro, Moedas admitiu que este “tem muitos problemas”, mas garantiu que os irá resolver.
O programa ‘Morar Melhor’ vai fazer obras de obras de conservação da pintura em 16 edifícios. Por outro lado, vai também proceder à reabilitação de outros edifícios nas ruas da Azáleas, Rainha D. Catarina e Acácias, “que tanto foi pedido”. Estas intervenções, acrescentou o presidente da CML, representam um investimento municipal de sete milhões de euros. A estas intervenções juntam-se novas habitações atualmente em construção. Desta forma, a autarquia espera, até julho, entregar 40 novas habitações, e mais 50 até 2024.
No entanto, a CML vai ainda lançar, no próximo ano, o concurso para a construção de mais 106 habitações, um investimento de 13 milhões de euros. “A construção não aparece feita de um dia para o outro”, ressalvou Carlos Moedas. Contudo, concluiu a sua intervenção dizendo que percebe “a revolta” dos moradores e garantiu que irá resolver todos os seus anseios.