VIAÇÃO ALVORADA APRESENTOU OS NOVOS AUTOCARROS ELÉTRICOS

No âmbito da Semana da Mobilidade Europeia, a Câmara Municipal de Oeiras está a dinamizar um conjunto de atividades nesta área. Esta segunda, dia 18 de setembro, a autarquia realizou uma visita ao parque de viaturas da Viação Alvorada, em Queluz de Baixo, onde foram apresentados os primeiros 20 de 40 autocarros elétricos comprados pela empresa, e que já estão a operar na Área 1, ou seja, nos concelhos de Oeiras, Amadora e Sintra.

No total, a Viação Alvorada adquiriu 40 veículos elétricos, sendo que 20 foram fabricados na China e os restantes foram produzidos pela Salvador Caetano. Contudo, a empresa ainda não tem todos os autocarros disponíveis, estando a aguardar a chegada de 20. No total, o investimento nestes primeiros 20 veículos foi de oito milhões de euros, e incluiu também a instalação das infraestruturas de carregamento e de um posto de transformação (PT). No total, o investimento foi de 16 milhões de euros.

Existem duas garagens da Viação Alvorada, uma em Queluz de Baixo e outra na Adroana, em Alcabideche (concelho de Cascais). Os novos veículos vão estar em ambas, sendo que a primeira já está com todas as infraestruturas de carregamento a funcionar, explicou o administrador do Grupo Barraqueiro (ao qual pertence a Viação Alvorada), Artur Pedrosa. Contudo, a instalação das infraestruturas na Adroana, “está um bocadinho mais atrasada”, adiantou, explicando que esta aposta foi co-financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Para breve, a Viação Alvorada quer continuar a adquirir mais veículos “verdes” , no âmbito deste apoio. “Queremos fazer uma reoptimização da frota, porque há uma necessidade de adequá-la às zonas”, prosseguiu o responsável, acrescentando que, porém, “não será necessário, à partida, apostar em mais infraestruturação”.

Carregamento dos autocarros é feita à noite

Para já, em Queluz, existe capacidade para carregar até 20 autocarros em simultâneo e o objetivo é carregar estes veículos durante a noite, “quando a energia é mais barata”. Do mesmo modo, e para garantir a eficiência dos veículos, a empresa adquiriu autocarros com autonomia para todo o dia, podendo percorrer até a um máximo de 330 quilómetros. “Não necessitamos de fazer tanto, o que quer dizer que os autocarros vêm com uma reserva de energia bastante significativa, o que facilita o carregamento e não colocamos tanta pressão nas redes elétricas nem na operação rodoviária”, reforçou Artur Pedrosa.

Contudo, o responsável sublinhou que, para o futuro, “será necessário pensar na forma como são usados os autocarros, mantendo o esforço de ter sempre aqui autocarros a carregar. Aqui, em Queluz, há capacidade para 250 autocarros, mas “não conseguimos ter 250 autocarros a carregar à noite”, devido ao risco de sobrecarga da rede elétrica. “As infraestruturas podem não estar preparadas”, sustentou o responsável. Cada autocarro demora cerca de três horas a ficar totalmente carregado e cada um é alimentado por um carregador de 100 KW/h.

Hidrogénio é outra das alternativas em estudo

No entanto, e apesar da intenção em adquirir mais veículos elétricos, Artur Pedrosa admite que a frota não será composta na totalidade por eles, não só por causa das infraestruturas, mas também porque “é um risco enorme em termos de operação”, caso falte a luz, por exemplo. Artur Pedrosa acrescenta, igualmente, que “não faz sentido ligar os autocarros a geradores a diesel”. Por isso, adianta, a “E-Redes é parceira e está a acompanhar a situação”.

Contudo, salienta que a opção poderá também passar por carregadores alimentados através da energia solar. Estes, “aliados a acumuladores de energia, poderá facilitar o carregamento dos autocarros se houver um problema na rede”. Do mesmo modo, o responsável acrescenta ainda que a empresa está a olhar para outras formas de mobilidade sustentável, como por exemplo o hidrogénio. “Estimo que os veículos possam chegar aqui com 40% a 50% de energia, até porque as rotas não são assim tão longas”, prosseguiu.

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Reduzir os veículos movidos a diesel

Cada autocarro custou 385 mil euros à empresa e as infraestruturas de carregamento “entre 20 a 30 mil euros por autocarro”. Inicialmente, esta aquisição seria financiada pelo PRR em “100% da diferença de um autocarro a diesel, mas apenas garantiu 70%”, adiantou Artur Pedrosa. O responsável explicou ainda que o PRR financiou os custos relacionados com as infraestruturas em 15% por autocarro. Com a compra destes autocarros elétricos, será possível poupar cerca de 3.725 toneladas de CO2.

“Por cada veículo elétrico que entra, sai um a diesel”, sublinhou. Artur Pedrosa adiantou ainda, na mesma apresentação, que, atualmente, existem 10 carregadores duplos, e que o sistema faz uma gestão inteligente do carregamento. A Viação Alvorada é a empresa que garante a operação da Carris Metropolitana em Oeiras, Amadora e Sintra. Os contratos da Carris Metropolitana, que começou a operar em 2022, definem que a frota deve integrar pelo menos 5% de veículos não poluentes. “Estamos a criar mais sustentabilidade para as cidades, queremos continuar este caminho”, concluiu Artur Pedrosa.

Ainda faltam motoristas para assegurar a totalidade do serviço

Por outro lado, e segundo a diretora geral da Viação Alvorada, Cristina Dourado, a empresa tem, atualmente, 800 motoristas ao serviço. “Ao todo, recrutámos mais de 300” e atualmente, estão cerca de 100 a receber formação. No entanto, a responsável reforça ainda que seriam necessários mais profissionais, mas que esta lacuna “não afeta” o serviço atualmente prestado. Destes 800 motoristas, 143 são de nacionalidade brasileira e Cristina Dourado adianta ainda que, atualmente, a Viação Alvorada está a recrutar profissionais “em Cabo Verde e em Portugal”.

A diretora geral reforçou ainda que “a situação mais crítica prende-se com questões burocráticas”, ou seja, “motoristas que estão à espera da carta portuguesa e do exame de CAM há quatro meses”. Para já, a empresa está a tentar resolver a situação, garante a responsável. A empresa assume todos os custos relacionados com a formação dos motoristas, neste caso, a obtenção da carta de condução de pesados e o Certificado de Aptidão de Motorista (CAM).

Semana da Mobilidade termina no domingo

A apresentação destes veículos inseriu-se no âmbito da programação da Semana da Mobilidade, promovida pela Câmara de Oeiras. Segundo a vereadora com os pelouros do Ambiente e Qualidade de Vida, Joana Baptista, ao Olhar Oeiras, a autarquia tem vindo a apostar na renovação da sua frota e na mobilidade elétrica. Atualmente, “mais de 10% da nossa frota é elétrica”, garante a autarca, sublinhando ainda que este tem sido “um grande investimento financeiro” da CMO. Contudo, traz “muito retorno, do ponto de vista das boas práticas ambientais”.

Igualmente, Joana Baptista reforçou ainda que, em 2015, “todas as autarquias da Grande Lisboa delegaram a competência dos transportes na Área Metropolitana de Lisboa (AML)”. No âmbito destes contratos, a Câmara de Oeiras investiu perto três milhões de euros por ano. Esta Semana da Mobilidade, promovida pela Câmara de Oeiras, tem como objetivo “promover o transporte público, com conforto e segurança”, acrescentou Joana Baptista.

Outras iniciativas

Para os próximos dias, estão previstas mais iniciativas no âmbito desta Semana da Mobilidade, tais como a inauguração da Ciclovia da Medrosa, no domingo. Para esta terça, 19 de setembro, está prevista a apresentação do “Oeiras Vai e Volta”, entre as 12h00 e as 13h00, no centro histórico de Paço de Arcos. Este serviço contará com veículos 100% elétricos, e que se destinam a assegurar as deslocações de curta distância nos centros históricos do concelho.

A visita desta segunda-feira contou ainda com a presença do presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, do presidente da Parques Tejo, Rui Rei, e ainda da presidente da AML e da Câmara Municipal da Amadora, Carla Tavares. Esteve igualmente presente o presidente e o administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa, Faustino Gomes e Rui Lopo, respetivamente, entre outras personalidades. No final, houve ainda uma viagem nestes novos autocarros elétricos.

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