LISBOA QUER REFORÇAR REDE CICLÁVEL DA CIDADE

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) lançou, esta quarta-feira, 20 de setembro, um programa para melhorar as ligações escolares, através da mobilidade ativa e da rede ciclável. Este projeto surge no âmbito do Bloomberg Initiative for Cycling Infrastructure (BICI), ao qual a autarquia se candidatou e foi uma das 10 cidades mundiais escolhidas para a sua implementação.

A apresentação deste programa decorreu na Rua da Prata. Este é promovido pela Bloomberg Philanthropies, e é gerido pela Global Designing Cities Initiative (GDCI). Segundo o vice-presidente da CML, Filipe Anacoreta Correia, “Lisboa quer ser um marco da mobilidade a nível mundial”. Este projeto surge no âmbito de uma candidatura ao programa BICI, sendo que Lisboa foi uma das 10 cidades selecionadas para a sua implementação.

“Mais do que o retorno financeiro associado a este projeto, é efetivamente a marca Bloomberg. Ela representa o empenho e o compromisso que tem com esta agenda”, reforçou o vice-presidente da CML, sublinhando que o valor atribuído para o desenvolvimento do projeto é de cerca de 400 mil euros. “O nosso compromisso vai além disso”, garantiu Anacoreta Correia. Por isso, e para o desenvolvimento deste projeto, a autarquia vai investir com verba própria, sendo que, neste sentido, já estão destinados dois milhões de euros para o projeto.

No total, houve 270 candidaturas a este projeto, e Lisboa foi uma das 10 cidades escolhidas para a sua implementação. “É um grande orgulho e significa também a responsabilidade de melhorar as acessibilidades e a rede escolar”, acrescentou o autarca, referindo-se a este projeto como “diferente”. Este pretende melhorar as ligações escolares através da mobilidade ativa e a conectividade da rede ciclável da cidade. Desta forma, o objetivo com esta iniciativa será ir ao encontro dos objetivos definidos na estratégia de Mobilidade Urbana Sustentável da CML.

Cidadãos são convidados a testarem o projeto

Com isto, pretende-se, no futuro, reduzir as emissões de CO2, para atingir a neutralidade carbónica em 2030. Nesta ação, procedeu-se à implementação da ciclovia provisória que liga a Praça dos Restauradores à Baixa lisboeta. “Uma vez que estamos na Semana da Mobilidade, queremos mostrar também este compromisso e esta preocupação que Lisboa tem”, sustentou Anacoreta Correia. Para já, a autarquia encontra-se a testar as condições destas ciclovias. “Se o teste não resultar, nós vamos mudar o pavimento”, exemplificou.

Deste modo, e até ao dia 22 de setembro, os utilizadores de bicicleta são convidados a utilizar este trajeto e a preencher um inquérito. O seu objetivo é recolher dados quantitativos e qualitativos. A análise destes dados e a observação no local servirá para, no futuro, se desenvolver uma ligação ciclável entre a Praça dos Restauradores e a Praça do Comércio, ligando-a à Ciclovia Ribeirinha.

O vice-presidente da CML reforçou que a Rua da Prata, atualmente encerrada ao trânsito automóvel desde dezembro do ano passado, “é uma rua onde se quer reforçar a mobilidade suave”. Por isso, esta artéria poderá ser apenas destinada à circulação pedonal e ciclável. “Vai continuar a ter pelo menos o elétrico, porque é necessário”, acrescentou o autarca.

Melhorar a qualidade de vida em Lisboa

“A nossa expetativa é realmente ter esta ligação reforçada”, concluiu o autarca, lembrando que é igualmente necessário “atender às preocupações e desejos” da população. Pretende-se ainda “encontrar soluções mobilizadoras da cidade e de melhor qualidade de vida”, acrescentou. Por sua vez, Fernando Rosa, da direção municipal da Mobilidade da CML, explicou que, “quando o município se candidatou a este projeto da Bloomberg Philanthropies, não podíamos imaginar que íamos concorrer com 270 cidades de 66 países”, sendo quase como “uma lotaria”.

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Desta forma, o responsável realça que ser uma das cidades escolhidas para a implementação do projeto “foi muito importante”. Esta candidatura foi apoiada tecnicamente pela Agência de Energia e Ambiente de Lisboa, Lisboa E-Nova. Assim, esta instituição vai acompanhar a CML no desenvolvimento dos trabalhos. Por sua vez, este programa tem uma duração de três anos, terminando no final de 2025. Assim, cada cidade vencedora irá receber até um milhão de euros para a implementação do projeto.

No entanto, salientou Fernando Rosa, “muito mais do que esta verba, vale mais esta conquista, porque houve um reconhecimento e também porque temos o apoio da GDCI”. Por outro lado, o responsável reforça ainda que a “escola é um veículo de promoção de uma cultura sustentável”. Por fim, sobre o projeto, haverá 23 intervenções “distintas”. Ou seja, “cada uma corresponde a uma combinação de tipologias complementares. Na maior parte das vezes, estão associadas ao acesso ciclável dos alunos para as escolas”.

14 novas ciclovias

No total, prevê-se a implementação de 14 ciclovias segregadas, com mais de 10 quilómetros no seu conjunto. “A intervenção vai ser combinada com outras tipologias de intervenção”, acrescentou Fernando Rosa. Atualmente, existem cinco processos de participação pública dos cidadãos. “Este é o exemplo mais importante e que nos permitirá usar a metodologia para testar no terreno estas soluções, que nós consideramos que a cidade precisa e merece”, concluiu. Igualmente, esteve também presente nesta apresentação James Anderson, diretor executivo do programa.

O responsável disse ainda que se sente muito feliz por estar a implementar este projeto em Lisboa. Para ele, a iniciativa irá ajudar contribuir para cidades mais “seguras, sustentáveis e confortáveis” Por outro lado, ressalvou que “este programa irá ajudar-nos a trocar experiências”. James Anderson aproveitou ainda para disponibilizar todo o apoio técnico e financeiro da Bloomberg nos próximos três anos. Em simultâneo, “o objetivo deste projeto será ainda incorporar iniciativas já existentes”.

Algumas delas dizem respeito “aos comboios de bicicletas”, reforçou o responsável. No entanto, admitiu que “construir infraestruturas cicláveis nem sempre é fácil. Penso que, com este projeto, as cidades mostram que conseguem ser ambiciosas”. Por fim, James Anderson confessou ainda “que gosta de visitar Lisboa e ver como ela está em constante mudança, não apenas para os turistas, mas também para a população local. Espero que este programa possa ser uma continuação”, concluiu.

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