BIBLIOTECA D. DINIS FOI REABILITADA E JÁ ESTÁ EM FUNCIONAMENTO

A Biblioteca Municipal D. Dinis, em Odivelas, reabriu este sábado, 18 de novembro, ao público, após obras de requalificação. A intervenção durou dois anos e custou perto de dois milhões de euros, financiados em metade por fundos comunitários. Esta reabilitação incidiu sobretudo na requalificação e renovação do espaço, datado do século XVII. A Biblioteca D. Dinis foi inaugurada em 1997 e conta com mais dois polos, um em Caneças e outro na Pontinha.

A reabilitação da Biblioteca Municipal D. Dinis custou cerca de 1,9 milhões de euros, com 50% do valor a ser financiado pelos fundos comunitários Portugal 2020. “Tratou-se da reabilitação de um património muito importante para o concelho”, frisou ao Olhares de Lisboa o presidente da Câmara Municipal de Odivelas (CMO), Hugo Martins. “Estes fundos são muito importantes para que os munícipios tenham um incentivo para reabilitar o património e colocá-lo de uma forma mais moderna e funcional”, acrescentou o autarca.

Ao mesmo tempo, reforça que, no caso de Odivelas, estes fundos contribuíram para ajudar a requalificar um espaço “que promove a leitura e que é bastante frequentado por pessoas de todas as idades”. Esta biblioteca tem dois pisos, nos quais se pode encontrar uma sala dedicada às crianças, uma sala de leitura e uma sala reservada aos serviços técnicos. A biblioteca inclui ainda uma ‘Sala Fora d’Horas’, que funciona de segunda a sábado, entre as 09h30 às 23h00, no horário de Inverno (16 de setembro a 14 de junho).

Esta é uma sala destinada a todos aqueles que necessitem de um espaço para estudar ou trabalhar. Ainda de acordo com Hugo Martins, a reabilitação da Biblioteca Municipal D. Dinis “era um investimento necessário, até para tornar o espaço mais confortável, atrativo e funcional”. A intervenção decorreu entre 2021 e 2023. Durante essa altura, o espólio e atividade da biblioteca foram transferidos para o Centro de Exposições de Odivelas.

Alunos convidados a pintar azulejos sobre a biblioteca

As obras incidiram sobretudo na requalificação e renovação do espaço, sendo que houve um reforço estrutural. Igualmente, foi ainda instalado um novo sistema de climatização, dado que o anterior estava “extremamente degradado”, conforme explicou o Diretor de Obras Municipais da Câmara de Odivelas, Luís Jorge, durante a visita. No segundo piso, é ainda possível encontrar um painel de azulejos, pintados pelos alunos da Escola Secundária da Ramada, e dos Agrupamentos de Escolas de Caneças, D. Dinis, Moinhos da Arroja, Pedro Alexandrino, Sudoeste de Odivelas, e Vasco Santana.

Este trabalho tinha como tema a biblioteca e resultou de um convite que a Câmara Municipal fez à comunidade escolar em 2019. O objetivo era aumentar o conhecimento sobre o azulejo e as técnicas associadas a esta arte. Por fim, a Biblioteca Municipal D. Dinis funciona, na época de Inverno, de terça a sexta, entre as 09h30 e as 18h45, e aos sábados das 09h30 às 16h45. Na época de Verão (15 de junho a 15 de setembro), está aberta de segunda a sexta entre as 09h30 e as 18h45, e aos sábados das 09h30 às 14h45.

Espaço é datado do século XVII

Esta biblioteca funciona na antiga Quinta de Nossa Senhora do Monte do Carmo, que data da segunda metade do século XVII. Mais tarde, em 1678, o espaço muda de nome, passando a ser a Quinta Nova do Miranda. A justificação é que passou a ser propriedade da família Miranda Henriques. Esta quinta pertenceu por heranças sucessivas à família Miranda Henriques, até chegar à última proprietária desta família, D. Francisca Luísa de Miranda Brito e Marques, casada com Francisco de Paula Marques.

Em 1879, a quinta foi perdida, por via judicial, porque os proprietários não conseguiram cobrir a hipoteca. Numa escritura da época, a Quinta Nova do Miranda é descrita como estando totalmente murada, com acesso através de um pátio, composto por arcos de cantaria e algumas parreiras. Ao lado, tinha uma capela com porta para a rua, bem como uma adega, com lagar de cantaria, palheiro e acomodações para gado. Contudo, tinha ainda uma vinha, árvores de fruto e espinho, horta, e ainda dois poços.

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Espaço passa a ser a ‘Quinta do Mendes’ no final do século XIX

Em 1880, a quinta e a capela de Nossa Senhora do Monte do Carmo são adquiridas, por hasta pública, pelo industrial José Rodrigues Mendes. O novo proprietário, recupera a quinta na sua traça original. José Rodrigues Mendes teve três filhos, mas devido à morte dos dois irmãos, foi Virginia Clara Mendes a única herdeira. Por sua vez, João António de Sousa, marido de Virginia, revitalizou a quinta com a plantação de palmeiras, roseiras e buxos nos jardins, e ainda com a sua decoração com lagos e cascatas.

Já no início do século XX, Virginia Clara Mendes manda colocar energia elétrica no espaço e uma rede de campainhas. É também nesta altura que a proprietária decide fazer arruamentos na quinta, que passou a ser conhecida como “Quinta do Mendes”. Este espaço tinha uma zona residencial e uma capela setecentista. Tinha também um pátio e um jardim junto à casa e à zona dos animais, incluindo terrenos agrícolas, pomar, vinha, eira, lagar, entre outros.

Quinta passa para a gestão da Câmara Municipal de Loures em 1967

Em 1953, o Professor Doutor Augusto Abreu Lopes, Médico Veterinário e Diretor da Escola Superior de Veterinária de Lisboa, passa a ser o novo proprietário da quinta. Em 1967, este cede uma parte dos terrenos desta quinta à Câmara Municipal de Loures. Ou seja, o objetivo seria a construção de um reservatório de água e um Bairro de Obras Públicas para as vitimas das cheias do Bairro Gulbenkian. Ao mesmo tempo, Augusto Abreu Lopes cedeu também o palacete à autarquia, com a finalidade de aí criar uma cantina escolar.

Desta forma, a Cantina Escolar D. Dinis foi formalmente inaugurada no dia 31-05-1970. No entanto, este edifício acolheu também a sede dos escuteiros e a catequese. Em 1992, um incêndio destrói quase tudo o que restava da antiga casa da quinta. Por sua vez, entre 1996 e 1997, a Câmara Municipal de Loures recuperou o edifício, com o intuito de ali instalar a Biblioteca Municipal D. Dinis. A primeira pedra foi lançada a 22 de outubro de 1996 e a inauguração deu-se a 22 de novembro de 1997.

No ano seguinte, com a criação do município de Odivelas, a Biblioteca Municipal D. Dinis passou para a ser administrada por aquela autarquia. Mais tarde, em fevereiro de 2000, entra na Rede Nacional de Leitura Pública. Já em setembro de 2001, é inaugurado o polo da Pontinha e em 2011, abre ao público o polo de Caneças. Por fim, o patrono da biblioteca é o Rei D. Dinis (1261-1325), que se encontra sepultado no Mosteiro de Odivelas. O monarca promoveu a língua portuguesa como idioma oficial e ficou conhecido como “Rei-Poeta”, pela sua obra de poesia trovadoresca e como “Rei-Lavrador, pelo investimento na agricultura.

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