A Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresentou, esta quinta-feira, 21 de março, na Biblioteca Palácio Galveias, no Campo Pequeno, o programa da sua participação na Feira do Livro de Buenos Aires, onde será cidade convidada de honra.
Lisboa será cidade convidada de honra na 48ª Feira do Livro de Buenos Aires, na Argentina. A programação foi apresentada esta quinta-feira, dia 21 de março, na Biblioteca Palácio Galveias, no Campo Pequeno. Esta apresentação contou com a presença do vereador responsável pelo pelouro da Cultura, Economia e Inovação, Diogo Moura, que começou a sua intervenção a agradecer aos parceiros, tais como a EGEAC, a Direção Geral do Livro, dos Arquivos e da Bibliotecas (DGLAB). Também agradeceu ao presidente da CML, Carlos Moedas, referindo que, “desde que recebemos o convite, foi o primeiro a dizer que Lisboa tinha de estar presente”.
O autarca lembrou que a participação nesta feira vai ao encontro de um dos objetivos da CML, que é “colocar a cultura no centro”. Por isso, a programação assenta na afirmação da presença da capital portuguesa em três dimensões. Ou seja, esta participação vai muito além da venda e apresentação de livros portugueses no interior da Feira. Por isso, e para além da literatura, haverá ainda exibição de filmes, concertos, exposições, entre outros, em vários espaços culturais de Buenos Aires. Alguns dizem respeito à Embaixada de Portugal de Argentina, o Teatro San Martín, a Biblioteca Nacional de Buenos Aires, entre outros espaços. Alguns dos artistas presentes serão a Lisbon Poetry Orchestra, Rodrigo Leão, Ana Lua Caiano, Artur Pizarro, Expresso Transatlântico, Gaspar Varela, entre outros.
Mais de 100 atividades
Já ao nível do cinema, serão apresentados oito filmes e dois documentários, disse ainda Diogo Moura. Outros parceiros da participação de Lisboa na Feira do Livro de Buenos Aires serão ainda a Casa Fernando Pessoa, e o Instituto Nacional da Casa da Moeda (INCM), que irá editar um catálogo que irá mostrar o trabalho de 10 autores portugueses. A primeira, por sua vez, estará presente no certame com um stand e programação literária própria, recordando aquele que foi um dos maiores autores portugueses de sempre. “No total, serão mais de 30 músicos, 23 parceiros e mais de 100 atividades”, referiu o vereador da Cultura da Câmara de Lisboa.
Em paralelo, adiantou, a autarquia comprou “cerca de 400 quilos de livros”, a livreiros independentes, e que vão estar à venda na Feira do Livro de Buenos Aires, que decorre na capital argentina entre os dias 25 de abril e 12 de maio. No total, estarão presentes 37 autores, desde os consagrados aos emergentes. Alguns são, por exemplo, José Rodrigues dos Santos, José Luís Peixoto, Ricardo Araújo Pereira, Isabel Stilwell, Pedro Sepúlveda, entre outros. O convite para Lisboa participar nesta feira partiu da Federação El Libro. Esta é “uma federação privada argentina que organiza a Feira Internacional do Livro de Buenos Aires”, conforme explicou Diogo Moura aos jornalistas presentes, no final da apresentação.
Oportunidade única
“É uma oportunidade extremamente importante para nós” e que vai “ao encontro daquilo que é a nossa estratégia para a cultura e a estratégia de internacionalizar a cultura de Lisboa”, prosseguiu. O investimento nesta participação ronda os 500 mil euros. Dentro da feira, e para além do stand, a presença de Lisboa neste evento literário será marcada ainda com “um auditório e espaços de leitura”. O mote desta participação é “Lisboa Cidade Inspiradora”. “Entendemos que Lisboa é uma cidade de inspiração, não só para os autores, mas também para os leitores”, disse Diogo Moura. Para o vereador, esta feira será uma oportunidade para os autores e artistas darem a conhecer o seu trabalho na América Latina.
“Acima de tudo, é que os nossos escritores possam ter ali uma oportunidade de poderem ser traduzidos e serem mais conhecidos na América Latina”. O evento irá promover autores e obras de vários géneros literários. Alguns deles são a ilustração, a literatura infanto-juvenil e a poesia, por exemplo. Esta apresentação contou ainda com a presença da curadora Carla Quevedo, que salientou que esta participação “é uma oportunidade única para os autores, porque podem promover o seu trabalho”. A responsável sublinhou ainda que esta programação procurou ser diversificada, promovendo ainda a paridade entre homens e mulheres.
Chegar a novos mercados
“A ideia foi essa, termos o maior número de géneros literários representados”, sustentou a curadora, aos jornalistas, no final da apresentação. “A minha expetativa, para além de apresentar Lisboa e os autores portugueses, é que esses autores sejam traduzidos e que suscitem a curiosidade junto do público argentino. É muito importante para os autores serem lidos noutra língua”. De igual modo, procurou-se ainda estabelecer semelhanças e ligações entre as culturas dos dois países, havendo ainda conversas entre escritores portugueses e argentinos. Antes do arranque oficial da feira, a 25 de abril, haverá uma participação nas Jornadas Profissionais, que vão debater alguns aspetos relacionados com a literatura, a ilustração, a tradução, entre outras áreas.
Por isso, já estão confirmadas as colaborações com a Associação de Ilustradores (que terá uma mesa de discussão e uma exposição), com a Associação de tradutores e intérpretes, Encontro de Profissionais e Bibliotecários e com o Festival de Poesia. O evento pretende ainda fomentar o contacto entre autores e editores, para que as obras possam ser traduzidas. Para tal, foi criada uma linha especial de apoio à tradução, em parceria com a DGLAB, que será lançada na feira. A Feira do Livro de Buenos Aires é a quinta maior feira do livro do mundo e a terceira maior da América Latina.
Anualmente, recebe mais de um milhão e 200 mil visitantes. Igualmente, o certame tem ainda como hábito homenagear cidades em vez de países. Já receberam esta distinção as cidades de Montevideo (2018), Barcelona (2019), La Habana (2019) e Santiago do Chile (2022), seguindo-se agora Lisboa.
Promover a diversidade
Esta iniciativa pretende ainda promover o país, a língua e a cultura portuguesa, contando ainda com o Alto Patrocínio do Presidente da República. Para o presidente da CML, Carlos Moedas, a participação na Feira do Livro de Buenos Aires é ainda uma oportunidade para “se mostrar a diversidade de Lisboa”. “A cidade só pode melhorar se colocarmos a cultura no centro. Buenos Aires vai ser lisboeta nestas três semanas”, disse ainda o autarca, que apelou a que se crie “o hábito da leitura”.
“Se não lutamos pelo hábito da leitura, destruímos a democracia”, considera Moedas, reforçando que a cultura é uma das prioridades da CML. Aqui, deu como exemplo a criação do Passe Cultura, que, até ao momento, já possibilitou mais de 12 mil entradas gratuitas em diversos equipamentos culturais. Por fim, o presidente disse ainda que irá marcar presença no certame, a 28 de abril, “para apoiar todos”. Por fim, apelou ainda ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que também visite o certame. “Será um grande momento para Lisboa e para Portugal”, concluiu.