Depois das cheias de dezembro de 2022 terem inundado parte das instalações do Sport Algés e Dafundo, o clube descerrou, na passada segunda-feira, uma placa de agradecimento ao município de Oeiras pelo apoio dado na recuperação da atividade do clube, com 250 mil euros.
A Câmara Municipal de Oeiras (CMO) foi, esta segunda-feira, 13 de maio, distinguida pelo Sport Algés e Dafundo, pelo apoio dado na sequência das cheias de dezembro de 2022, que inundaram parte do clube. O reconhecimento foi, formalmente, atribuído pelo presidente do Sport Algés e Dafundo, António Bessone Basto, ao presidente da CMO, Isaltino Morais.
De acordo com Bessone Basto, conhecido atleta olímpico, ao Olhar Oeiras, esta iniciativa é o reconhecimento publico por tudo aquilo que a CMO tem feito pelo clube. “Este clube teve um passado difícil, as contas nunca andavam certas, ou poucas vezes estiveram certas, e depois da intempérie ficou completamente destruído. Não sabia o que havia de fazer, o clube estava completamente destruído, e tive que me agarrar primeiro aos sócios e aos amigos”, lembrou o dirigente.
“Muitos amigos, que não são sócios, ajudaram-me e num mês e dez dias consegui arranjar cerca de 60 mil euros. Ao fim de seis meses, a CMO deu-nos uma importância boa. Este clube, se hoje tem 107 anos deve-o à Câmara, que é quem tem ajudado sempre nos momentos maus”, disse Bessone Basto, lembrando que o prejuízo total decorrente das cheias de 2022 rondou os 500 mil euros.
Novas instalações
A autarquia financiou metade desse valor, o que, nas palavras do presidente do Sport Algés e Dafundo, “foi uma grande ajuda”, destacando também os apoios anuais dados pela CMO, e que rondam os 160 mil euros. “O clube que está envelhecido e tem muitas despesas de manutenção. Queremos ser um dos melhores clubes da Europa”, disse ainda o dirigente.
Para já, sabe-se, que a autarquia de Oeiras está a negociar os terrenos para instalar a futura sede do clube. As atuais instalações estão “muito envelhecidas e nós não estamos a ter as condições que tínhamos para os nossos atletas”, reclama António Bessone Basto, acrescentando que este clube “sempre teve atletas olímpicos”, sendo uma referência no concelho.
Bessone Basto é dirigente do Sport Algés e Dafundo há dois anos, mas há anos que está ligado à história d clube, não só por o ter representado, mas também porque o seu avô paterno, Rodrigo Bessone Basto, foi fundador e campeão pelo Sport Algés e Dafundo.
“Queria ser, um dia, reconhecido como foi o meu avô. Este foi o clube da minha infância, o meu avô arranjou este terreno”. Atualmente, o Sport Algés e Dafundo tem quase dois mil atletas, e promove modalidades como natação, judo, vela, ginástica rítmica, entre outras.
Renovação de equipamento
Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras (CMO), Isaltino Morais, disse ao Olhar Oeiras, que “esta homenagem vem a propósito das beneficiações que foram feitas no decorrer das cheias de 2022 e que afetaram as instalações das piscinas” do Sport Algés e Dafundo.
“O pretexto foram as cheias, que tornaram inoperacionais todo o equipamento de aquecimento da água, entre outros, mas na realidade, este equipamento estava obsoleto, o que trazia custos extraordinários para o clube, na ordem dos 20 mil euros mensais, relativos ao consumo de eletricidade”, justificou.
Segundo Isaltino Morais, foi possível instalar, no Sport Algés e Dafundo, diverso “equipamento novo e adequado” à atividade daquele clube, que é um dos mais apoiados pela autarquia.
“Em 1986, tinha eu sido eleito há dois, três meses, o primeiro terramoto que me caiu em cima foi o Sport Algés e Dafundo, porque, na altura, a Segurança Social queria encerrar o clube porque não tinha dinheiro para o manter”, revelou o autarca de Oeiras, recordando que foi esta Câmara Municipal que “teve de resolver o problema e suportar todas estas despesas”.
Duplicação da Ribeira
Ao longo dos anos, frisou, “tornou-se um dos clubes que tem um contrato a quatro anos, com o objetivo mantê-lo em funcionamento”, adiantando que a CMO continua a tomar medidas “paliativas” para evitar o que aconteceu em Algés no final de 2022.
“As cheias em Algés são cíclicas, as maiores foram em 1967, 1983, 1992 e 2022”, lembrou o autarca, sublinhado que, contudo, a autarquia está a proceder “a obras paliativas” de minimização do risco de cheias. Porém, ressalva, a solução “passa pela duplicação da Ribeira de Algés”, e que deve ser assumido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e pelos três municípios por onde ela passa – Oeiras, Lisboa e Amadora.
Parceria entre municípios e APA
“Tem que haver uma parceria entre os municípios e a APA”, reforçou o presidente, lembrando que, “em 2008/2009, foi feito um acordo entre a CMO e o então Instituto da Água [atualmente APA], em que cada um assumia as suas responsabilidades e a CMO ofereceu-se para pagar 50% do custo da obra”.
“Quando há um colapso em Algés, é a CMO que suporta as obras de requalificação. Ainda há pouco tempo, no Largo Augusto Comandante Madureira, foi feito um investimento na ordem dos 300 mil euros, custeados pela Câmara de Oeiras”. Por outro lado, criticou, se a autarquia nada tivesse feito, “aquele abatimento nunca mais teria sido reparado”.
O presidente da autarquia oeirense revelou que já teve várias reuniões com a APA e o Ministério do Ambiente para a necessidade de se avançar, o mais depressa possível, com as obras de duplicação da Ribeira de Algés. “Esperamos que a obra comece a qualquer momento”, disse o autarca, salientando, contudo, que a CMO vai avançar com obras na Avenida dos Bombeiros Voluntários. Por isso, espera que as duas obras sejam realizadas em simultâneo, uma vez que “não faz sentido fazer a Ribeira e fazer depois a outra obra e rebentar tudo outra vez”.