A Junta de Freguesia das Avenidas Novas (JFAN) celebrou, este domingo, 29 de setembro, 11 anos de existência e, por isso, promoveu uma programação especial, que contou com várias iniciativas culturais e uma sessão solene de aniversário, que aconteceu na Ordem dos Contabilistas Certificados, e onde foram homenageadas oito personalidades, de diversas áreas.
A fim de assinalar os 11 anos após a sua criação, a Junta de Freguesia das Avenidas Novas (JFAN) promoveu uma programação especial, e que terminou com a habitual sessão solene de celebração do 11º aniversário da JFAN, que aconteceu neste domingo, na Ordem dos Contabilistas Certificados. Nesta cerimónia, que foi apresentada pelo ator João de Carvalho, filho do veterano ator Ruy de Carvalho, foram homenageadas oito grandes personalidades da sociedade, nas áreas da Cultura, Desporto, Medicina, Comunicação, Forças de Segurança e da Esfera Empresarial.
Segundo o presidente da JFAN, Daniel Gonçalves, “é com imenso orgulho que me dirijo a todos vós, como presidente da JFAN, no dia em que esta autarquia completa 11 anos de existência”. “Esta data será, para sempre, por mim assinalada com grande honra e respeito. A génese desta freguesia começou em 2012, com a reforma administrativa que conseguiu agregar as freguesias de São Sebastião da Pedreira, Nossa Senhora de Fátima e parte de Campolide”.
Ir ao encontro das necessidades da população
O autarca lembrou ainda que “o municipalismo português está na génese do espírito democrático, e que mais tarde se traduziu na criação de câmaras municipais e das juntas de freguesia”. “No que concerna às juntas de freguesia, não é demais salientar que somos a primeira linha no contacto com o cidadão comum e é a nós que o cidadão comum recorre para tratar de questões ligadas às mais diversas necessidades. Todos estes assuntos, por maiores ou mais pequenos que pareçam, contribuem para que a vida em sociedade se regularize e se desenvolva sem problemas”.
“Como autarquia, temos o papel de encontrar estratégias cada vez mais eficientes para chegar a soluções que melhorem a vida de cada freguês. Por isso, temos de conhecer bem o nosso tecido social. Temos de estar atentos e ouvir as dificuldades e de saber o estado de cada um. Temos trabalhado para que ninguém fique para trás, desde a ação social, a educação, a cultura, o desporto, a higiene urbana, ou os espaços verdes. Temos tentado dar sempre resposta aos anseios dos nossos fregueses, sabendo, no entanto, que ainda há muito por fazer e, por isso, os desafios são diários”.
Investimentos na melhoria da vida dos fregueses
Daniel Gonçalves referiu ainda que os diversos investimentos que a JFAN tem vindo a realizar nos últimos tempos vão ao encontro das necessidades de toda a população residente na freguesia, dando como exemplo as diversas “ações de solidariedade e de combate à exclusão”. Estas contribuem “decisivamente para o desenvolvimento da freguesia das Avenidas Novas, potenciando o espírito de interajuda entre todos e a fruição do espaço público”.
“Continuaremos a apoiar a cultura, a educação, a saúde, o acompanhamento de idosos, dos mais jovens, das famílias, mas queremos também que a nossa freguesia se interesse pela sustentabilidade ambiental, bem como recuperar e valorizar o nosso património”. “Queremos dar mais vida à nossa freguesia, e, ao mesmo tempo, continuaremos a apostar nas parcerias com os movimentos associativos, com os agentes económicos, com a Câmara Municipal de Lisboa, com o objetivo comum de construir uma freguesia ainda melhor”.
“Pretendemos que as Avenidas Novas continuem a ser um espaço onde todos podem intervir e onde nenhuma área seja deixada para trás”. De acordo com o presidente da JFAN, “o trabalho autárquico é exigente e requer um esforço coletivo, mas com a vontade de todos, conseguimos fazer mais e melhor”.
Ainda há muito para concretizar no próximo ano
“A jovem freguesia de Avenidas Novas jamais esquecerá a sua história e o trabalho que aqui está refletido. Continuaremos a festejar, ano após ano, a criação desta grande freguesia. Criamos hábitos culturais e uma intervenção social forte e dinâmica. Este é um legado que nos orgulha”. Para Daniel Gonçalves, este é ainda “um dia especial não só para mim, como Presidente de Junta, mas para todos os que fazem parte desta instituição. É, de facto, um dia para comemorar a nossa história, o presente e aquilo que será o futuro. Recordo que estamos a um ano do término do nosso mandato e, por isso, muito trabalho temos ainda por cumprir”.
“Eu estarei cá com a mesma determinação, como se fosse o início de tudo. Contem comigo”. Ainda de acordo com o presidente, as oito personalidades aqui homenageadas “dignificaram e deixaram seu rasto na promoção da cidadania, nas suas atividades profissionais, sociais e cívicas, assim como no espírito de missão, incorporando os mesmos valores da nossa freguesia”, aproveitando para agradecer a todos os “trabalhadores e colaboradores da JFAN, que são, muitas vezes, a face invisível do nosso trabalho”.
Apresentadora Fátima Lopes foi a primeira homenageada
A primeira homenageada desta sessão solene foi a apresentadora Fátima Lopes, que se estreou na televisão em 1994, e foi a cara de vários programas líderes de audiências, tanto na SIC como na TVI. Licenciada em Comunicação Social, Fátima Lopes participou num casting e foi selecionada para apresentar o programa ‘Perdoa-me’, que foi um êxito de audiências na SIC nos anos 90. Ao longo dos últimos 30 anos, e a par dos inúmeros programas que apresentou, Fátima Lopes foi ainda agraciada com prémios como o de Melhor Apresentadora de Entretenimento, atribuído pela Casa da Imprensa, ou o Prémio Personalidade Feminina em Televisão, atribuído pela Revista Lux.
A homenageada, publicou ainda diversos romances e desenvolve atividade como oradora nas áreas do desenvolvimento pessoal e comunicação. Segundo Fátima Lopes, natural do Barreiro, mas registada na antiga freguesia de Nossa Senhora de Fátima, “tudo aconteceu aqui nesta freguesia”, pelo que esta homenagem “tem muito significado [para mim] e realmente há muitas pontas da minha vida que se contam a partir desta zona da cidade. Eu procuro honrar a comunicação e fazer dela um instrumento que seja de crescimento para as pessoas, uma comunicação vazia não faz sentido, uma comunicação com propósito, que ajude as pessoas a crescerem e a serem melhores pessoas, é aquilo que eu sei que hoje é a minha missão”.
Luís Gonçalves Sobrinho e Amélia Carvalheira foram também distinguidos pela JFAN
Por sua vez, o segundo homenageado foi Luís Gonçalves Sobrinho, um dos maiores endocrinologistas de Portugal, tendo-se distinguido como médico e como investigador. Nascido em 1939 em Lisboa, Luís Gonçalves Sobrinho licenciou-se em Medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1963. Apaixonado por Endocrinologia, formou -se na esta área, no IPO de Lisboa e no Laboratório de Endocrinologia do Hospital de Santa Maria. Ainda nos anos 60, destacou-se como investigador, tornando-se professor assistente de Medicina e Ginecologia. “O meu curso de Medicina também de deu direito a dois anos de férias no distrito de Tete, em Moçambique”, lembrou o médico no seu discurso, referindo-se à época em que esteve na Guerra Colonial, e que lhe “deixou muitas marcas”.
“Quero agradecer ao nosso presidente e muito obrigado a todos por estarem aqui”, concluíu. O terceiro homenageado desta sessão solene foi Maria Amélia Carvalheira, a título póstumo. A artista, nascida em Vila Nova de Cerveira em 1904, viveu durante cerca de 60 anos na Avenida João Crisóstomo e tornou-se uma das maiores escultoras portuguesas de arte sacra do século XX, sendo que grande parte da sua obra está presente no Santuário de Fátima e em Lisboa. Na freguesia das Avenidas Novas, conta com um jardim e um memorial em sua homenagem. Em 1994, quatro anos antes da sua morte, foi homenageada como uma exposição no Centro Cultural de Belém, sendo que, mais tarde, viu o seu trabalho exposto no Brasil e em Moçambique.
Luís Torres e Isabel Mota Veiga também foram agraciados
Foi José Cruz, responsável e guardião do espólio da escultora, que recebeu a distinção da JFAN em nome de Maria Amélia Carvalheira, uma vez que foi um dos grandes impulsionadores da divulgação de toda a sua obra, quer através do lançamento de uma fotobiografia, quer através do memorial de homenagem à escultora, inaugurado recentemente. Outro dos homenageados foi o empresário Luís Torres, que cedeu as instalações onde hoje se situa a Universidade das Avenidas Novas para a Terceira Idade (UNANTI), na Avenida Duque de Ávila. Graças a esta doação, é possível que os idosos residentes na JFAN possam ter acesso a mais de 12 aulas e ocuparem os seus tempos livres de uma forma didática.
Por motivos de saúde, Luís Torres não pôde comparecer nesta cerimónia, pelo que o galardão será entregue posteriormente. Isabel da Mota Veiga, campeã olímpica em equitação adaptada, foi outras das distinguidas nesta sessão solene. A atleta nasceu com algumas dificuldades de desenvolvimento motor, devido a uma paralisia cerebral e foi justamente para desenvolver as suas capacidades físicas que, por orientação médica, começou a fazer hipoterapia aos três anos de idade. Foi assim que nasceu a sua paixão pelos cavalos, o que deu um novo sentido à vida de Isabel da Mota Veiga que, em 2009, começou a competir a nível nacional, tendo se sagrado campeã, por diversas vezes, na modalidade paralímpica de equitação adaptada. Em 2010, começou a competir em vários campeonatos da Europa.
Óscar Pinto foi outro dos homenageados
Em janeiro de 2012 arrecadou o primeiro lugar numa prova internacional realizada em Barcelona. Quatro anos mais tarde, em 2016, participou nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, e, em 2020, qualificou -se novamente para os Paralímpicos de Tóquio. “Agradeço imenso o reconhecimento da JFAN, é muito importante para mim e também o apoio que esta junta me tem dado ao longo do tempo”, referiu a atleta. Também foi homenageado, nesta cerimónia, o chefe da Polícia de Segurança Pública (PSP), Óscar Pinto, que está colocado na 31ª Esquadra de Lisboa, foi reconhecido por João de Carvalho como alguém que “está sempre pronto a ajudar” e que as “suas qualidades de liderança e empenho abriram o caminho a uma rápida ascensão profissional”.
Desta forma, foi “promovido a chefe, depois a chefe principal, e mais recentemente, a chefe coordenador”. Foi esta dedicação às suas funções que lhe valeu um Louvor de Mérito da PSP e vários galardões pela assiduidade e exemplo. Nesta distinção, foi ainda exibida uma mensagem deixada pela sua equipa, que reconheceu em Óscar Pinto um grande exemplo de profissionalismo e de sentido de responsabilidade. “Em nome desta equipa, agradecemos todos os ensinamentos e ajudas prestadas. Ficamos orgulhosos e esperamos ainda ter o prazer de trabalhar mais algum tempo juntos”, referiram os operacionais que trabalham com Óscar Pinto e veem nele um exemplo a seguir.
“É com muita humildade e sentimento de gratidão que estou aqui hoje, quero agradecer à liderança do nosso comando da 5ª Divisão”. “É graças à nossa comandante, a Intendente Paula Cunha, que nos tem dado este apoio contínuo, a supervisão e a autonomia para podermos fazer o que é bom para a freguesia das Avenidas Novas. E essa supervisão e essa autonomia que nos dá, dá-nos conforto e bem estar”, disse Óscar Pinto no momento em que recebeu o galardão, referindo-se à sua equipa como “fantástica”.
JFAN homenageou Yvette Kace Centeno
A penúltima homenageada desta sessão solene, foi Yvette Kace Centeno, uma das maiores escritoras e filósofas portuguesas do século XX, reconhecida nacional e internacionalmente. Para além de filósofa consagrada, é ainda escritora, dramaturga, investigadora, tradutora, Professora Catedrática e Diretora Artística. Igualmente, foi uma das escritoras mais importantes do país, ao lado Lídia Jorge e Agustina Bessa-Luís. Yvette Kace Centeno nasceu em Lisboa, em 1940 e é autora de poesia, ficção, teatro, literatura infantil, ensaio e romance. Viu a sua obra traduzida em França, Espanha e Alemanha, e foi cofundadora da Academia de Coimbra, onde criou a área disciplinar de Estudos Teatrais.
Em 1987, fez parte do Conselho de Teatro e em 1991 foi nomeada diretora do I Festival Internacional de Teatro. Em 1983 tornou-se professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde coordenou várias áreas e fundou o Gabinete de Estudos de Simbologia, tendo ainda integrado um centro de estudos literários. Devido a problemas de saúde de Yvette Kace Centeno, que não pôde comparecer à cerimónia, o galardão foi entregue às suas três netas, Maria, Sofia e Teresa, que leram um pequeno texto escrito pela autora e no qual agradecia esta distinção por parte da JFAN.
É nesta freguesia que a autora reside desde os anos 70, e onde “conhece todos os cantos e recantos, os antigos e os novos restaurantes, e onde, com o seu marido, fez bons amigos, que me ajudam ainda hoje. À minha junta de freguesia, a minha gratidão e que se cante aqui sempre a alegria da liberdade. Obrigada pela vida que tive”.
João de Carvalho também foi homenageado
Por fim, o último homenageado desta cerimónia foi o anfitrião da mesma, João de Carvalho, nascido em fevereiro de 1955 e, por influência do seu pai, cresceu nos bastidores do teatro. O artista iniciou a sua carreira de ator na televisão, com apenas quatro anos, na “Noite de Teatro”, transmitida em direto na RTP. Em 1974, entra na Companhia de Teatro da RTP no Teatro Maria Matos, sendo que, dez anos depois, entra para o elenco permanente do Teatro Nacional D. Maria II onde foi, entre muitas outras funções, diretor de cena. No cinema, participou em várias longas-metragens, e na televisão, celebrizou-se em produções de sucesso como ‘Vila Faia’, ‘Duarte e Companhia’, ou, mais recentemente, ‘Malucos do Riso’ ou ‘Bem-Vindos a Beirais’.
No entanto, e a par da representação, João de Carvalho esteve também na vida política, tendo sido eleito vereador como o pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, em 2009. O ator mostrou-se completamente surpreendido com esta homenagem, lembrando que é esta profissão “que ama” e à qual dedica muito “é amor, em cada papel, em cada personagem que tento pôr cá para fora. Sempre me entreguei com amor, foi aquilo que o meu pai me ensinou”. João de Carvalho lembrou ainda que não será o último ator da sua família, recordando que descende de uma família fortemente ligada à representação, pois, para além do seu pai, a sua tia trabalhou nos Parodiantes de Lisboa.
Fazer as coisas com amor é essencial
“A primeira coisa que eu me lembro de cheiros, além dos pinheiros, do Casal dos Pinheiros, foi o cheiro das colas nos cenários. Era uma coisa impressionante. E depois foi o ver os espetáculos. Não há forma de não ganhar amor. Eu cresci com todos aqueles que hoje nós chamamos de grandes. Um dos homens importantes no meu crescimento foi um grande comediante chamado Vasco Santana, com quem bebi um pouco da sua arte e do seu amor à arte. Mas todos aqueles que ainda cá estão, que são meus colegas e que têm trabalhado comigo, todos eles me ensinam”, referiu o ator.
“Acreditem numa coisa, não se pode fazer nada sem amor. Na política temos que fazer, ou pelo menos tentar fazer, com que os outros percebam que nós podemos dar amor. Eu tentei isso quando fui vereador: tentei dar amor e trazê-lo para o pé de mim e lidar com aqueles que trabalhavam comigo, tal e qual como tenho que fazer em cima de um palco”.
JFAN celebrou os 11 anos durante toda a semana
Esta sessão solene integrou-se num conjunto de atividades que a JFAN realizou, ao longo da última semana, para celebrar os 11 anos da formação da freguesia. A festa começou na última segunda, 23 de setembro, com uma Noite de Fados no Jardim do Arco do Cego, e onde participaram os músicos André Ramos, Bernardo Sá Nogueira, António Martins e José Inácio.
Na terça, 24 de setembro, realizou-se a apresentação do livro de Vítor Luís Eleutério, intitulado ‘Curiosidades e Memórias das Avenidas Novas’. No resto da semana, houve ainda música, com o concerto dos ‘3 Barítonos’, e com o espetáculo ‘Do Bunker para as Avenidas’. A programação contou também com o Avenidas Hot Jazz e uma sessão de Teatro Infantil ao ar livre, destinada a toda a família.
NR: notícia atualizada dia 30/09/2024 às 22h57
