O alargamento do metro até Loures e a possibilidade de recuperação da ideia da Parceria Público-Privada no hospital Beatriz Ângelo, que também serve o município de Odivelas, são duas decisões políticas, urgentes, que não podem, nem devem ser afetadas pela atual crise politica, avisa o presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, que considera que “se há pressa para PPP no hospital, tem de haver pressa também para a expansão do metro a Loures”.
Com uma crise política anunciada, Ricardo Leão deixa o alerta de que a população não vai perdoar se a obra do metro não avançar, até porque está tudo pronto para o alargamento do metro até ao concelho de Loures. Por isso, a obra não pode ficar pelo caminho.
Para o autarca do PS, “se há pressa para a questão das PPP, tem de haver pressa também para a expansão do metro” a Loures, “se não, não consigo perceber as urgências. Aquilo que preocupa a população do concelho é aquilo que ficou comprometido comigo. Fevereiro já passou (…) Faço este apelo: se há pressa para umas coisas, tem de haver pressa para outras coisas”, critica o autarca.
O presidente da Câmara de Loures espera que haja tempo suficiente para que o Governo coloque na agenda dos vários Conselhos de Ministros, que ainda poderão existir, tempo para que se decida o avanço do metro de Loures. Caso contrário, a autarquia e a população não vão perdoar, avisa Ricardo Leão, à Renascença.
“Eu faço este apelo, faço este alerta, se houve esta capacidade do Governo em levar já uma PPP para Conselho de Ministros, sem previamente articular com a Câmara, eu espero que aquela que estava devidamente articulada com a Câmara seja cumprida, porque eu não conseguiria perceber. A população não vai conseguir perceber se isto não avançar e por isso vão existir vários Conselho de Ministros, ainda e faço este alerta ao governo para incluir aquilo que estava tudo preparado”, apela.
O presidente da Câmara Municipal de Loures, lamenta que o Governo não tenha cumprido o “compromisso já antigo” que tinha de lançar novamente um concurso público para a expansão do metropolitano ao concelho.
Comentando em declarações ao Jornal Económico a decisão sobre a gestão do hospital que o Governo quer reconverter em parceria público-privada (PPP), o socialista lembra que há “outra urgência muito maior no município” e sobre a qual o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, se tinha “comprometido”, que era, “durante o mês de fevereiro, dedicar um Conselho de Ministros para se lançar novamente o concurso público para a expansão do metropolitano ao concelho de Loures.”
Ricardo Leão espera, também, que a expansão do metro não seja usada para “arremessos políticos”. O autarca garante que o processo está já avançado com o Governo e que tem tido, nos últimos tempos, várias reuniões com o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e com o Ministério das Finanças.
“Garantiram que no mês de fevereiro iriam levar o assunto a Conselho de Ministros, o lançamento do novo concurso público para a expansão do metropolitano a Loures, com novos valores garantidos pelo Orçamento do Estado e por um empréstimo ao Banco Europeu de investimento”, detalha.
Sim a PPP para Beatriz Ângelo
Por outro lado, o socialista assume que o Hospital Beatriz Ângelo funcionava melhor quando era uma PPP, mas defende que a solução devia passar por mantê-lo público, com mais autonomia para a administração.
“Todos os dados estatísticos apontam, quer do ponto de vista de indícios de satisfação dos utentes, todas as estatísticas que associam o Hospital Beatriz Ângelo, quando era parceria público-privada, garantiam um melhor serviço médico”, apontou Ricardo Leão, em entrevista à SIC Notícias.
O autarca enfatizou que a ideologia não deve sobrepor-se às necessidades práticas, mostrando-se apologista “sempre da empresa pública” e da “liberdade aos administradores hospitalares”.
“A parceria público-privada não terminou da forma como muita gente diz”, começou por referir o presidente da Câmara de Loures, explicando que a decisão de encerrar a PPP foi motivada por exigências financeiras do parceiro privado, que “exigia do Governo uma contrapartida financeira dos prejuízos que teve por via do covid-19”.
O presidente da Câmara de Loures não contesta, assim, a ideia de recuperar a Parceria Público-Privada no hospital Beatriz Ângelo, que também serve o município de Odivelas.
Entrevistada pela Renascença, o presidente da Câmara de Loures lamenta não ter sido ouvido sobre o processo, mas não o contesta. Ricardo Leão espera, no entanto, que o hospital se mantenha no quadro dos interesses do SNS.
Atendimento de qualidade
Para o autarca o importante é que a população seja atendida com qualidade e que por isso nunca colocará “a ideologia à frente dos interesses da população”.
As PPP vão agora ter sob a sua alçada as Unidades Locais de Saúde ligadas aos respetivos hospitais, resultando numa gestão privada dos centros de saúde da respetiva área.
Ricardo Leão, que acompanhou de perto o fim da PPP no hospital Beatriz Ângelo, lembra que depois da pandemia, “a entidade privada não se mostrou disponível para continuar. Ao fim de ano e meio, dois anos, do HBA como empresa pública, os resultados são muito piores do que os dados que havia com a PPP. O que tenho transmitido ao anterior e atual ministra da Saúde é que se deve colocar acima de tudo os interesses da população”.
“Se não se dá mais liberdade aos gestores hospitalares públicos na contratação e na autonomia financeira, pode vir o melhor gestor do mundo e não vai conseguir fazer rigorosamente nada. Ou se faz uma nova PPP ou dê-se mais liberdade às administrações hospitalares”, afirma.
O autarca recorda que o terreno (avaliado, à época, em 40 milhões) onde foi construído o hospital foi cedido pela Câmara de Loures de forma gratuita, vendo com redobrada insatisfação que o hospital não está a servir aquilo para que deveria servir. “Espero que o HBA recupere a credibilidade que perdeu em diversas áreas. E espero que haja médicos para as novas USF que vamos abrir no concelho”, defende.