APRESENTADOS OS NOVOS ELÉTRICOS ARTICULADOS DA CARRIS

Foram apresentados, esta sexta-feira, dia 22 de setembro, três dos 15 novos elétricos articulados comprados pela Carris e que vão servir a carreira 15E, entre o Cais do Sodré e Algés. Para o futuro, a empresa quer prolongar esta linha até ao Jamor e também a Santa Apolónia e, mais tarde, ao Parque das Nações. Igualmente, quer ainda continuar a apostar em veículos mais sustentáveis, e, no próximo ano, espera adquirir 44 autocarros elétricos e mais 24 movidos a gás natural.

Segundo o presidente do Conselho de Administração (CA) da Carris, Pedro Bogas, “a Carris já não comprava elétricos desde 1995”. Com a aquisição destes novos 15 elétricos articulados, é possível garantir um meio de transporte “confortável, silencioso e amigo do ambiente, proporcionando uma excelente experiência de viagem”. Para já, a Carris já tem seis elétricos e três deles já começaram a percorrer a linha 15E esta sexta-feira. O sétimo veículo chegará na próxima segunda, adiantou Pedro Bogas.

O responsável falava durante a apresentação destes veículos, que aconteceu na Estação de Santo Amaro, em Alcântara. O mesmo lembrou ainda que a chegada dos elétricos foi “um processo trabalhoso”, que começou com a aquisição dos veículos, a que se juntou a preocupação com o cumprimento dos prazos estabelecidos. Felizmente, sublinhou Pedro Bogas, “o nosso fornecedor [a CAF] cumpriu com os prazos de entrega e, muitas vezes, até se antecipou”. Os novos elétricos vão servir a linha 15E, que liga Algés à Praça da Figueira. No entanto, devido às obras a decorrer na Baixa de Lisboa, o percurso está a terminar no Cais do Sodré.

Percorrer toda a zona ribeirinha de elétrico

Para breve, adiantou o presidente do CA da Carris, pretende-se estender esta linha até à Cruz Quebrada/Jamor e a Santa Apolónia, e mais tarde, prolongá-la até ao Parque das Nações. Pedro Bogas aproveitou para agradecer a toda a equipa que possibilitou esta concretização, sobretudo ao diretor de operações da Carris, António Martins Marques, “que foi a pessoa que mais lutou por estes novos elétricos articulados”. O responsável agradeceu também à Câmara Municipal de Lisboa (CML), principal acionista da Carris, por todo o apoio e colaboração na melhoria do serviço prestado pela empresa.

“O nosso plano foi aprovado pela CML”, adiantou Pedro Bogas, reforçando que este plano assenta em dois pilares “a sustentabilidade ambiental e a melhoria da eficiência e qualidade do serviço”. A aquisição destes novos elétricos representa um investimento da Carris de 40,4 milhões de euros. A juntar a isto, a empresa prevê ainda investir 170 milhões de euros, até 2026, na renovação da frota. Deste modo, prevê adquirir 44 autocarros elétricos, já no próximo ano. Destes, 30 são veículos standard e os restantes 14 são minibus.

Em paralelo, conta também comprar mais 24 autocarros articulados, movidos a gás natural, de forma a garantir “50% de uma frota amiga do ambiente”, reforçou Pedro Bogas, adiantando que, até 2026, a Carris quer ainda comprar mais 350 novos autocarros, movidos a energias limpas, de modo a que, daqui a três anos, 80% da sua frota seja sustentável.

Melhorar a experiência de viagem

Contudo, para o presidente do CA da Carris, a renovação da frota é igualmente importante para dar mais conforto aos clientes. Pedro Bogas realçou que, atualmente, a Carris “consegue retirar 120 a 130 mil carros por dia das ruas”, e quer aumentar estes valores para “150 a 160 mil”. Por isso, a Carris quer ainda “melhorar a experiência de viagem” dos passageiros, através de um conjunto de investimentos. Um deles será na aplicação móvel, que irá disponibilizar informação em tempo real, e também nos modos de pagamentos de títulos de transporte.

Deste modo, a Carris quer disponibilizar os pagamentos através de cartão bancário, dentro dos autocarros, e, nesse sentido, está ainda a desenvolver uma outra app, em parceria com a Via Verde. Por outro lado, quer também “investir na formação dos funcionários” e contratar novos motoristas. Este ano, já contratou mais 110 novos profissionais e no próximo ano, espera ainda recrutar mais 110 tripulantes. A par disto, a Carris está, igualmente, a apostar num sistema de gestão de segurança rodoviária e na renovação da rede atual, que já tem “15 anos e está remendada”, disse o responsável.

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Criar um hub com várias empresas ligadas à mobilidade

Ao nível das infraestruturas, acrescentou Pedro Bogas, a empresa quer também investir 50 milhões de euros na conservação do seu património. Aqui, está ainda prevista uma intervenção na Estação de Santo Amaro, que irá “agregar o passado, o presente e o futuro”. Neste ponto, o responsável fala das intenções em melhorar o Museu da Carris, mas também em criar um hub com várias empresas ligadas à mobilidade. No mesmo discurso, Pedro Bogas lembrou “a capacidade de inovação da Carris” ao longo dos seus 151 anos de história.

“Foram vários momentos de mudança”, prosseguiu, dando como exemplo a “entrada dos elétricos, em 1901, e depois, em 1944, a entrada dos autocarros. Mais tarde, quando já se começava a falar em sustentabilidade, a Carris investiu na remodelação dos elétricos”, aos quais juntou mais “10 novos elétricos”.

Fazer políticas de mobilidade em conjunto

Por sua vez, o presidente da CML, Carlos Moedas, reforçou que “a primeira coisa que temos de pensar é em tirar a política da mobilidade e sim, criar políticas de mobilidade”. O autarca lisboeta lembrou que Lisboa é uma das 100 cidades europeias que quer ficar livre de emissões de carbono até 2030 e que, por isso, é imperativo apostar na mobilidade sustentável. “Existem três pilares essenciais na mobilidade”, prosseguiu Moedas, sublinhando que o primeiro diz respeito ao “investimento” e o segundo ao “acesso”. Neste ponto, o edil deu como exemplo a medida dos passes gratuitos, que levou Lisboa “a liderar e a ser um exemplo para o país”.

São estas medidas, considera, que levam a uma mudança de hábitos por parte da população, essencial para garantir a mobilidade mais sustentável. “Só mudamos se for visível no bolso das pessoas”, salientou o presidente da CML, reforçando que o terceiro pilar “é esta viagem da sustentabilidade”. “Estas medidas positivas têm de acontecer, porque o que é sustentável tem de ser mais barato”, prosseguiu, admitindo, contudo, que é necessário existir “investimento por parte do setor privado” para que tal aconteça. Por fim, Moedas disse ainda estar a trabalhar, juntamente com a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) para que o LIOS seja uma realidade em breve.

Mudança de mentalidades

Já o presidente da CMO, Isaltino Morais, também marcou presença nesta inauguração. No seu discurso, o autarca começou por realçar que a mobilidade passa “por todos os tipos de transporte”. Aqui, recordou os quatro novos parques de estacionamento que inaugurou esta quinta-feira, em Algés, em Linda-a-Velha e em Porto Salvo, pois considera que eles são um complemento ao uso dos transportes públicos e a uma mobilidade mais sustentável. Por outro lado, manifestou-se, em nome da Câmara de Oeiras, “para ser um acionista da Carris”, tal como é a autarquia lisboeta.

“Temos uma estação em Miraflores, mas não temos elétricos em Miraflores”, exemplificou, pedindo à empresa que volte a levar o elétrico até à Cruz Quebrada, como já aconteceu no passado. Para o autarca de Oeiras, “é fundamental que o presidente da Câmara de Lisboa seja um pivot da Área Metropolitana de Lisboa (AML), defendendo ainda que é igualmente importante “mudar a relação de Lisboa com os restantes munícipios da AML, criando uma relação mais próxima”. Isaltino Morais reforçou que, diariamente, “saem de Oeiras para Lisboa cerca de 50 mil pessoas e de Lisboa para Oeiras mais de 45 mil”.

Por isso, pede uma maior integração dos transportes e das empresas que servem a AML, para melhorar a mobilidade na região. Por outro lado, o autarca lamenta que não se consiga fazer mais nesta matéria “porque existe um excesso de poder” por parte das concessionárias. Elas, considera, “estão sempre à espera de benefícios, mas não dão benefícios aos utentes”.

Mais cooperação institucional

No mesmo sentido, salientou ainda que o “Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) tem de zelar para que a rede municipal se articule com a rede nacional”. De acordo com Isaltino Morais, “a A5 foi construída há 34 anos e está na mesma”. Referindo-se à Brisa, empresa que gere esta artéria, o autarca disse que esta mostra-se “disponível para investir centenas de milhões de euros”, de forma a resolver o problema da BRT (Bus Rapid Transit) na A5, mas não avança porque “o Governo não dá resposta há cinco anos”.

Todavia, Isaltino Morais reforçou que “existem muito poucas autoestradas com BRT. O que elas têm são vias dedicadas. O que nós pedimos, é que na A5 haja uma via dedicada a transportes públicos e a automóveis com dois ou mais passageiros”, sublinhou. “A Brisa diz que está de acordo, mas pede para alargar a autoestrada”, critica o autarca de Oeiras. Isaltino Morais finalizou a sua intervenção a referir que existe “um trabalho enorme a fazer para existir uma maior coordenação” na área da mobilidade.

“É urgente a cooperação institucional”, concluiu Isaltino Morais, pedindo ainda “uma maior colaboração entre a Carris e a Câmara de Oeiras”. No final desta apresentação, houve uma viagem inaugural nestes novos elétricos, que têm capacidade para 220 passageiros.

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