Expedição portuguesa à Antártida de volta a Portugal

A primeira expedição portuguesa à Península Antártica já está de volta a Portugal. O veleiro de 24 metros, “El Doblón”, atracou no Chile, marcando o fim da expedição científica. Os resultados ainda estão a ser trabalhados, mas o coordenador, Gonçalo Vieira, acredita no seu “potencial elevado”.

Com a chegada à América do Sul dos últimos membros da equipa COASTANTAR 2024 que tinham ficado a terminar trabalhos em terra na Base Chilena Prof. Julio Escudero, chegou ao fim a expedição e a equipa já se encontra em Portugal, informou esta segunda-feira a Universidade de Lisboa, que coordena o Programa Polar Português. Com 11 cientistas a bordo, 1 realizadora e quatro tripulantes, a Expedição COASTANTAR 2024 decorreu a bordo do veleiro de 24 metros “El Doblón”.

Igualmente, realizou amostragens no mar e em terra entre a ilha do Rei Jorge e a Base norte-americana de Palmer. A equipa iniciou a missão no dia 1 de fevereiro na Península Fildes, onde esteve a realizar trabalhos em terra. No dia 9 de fevereiro, com alguns dias de atraso, a equipa foi recolhida pelo veleiro e iniciou a expedição que se prolongou até dia 23 de fevereiro. Alguns membros regressaram nessa data ao Chile e encontram-se ainda em viagem. Contudo, outros permaneceram mais alguns dias em Fildes, a terminar os trabalhos e estão agora também de regresso.

Duas semanas num veleiro

A missão contemplou duas semanas a bordo de um veleiro na Península Antártica. O objetivo era fazer observações e recolha de amostras para estudo dos efeitos das alterações climáticas nas zonas costeiras da região. Gonçalo Vieira, coordenador da expedição, disse, citado num comunicado da universidade, que “muitos dos dados recolhidos mostram elevado potencial científico”. Por outro lado, acrescentou que ainda é cedo para avaliar os resultados, “que irão sendo conhecidos ao longo dos próximos meses”.

O responsável fez um balanço positivo da expedição, chamada COASTANTAR 2024 e disse que todos os objetivos foram cumpridos. Houve uma recolha de “muitos dados novos e de grande valor científico para os 10 projetos a bordo”, e Gonçalo Vieira destacou também os desafios de uma missão num veleiro. “Sendo uma equipa tão diversa e internacional, com atividades no mar e em terra, e com todas as limitações da meteorologia e gelo no mar, esses desafios foram ainda maiores”. Contudo, para o futuro, defende missões de mais tempo e concentradas em menos locais.

Programa polar português

De acordo com o comunicado, a expedição foi organizada pelo Programa Polar Português (PROPOLAR) e pelo Colégio de Ciências Polares e Ambientes Extremos da Universidade de Lisboa (POLAR2E). Ao mesmo tempo, foi cofinanciada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pela Universidade de Lisboa. O Programa Polar Português é coordenado pelo Centro de Estudos Geográficos/Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.

É ainda gerido por uma comissão composta por membros de cinco instituições de investigação. Ou seja, Gonçalo Vieira (Coordenador, CEG/IGOT-ULISBOA), Adelino Canário (CCMAR, UAlgarve), José Xavier, (MARE, UCoimbra), João Canário (CQE/IST, ULisboa), e Catarina Magalhães (CIIMAR, UPorto), sendo financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Desenvolvimento da ciência

O PROPOLAR apoia o desenvolvimento da ciência polar portuguesa, facilitando, deste modo, a cooperação internacional e proporcionando condições logísticas que permitam o acesso dos cientistas portugueses ao Ártico e à Antártida. O PROPOLAR incentiva e apoia a investigação multidisciplinar, de forma a promover o conhecimento das regiões polares e o seu papel na dinâmica da Terra.


Este projeto financia projetos em diversas áreas científicas. Assim, é possível que, anualmente, mais de 25 cientistas e jovens investigadores possam ir até às regiões polares. Em cada ano, há uma média anual de cerca de 20 cientistas nacionais a realizar estas expedições, as quais já originaram mais de 200 artigos publicados em revistas científicas.

Um sucesso

Gonçalo Vieira relata que “a Expedição COASTANTAR 2024 foi muito bem-sucedida”. “Nas próximas semanas, faremos um balanço mais aprofundado e reportaremos também as aprendizagens adquiridas, para que possam ser usadas para expedições científicas futuras”. O dia-a-dia da expedição COASTANTAR 2024 pode ser consultado no Diário de Bordo. Por fim, os resultados científicos continuarão a ser disponibilizados no site à medida que forem estando disponíveis.

1 COMENTÁRIO

  1. Muito vagas as informações. Investigação multidisciplinar :Quais as disciplinas? Quais os objectivos concretos a que se propõem?

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