Iniciado estudos de expansão do Metro Sul do Tejo

A extensão do Metro Sul do Tejo à Caparica e à Trafaria poderá começar em “cinco, seis, sete anos” e, também dentro de cinco a sete anos, deverá existir uma nova linha ferroviária que ligará Lisboa à Costa da Caparica em poucos minutos. Estes projetos pretendem reduzir o “transporte individual”, afirmou do ministro das Infra-Estruturas, Miguel Pinto Luz, durante a assinatura de um protocolo entre Metro de Lisboa, Câmara de Almada e Transportes Metropolitanos de Lisboa, que prevê acrescentar 6,6 quilômetros à rede do Metro de Superfície de Almada.

A assinatura está no papel, mas a certeza sobre os seus resultados práticos não é por agora discernível. Apesar de o protocolo para a elaboração do projeto de expansão do Metro Sul do Tejo (MST) até à Costa da Caparica e à Trafaria ter sido formalizado nesta segunda-feira, numa cerimónia que contou com a presença do ministro das Infra-Estruturas, Miguel Pinto Luz, que não se compromete com uma data concreta para o início das obras de construção, muito menos com a entrada ao serviço do equipamento.

Aliás, o ministro das Infraestruturas foi claro ao afirmar esperar que as obras para a extensão do Metro Sul do Tejo à Costa de Caparica e à Trafaria, no concelho de Almada, possam arrancar dentro de cinco a sete anos.

“Nós hoje não lançámos o Metro Sul do Tejo, lançámos estudos e tencionamos, nos próximos três anos, apresentar estes estudos”, com o valor do investimento incluído, disse Miguel Pinto Luz.

“Agora façamos estes estudos com rigor para não haver dúvida nenhuma, para que todos os atores políticos no futuro não venham desfazer o que um grande consenso alargado está a definir hoje”, afirmou.

“Eu diria que dentro de cinco, seis, sete anos podemos estar a pensar em obras no terreno e material circulante adquirido”, afirmou Miguel Pinto Luz, que defendeu a necessidade de “acarinhar” uma “visão de desenvolvimento territorial”.

Cidade de duas margens

Pinto Luz, que afiançou ser um acérrimo defensor de “uma cidade de duas margens”, considerou que “não há democracia plena, se não existir uma mobilidade plena” e, por isso, é importante apostar nas infraestruturas rodo e ferroviárias.

Agora façamos estes estudos com rigor para não haver dúvida nenhuma, para que todos os atores políticos no futuro não venham desfazer o que um grande consenso alargado está a definir hoje”, afirmou.

O governante falava à comunicação social no final da cerimónia de assinatura do protocolo para a elaboração do projeto de expansão do Metro até à Costa de Caparica e Trafaria, passando por Santo António e São João, firmado entre a Câmara Municipal de Almada, no distrito de Setúbal, o Metropolitano de Lisboa e a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML).

Este novo troço, que acrescentará mais cerca de 6,6 quilómetros à atual rede e que permitirá uma ligação direta ao transporte fluvial, visa reduzir a dependência do transporte individual, respondendo assim ao compromisso de Portugal de atingir a neutralidade carbónica em 2050.

Segundo o ministro das Infraestruturas e da Habitação, o Governo tem uma visão integradora de uma cidade de duas margens que não se pode desenvolver apenas na margem norte. Nessa visão está incluída “a grande circular rodo/ferroviária da Área Metropolitana de Lisboa”.

Destacando a importância de uma união, o governante desafiou os deputados do PS presentes na cerimónia para um consenso em projetos estruturantes para o país, lembrando que o mesmo foi feito relativamente ao novo aeroporto.

É tempo de nos unirmos à volta de uma visão comum do que queremos para a nossa sociedade, para o nosso território. É esse consenso que é necessário”, disse, adiantando que está também disponível para pensar em conjunto num novo desafio que tem sido defendido pela presidente da Câmara Municipal de Almada, de uma nova travessia entre a Trafaria e Algés. Contudo, esse projeto só irá avançar quando terminar a concessão à Lusoponte, salientando que essa eventual travessia poderá ser essencial para o Ocean Campus (em Almada) e para o Inovation Campus (Algés/Lisboa).

Reivindicação antiga

Na cerimónia, a presidente do município de Almada, Inês de Medeiros (PS), destacou a importância para o concelho da expansão do Metro Sul do Tejo, lembrando que esta é uma reivindicação antiga da população.

“Hoje é um dia particularmente emocionante para Almada e para a Costa de Caparica e Trafaria. Esta cerimónia é um passo fundamental para concretizar uma das antigas ambições do concelho”, disse.

A autarca adiantou que a obra irá dar resposta às necessidades das populações, atravessando o concelho de “lés a lés” e estabelecendo uma ligação fundamental a Lisboa através dos terminais fluviais de Cacilhas e Trafaria.

“Levar o metro à Costa de Caparica e à Trafaria é – na perspetiva de Inês Medeiros – cumprir os quatro ‘Cs’: Continuidade (porque este governo está a dar continuidade a um projeto do anterior governo); Compromisso (porque estão a ser honrados os compromissos assumidos por António Costa); Concluído (porque está a ser concluído o que estava prometido); e Coesão (porque vai contribuir para a coesão territorial).

Os compromissos

O protocolo esta segunda-feira assinado dá seguimento a uma portaria publicada em março que indicava a escolha do Metropolitano de Lisboa para a realização de estudos, levantamentos e outros trabalhos necessários para a expansão do Metro Sul do Tejo à Costa de Caparica.

O protocolo de colaboração tem por objetivo definir os termos e condições de cooperação a estabelecer entre as partes tendo em vista o estudo, planeamento e concretização do projeto de extensão do Metro Sul do Tejo, designadamente no que se refere ao seu objeto, custos, faseamento e definição do traçado.

No âmbito do projeto, cabe ao Metropolitano de Lisboa a gestão do projeto, estabelecendo e assegurando a colaboração entre as partes, desenvolver e promover o relatório de diagnóstico, fazer a avaliação da viabilidade técnico-económica do traçado de referência e a realização de serviços de cartografia e de topografia, entre outros.

A Câmara Municipal de Almada ficará responsável por estabelecer as condições de inserção urbana do novo traçado, no território sob sua tutela administrativa, particularmente de harmonização com as áreas urbanas abrangidas pelo novo troço. À TML caberá assegurar a articulação e gestão do projeto de expansão do MST, abrangendo os estudos sobre tráfego e procura, bem como a harmonização das opções de transporte público com os demais modos de transporte e tarifário no contexto da área metropolitana.

Atualmente com três linhas em funcionamento, Cacilhas/Corroios, Pragal/Corroios e Cacilhas/Campus da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, na Caparica, o Metro Sul do Tejo revolucionou a mobilidade entre Almada, Corroios e o Monte da Caparica, e, segundo dados da empresa, transporta mais de 16 milhões de passageiros por ano.

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