LIVRARIA BARATA MANTÉM-SE COMO ‘LOJA COM HISTÓRIA’

Projeto 'Lojas com História' pretende salvaguardar o comércio tradicional da capital

A Livraria Barata, localizada na Avenida de Roma, vai permanecer com o estatuto ‘Loja com História’, apesar de ter sido comprada pelo grupo FNAC. Esta é uma das mais antigas e icónicas livrarias da cidade de Lisboa.

Para se manter como ‘Loja com História’, a Livraria Barata tem de continuar a cumprir os critérios que lhe deram acesso a esta distinção. Este estabelecimento, pertence, desde agosto, ao grupo FNAC. Nessa altura, foi sujeito a uma nova avaliação por parte dos serviços da Câmara Municipal de Lisboa (CML).

A principal atividade da Livraria Barata assenta sobretudo na venda de livros, jornais, revistas e papelaria. O espaço conta também com um espaço polivalente na cave, destinado ao lançamento de livros e também a pequenos concertos. Esta variedade de atividades contribui para a vitalidade e atratividade da livraria, que manteve os seus traços e identidade original, como serve de exemplo o pavimento em calçada portuguesa.

“A Livraria Barata foi criada para ser um espaço de difusão cultural e liberdade de pensamento, incutindo nos seus frequentadores, a vontade e a curiosidade pela busca do conhecimento. Com o passar dos anos, esta livraria foi-se adaptando aos tempos, para nunca perder a eficiência e a qualidade do serviço prestado aos seus clientes, nunca esquecendo, contudo, a génese que lhe é tão característica”, ressalva Diogo Moura, vereador da Cultura, Economia e Inovação da CML.

“O novo capítulo da, agora, Barata/FNAC, vem dar continuidade a esse caminho, o que, para o Município de Lisboa, muito apraz que se mantenha uma Loja com História, prosseguindo a nossa estratégia de revitalização do comércio de Lisboa, impactado pela pandemia do Covid-19 e pela inflação. Acreditamos que essa revitalização tem, naturalmente, de passar pela manutenção dos negócios identitários e tradicionais da nossa cidade, esperando, por isso, aumentar o número de negócios com a distinção de Loja com História. A revisão, em curso, do Regulamento deste programa é a prova disso mesmo”, acrescentou o autarca.

Espaço assumiu papel de relevo durante a ditadura

A Livraria Barata surgiu em 1957 por António Barata. Durante os tempos da ditadura, permitiu o acesso a títulos essenciais que o regime não permitia. Desta forma, durante 17 anos, era este o lugar onde se podia comprar livros proibidos, que já chegavam ao balcão devidamente embrulhados. Essa ousadia valeu-lhe visitas regulares da PIDE e algumas detenções. Contudo, Barata acreditava na importância da leitura, no valor de ter acesso a bons textos, bem como à liberdade de pensamento e de expressão.

Em 1986, o espaço é alvo de obras de ampliação, com a entrada a ganhar uma maior presença. Os clientes, à época, diziam “sinto que estou na Gulbenkian”, símbolo máximo da modernidade na Lisboa de então. Nos últimos anos, foi sofrendo algumas alterações. Uma delas foi no piso inferior, que é hoje dedicado ao livro infantil, escolar e papelaria. Atualmente, é uma livraria incontornável da cena cultural e literária da cidade”, conforme refere a descrição do site Lojas com História.


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