OBRAS NA BAIXA E ZONA RIBEIRINHA CONDICIONAM TRÂNSITO EM LISBOA

'Quinta circular' pretende ser uma alternativa à circulação em Lisboa

Devido a várias intervenções na frente ribeirinha e na Baixa Pombalina, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) informa que o trânsito estará condicionado nesta zona, a partir do dia 26 de abril, quarta-feira, sendo que os condutores devem circular pelo interior da cidade, através de uma ‘5ªCircular’.

Esta terça-feira, dia 18 de abril, a autarquia apresentou estas restrições ao trânsito e as alternativas de circulação. Estas pretendem minorar os impactos destes constrangimentos, provocados pelas obras de expansão do Metropolitano de Lisboa, e ainda pelos trabalhos do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), na zona de Santa Apolónia, e intervenções na rede de saneamento da cidade, na Baixa Pombalina.

A apresentação ficou a cargo de Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente e vereador com o pelouro da Mobilidade da CML, durante uma conferência de imprensa sobre o tema. Neste sentido, haverá zonas da cidade que vão ficar totalmente cortadas ao trânsito. A circulação rodoviária será interrompida na zona ribeirinha, em ambos os sentidos, entre a Avenida Infante Santo e a Avenida Mouzinho de Albuquerque.

Por isso, a autarquia criou uma ‘5ª Circular’, que liga as seguintes vias: Av. Infante Santo – Praça da Estrela – Largo do Rato – Rua Alexandre Herculano – Rua do Conde de Redondo – Av. Almirante Reis – Praça do Chile – Rua Morais Soares – Praça Paiva Couceiro – Av. Mouzinho de Albuquerque.

‘Quinta circular’ pretende ser uma alternativa à circulação em Lisboa

Desta forma, os condutores que pretendem ir no sentido Parque das Nações ou Algés, devem seguir por dentro da cidade, apanhando uma destas vias. Para Carlos Moedas, presidente da autarquia, esta circular “vai diminuir o fluxo de trânsito” na Baixa Pombalina, criando uma alternativa de deslocação dentro da cidade. “Se tivermos bem assinalada esta quinta circular, nós evitamos que as pessoas passem pela Baixa”. Contudo, a ideia não “é proibir o acesso” a esta zona da cidade, mas sim desencorajar os condutores a fazê-lo.

Já na Avenida 24 de julho, os condutores poderão utilizar, provisoriamente, a faixa BUS ali existente, sendo que este corredor passará a ter acesso à praça D. Luís I. A Avenida D. Carlos I passa a estar também condicionada ao trânsito. Contudo, segundo Filipe Anacoreta Correia, “este impedimento na 24 de julho deixará de existir, à partida, até julho”. Nesta altura, esta artéria deverá voltar a ter uma faixa em cada sentido.

Zona da Baixa impedida a veículos pesados

Por sua vez, a Rua da Esperança, na Madragoa, passará a estar acessível apenas a residentes e transportes públicos. A CML quer ainda abrir a Avenida Brasília à circulação rodoviária nos dois sentidos. Desta forma, quem se deslocar no sentido Cais do Sodré, vindo de Algés ou de Alcântara, poderá apanhar esta via e em seguida a Rua Cintura do Porto de Lisboa.

Na zona da Baixa Pombalina, o trânsito estará interdito aos veículos com peso superior a 3,5 toneladas, entre as 8h00 e as 20h00, sendo que as cargas e descargas devem ser realizadas no período noturno. No entanto, estas restrições não se aplicam a veículos ligeiros de mercadorias, que poderão realizar cargas e descargas durante o dia, sem restrições.

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Desta forma, os pesados que vêm da Avenida da Liberdade, deve fazer inversão de marcha no Rossio e voltar ao Marquês de Pombal. Já quem vem da Avenida Almirante Reis, deve realizar inversão no Martim Moniz, na Praça da Figueira, no Rossio ou nos Restauradores.

Já o trânsito proveniente do Príncipe Real deve ser desviado na Praça Luís de Camões, seguindo para a Calçada do Combro / Estrela. O vice-presidente da CML reforçou que estas medidas vão ao encontro da preocupação da autarquia em “dotar o território de melhores condições de mobilidade”, e apelou aos condutores “compreenderem a importância” destas soluções temporárias.

Comerciantes da Baixa consultados

Segundo Filipe Anacoreta Correia, estas restrições de trânsito na Baixa surgiram após uma reunião com a Associação Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP) e com os operadores turísticos. O vice-presidente da CML reconheceu que impedir o trânsito a veículos com mais de 3,5 toneladas acarreta algumas dificuldades para os comerciantes, uma vez que “a maior parte dos veículos” têm este peso, assim como a maior parte dos veículos de animação turística.

“O que nós temos a dizer a todas essas entidades e a todos esses setores é que nós não queremos desencorajar ou criar inibições em áreas da economia que são da maior importância”, reforçou o autarca. Contudo, salientou que é preciso preservar a Baixa e a zona histórica da cidade. “Nós temos que avançar e temos consciência que é uma medida que inicialmente vai levantar problemas e dúvidas, mas temos que partir deste pressuposto para encontrar soluções”, acrescentou Anacoreta Correia.

Restringir o trânsito a pesados na Baixa é para manter

Neste sentido, o vice-presidente admitiu que a CML está a tentar encontrar zonas onde se possam realizar as cargas e descargas. “Acreditamos que algumas das alterações até podem ser revitalizadoras” para o comércio local, reforçou Filipe Anacoreta Correia. O autarca admitiu que outra das soluções pode passar ainda pela criação de iniciativas de animação de rua na Rua da Prata, que se encontra fechada ao trânsito, para incentivar as compras no comércio local.

Por outro lado, o autarca acrescentou que a medida de restringir o trânsito a veículos pesados na Baixa Pombalina deverá continuar, mesmo após o final das obras. Anacoreta Correia admitiu ainda a criação de zonas para o estacionamento de autocarros turísticos. Depois, os turistas que visitam a cidade são encorajados a “aceder à Baixa-Chiado de transporte público ou outro tipo de transporte, o que é uma prática muito comum em muitas cidades”, referiu.

Restrições serão avaliadas tendo em conta o decurso das obras

“Procuramos sempre as melhores soluções e portanto este plano vai ser também de alguma forma a oportunidade de testarmos algumas medidas”, reiterou. Para já, o vice-presidente da CML não avançou com datas concretas para o final destas restrições, que serão necessárias “enquanto as obras durarem”.

“O plano é dinâmico, e tem durações diferentes” consoante a obra que estiver a ser feita, sublinhou Anacoreta Correia. Por isso, prevê que as restrições na Avenida D. Carlos I durem mais de um ano, e em Santa Apolónia, mais de dois.

Obras vão ter em conta a realização da JMJ

Na mesma conferência de imprensa, o vice-presidente da CML assegurou ainda que estas restrições terão também em conta a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em agosto. “Por exemplo, na Avenida da Liberdade, haverá dias em que a obra será ajustada à JMJ”, prosseguiu. Contudo, o autarca sublinhou que as obras não irão parar devido à realização do evento. Ao mesmo tempo, garantiu ainda que o plano de obra, para além de melhorar a mobilidade na cidade, irá trazer vantagens para a JMJ.

“Nós estamos a melhorar os acessos nesta zona, que vai ser muito procurada durante a JMJ e portanto nós temos expetativa que ele possa contribuir também para essas melhorias”. Por outro lado, o vice-presidente da CML admitiu que este plano não ajuda a resolver “os problemas todos da mobilidade de Lisboa, mas se esta for melhorada nesta zona, estou certo que vai ser um grande serviço à cidade e aos munícipes”. Por fim, reforçou que as obras têm de ser realizadas todas na mesma altura, para cumprir com os prazos estabelecidos no PRR.

Estrela terá menos lugares de estacionamento

Ainda na mesma conferência de imprensa, o vice-presidente da CML reforçou que as obras previstas irão retirar alguns lugares de estacionamento na zona da Estrela. Para já, a autarquia, em conjunto com a Junta de Freguesia, está a encontrar soluções para mitigar o problema. Sobre esta área, Filipe Anacoreta Correia relembrou os jornalistas que a CML está a trabalhar no sentido de criar mais lugares de estacionamento na cidade.

Aumento do número de lugares de estacionamento em Lisboa é outra das prioridades

“Temos um plano para criar parques dissuasores e alguns até já estão refletidos no nosso orçamento deste ano”, acrescentou. O vice-presidente reforçou que a edilidade está também a criar mais parques de estacionamento na cidade, em parceria com a EMEL. O autarca adiantou também que está ainda prevista a construção de um silo de estacionamento na zona da Penha de França, bem como o aumento de lugares para residentes.

Por fim, outra das preocupações da autarquia dentro da mobilidade passa também pela promoção do transporte intermunicipal. Aqui, a CML já está a trabalhar naquilo que será um metro de superfície, que vai ligar Lisboa a Oeiras. Contudo, o projeto não ficará concluído neste mandato. Para já, a autarquia já está em reuniões com a CP no sentido de ligar a Linha de Cascais à Linha de Cintura. Esta obra irá juntar-se à expansão da Linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa até Alcântara, criando um interface entre os diversos transportes públicos.

Obras são essenciais para a cidade, considera Carlos Moedas

Por sua vez, o presidente da CML, Carlos Moedas, voltou a recordar a importância destas restrições para a melhoria da cidade. “O PGDL é uma das maiores obras de sempre em Lisboa e vai ter dois túneis que obviamente vão ter um impacto sobre a cidade”, referiu no início da conferência de imprensa.

Ao mesmo tempo, lembrou que esta é uma obra com um investimento de mais de 140 milhões de euros. Apesar do “incomodo para as pessoas”, será “essencial para a cidade”, disse o autarca. Desta forma, considera que irá evitar as inundações como as que aconteceram no passado mês de dezembro.

Por fim, lembrou ainda que, “desde 2015 há pouca manutenção dos coletores de saneamento” na cidade. Esta ausência de manutenção obrigou a que, após as cheias, fosse necessário fechar as ruas, uma delas a Rua da Prata. “Sabemos que vamos ter obras seguidas de obras, mas são essenciais para a cidade”, reforçou Moedas, salientando ainda a necessidade de existir uma “coordenação” com as obras do Metro, criando um “plano conjunto para a cidade em termos de mobilidade”.

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