METROPOLITANO | O MEIO DE TRANSPORTE QUE ESTÁ ATRASADO

A Administração do Metropolitano de Lisboa anunciou na passada terça-feira, dia 27 de novembro, que tinha “luz verde” para o projeto de “Prolongamento entre a Estação Rato e Cais do Sodré, incluindo as Novas Ligações nos Viadutos do Campo Grande”.

Contudo, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) veio hoje esclarecer que esta expansão da rede pode ainda não estar definitivamente decidida. De acordo com a APA o que foi comunicado à empresa foi que terá havido uma decisão favorável sobre a avaliação de impacte ambiental.

De acordo com uma entrevista do Presidente do Metropolitano de Lisboa, Vítor Domingues dos Santos, “já recebemos o projeto de Declaração de Impacte Ambiental (DIA) e comentámo-lo. O projeto de DIA, pode ter algumas obrigações com as quais nós não concordamos e questionámos a comissão de avaliação e esperamos que a DIA apareça dentro de duas semanas. A nossa expetativa é a de lançar dois concursos até final do ano (2018), referentes aos toscos dos túneis entre a estação do Rato e Cais do Sodré”. “A nossa expetativa é de ter a primeira contratação no terceiro trimestre de 2019. Meio ano depois, pode começar”.

Ainda segundo a APA, o que falta agora é apresentar, analisar e aprovar o restante processo, nomeadamente o projeto de execução da empreitada. Esta aprovação, no entanto, não implica a “luz verde” para o início da construção da ligação que, segundo o Orçamento de Estado para 2019, deve avançar até final do primeiro semestre do próximo ano com um investimento previsto de 210,2 milhões de euros.

Recorde-se que o projeto em causa prevê a criação de uma linha circular (que parte do Campo Grande) que ligará o Rato ao Cais do Sodré, funcionando as restantes linhas do metropolitano de Lisboa como radiais: a linha amarela de Odivelas a Telheiras; a azul da Reboleira a Santa Apolónia e a vermelha, de S. Sebastião ao Aeroporto.

A Declaração de Impacte Ambiental identifica alguns ponto sensíveis do trajeto, como o Aqueduto das Águas Livres (que é monumento nacional), o Museu e Jardim-Escola João de Deus (monumento de interesse público) e a zona de proteção do Museu Nacional de Arte Antiga e dos imóveis classificados na sua envolvente.

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Naturalmente, um projeto desta envergadura não está isento de críticas como, por exemplo, a da Comissão de Utentes de Transportes de Lisboa que considera este projeto uma “opção errada” e que irá degradar a oferta de transportes públicos na zona norte de Lisboa. A maioria das entidades que participaram na consulta pública mostram-se contra o projeto considerando que não é a solução “adequada para a promoção da mobilidade da cidade e da Área Metropolitana de Lisboa”.

Apesar destas críticas e contestação, a APA decidiu dar parecer favorável “considerando que os fatores determinantes nesta avaliação são o Património e a Socio-economia e que os fatores relevantes são a Geomorfologia e a Geologia, os Recursos Hídricos, o Ruído, as Vibrações a Qualidade do Ar o Uso do Solo e a Paisagem, face aos impactes positivos identificados, designadamente ao nível da Socio-economia, e tendo em consideração que a generalidade dos impactes negativos identificados são passíveis de minimização”. No entanto, não deixa de fazer chamadas de atenção para

Algumas condicionantes do projeto como, por exemplo, a previsão de um “faseamento da intervenção em túnel a céu aberto, que se inicia no cruzamento da Av. D. Carlos I com a Calçada Marquês Abrantes, com prejuízo do Largo Vitorino Damásio e da Rua Dom Luís I, e segue em diagonal até à Av. 24 de Julho, de forma a permitir fechar sucessivamente as extensões mais a montante, assim como a sua duração temporal de modo a libertar o espaço público à superfície e devolvê-lo aos cidadãos”.

O presidente do Metropolitano de Lisboa, por outro lado, pensa já no passo seguinte e, na referida entrevista que concedeu a um jornal diário, aponta a expansão da Linha Vermelha como a prioridade que se segue. “Vamos, a curto prazo, pedir autorização à tutela para iniciar o projeto de prolongamento de São Sebastião até às Amoreiras e Campo de Ourique e avaliar se devemos levar já o projeto até Alcântara”.

A geografia da cidade é que parece não ajudar esse objetivo, uma vez que o desnível de Campo de Ourique até Alcântara é muito grande. “Não podemos ir a direito, embora pareça que é só descer um bocadinho. Temos de fazer uma volta, e isso obriga à construção de uma estação intermédia na Infante Santo”. Refere ainda Vítor Domingues dos Santos que a ideia que está mais amadurecida por parte dos coordenadores de projeto passa pelo “desejo de ligar a linha de Telheiras até ao Parque de Material e Oficinas, onde também é a atual sede da empresa, em Carnide”.

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