A única empresa de transportes por autocarro na grande Lisboa vai entrar em funcionamento a 1 de junho e vai servir 18 municípios. “Carris Metropolitana” é o nome da nova operadora, que terá cerca de 820 linhas rodoviárias, nos 18 municípios da área metropolitana da capital. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, quer transportes gratuitos para menores de 23 anos e maiores de 65, em todos os concelhos da AML.
«Transportes públicos gratuitos, para residentes em Lisboa, menores de 23 anos e maiores de 65 anos», é uma medida que vai ser levada a reunião de Câmara pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que quer agora ver alargada à Área Metropolitana de Lisboa (AML). Esta reivindicação do autarca lisboeta foi ontem realizada durante a apresentação oficial da Carris Metropolitana, marca única e integrada dos transportes urbanos da Área Metropolitana de Lisboa, que entra em funcionamento em 1 de junho.
O autarca quer «cidades mais limpas», onde «o ar seja cada vez mais respirável», e propõe alargar a medida a todos os operadores que integram a Transportes Metropolitano de Lisboa (TML), empresa detida a 100% pela AML. Este desejo de Carlos Moedas foi feito no decorrer do terceiro aniversário do passe navegante, assinalado com o lançamento da Carris Metropolitana, no Pátio da Galé, em Lisboa.
O autarca sublinhou que não se trata de uma negociação com a AML, mas de “conversações”, de «liderar este movimento» que é de Lisboa, mas que gostava de ver replicado noutros concelhos metropolitanos, considerando que os transportes gratuitos são «uma medida crucial para a descarbonização das cidades».
Ministro realça poupanças familiares
Por seu turno, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, realçou as vantagens do uso do transporte público coletivo face à escalada dos preços dos combustíveis, por causa da guerra Ucrânia/Rússia.
Duarte Cordeiro destacou a «importância transformadora» da marca Carris Metropolitana, num caminho de «reforço da oferta», que se insere no PART, programa lançado há três anos «com uma dupla intenção: reduzir o uso do automóvel nas áreas metropolitanas e reduzir a fatura da mobilidade dos portugueses».
No caso de agregados mais numerosos na periferia das áreas metropolitanas, resultou em «poupanças nunca inferiores a 200 euros por mês», acrescentou, declarando ainda «se foram desta magnitude em 2019, agora com a escalada dos preços dos combustíveis no mercado internacional fruto das consequências da guerra, as vantagens do uso do transporte coletivo são ainda maiores, é a mais económica e sustentável forma de mobilidade urbana».
Como investimentos previstos na mobilidade metropolitana, Duarte Cordeiro destacou a aposta «na expansão dos Metropolitanos de Lisboa e do Porto, no transporte fluvial na Área Metropolitana de Lisboa e no apoio à aquisição de autocarros de baixas emissões, que ultrapassam os 1.200 milhões de euros», a que se junta a verba de «quase 1.000 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) dedicados à mobilidade sustentável, para reforçar as redes de metropolitano de Lisboa e do Porto, construir o metro ligeiro em Odivelas e Loures e reforçar a aposta em frotas de autocarros de limpos».
«De outro modo não será possível atingir as metas a que nos propusemos, das mais ambiciosas a nível europeu: reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor de mobilidade em 40% até 2030. Que não haja dúvidas que é mesmo este o nosso objetivo», frisou o ministro, manifestando a vontade de ouvir os autarcas, as organizações não governamentais do ambiente e as associações empresariais.
«Privilegio a construção de pontes ao invés da abertura de fossos, não trabalho para separar quando é possível juntar. Para quê rumar em sentidos contrários quando é possível unir esforços que produzam mais e melhores resultados», afirmou.
Carla Tavares fez questão de salientar que a criação da Carris Metropolitana se deveu a um «sonho comum de 18 municípios e ao empenhamento do governo, que permitiu a redução do tarifário nos transportes públicos da AML e a criação do passe Navegante».
Segundo Carla Tavares, a AML quer «uma rede de transportes públicos confortável, eficaz e amiga do ambiente», que permita a redução das emissões poluentes.
«O nosso objetivo é servir bem os passageiros», assegurou Faustino Gomes, defendendo que «a sustentabilidade ambiental será promovida, através da renovação e qualificação da frota, com uma diminuição da idade média dos autocarros de 15 anos para menos de um ano e a inclusão de uma cota de veículos não poluentes e energeticamente eficientes, com medidas de eco-condução, condução económica, segura e confortável».
902 tipologias de bilhete vão acabar
Com a entrada em funcionamento da Carris Metropolitana, novo sistema de transporte rodoviário da Área Metropolitana de Lisboa, em 01 de junho, vai acabar com 902 tipologias de bilhetes e são criadas três novas.
«Com a nova criação da entrada em vigor do novo sistema de transporte rodoviário a 01 de junho e 01 de julho, temos de adaptar o novo sistema de bilhetes, o que chamamos ocasionais, à nova rede porque os operadores desaparecem como tal», explicou o primeiro-secretário metropolitano, Carlos Humberto.
De acordo com o responsável, os operadores como a Vimeca ou a Transportes Sul do Tejo «desaparecem e são substituídos por um serviço que tem uma marca que é a Carris Metropolitana». Portanto, toda a «lógica de funcionamento de bilhetes da Vimeca ou da Rodoviária de Lisboa desaparecem porque deixam de prestar serviço», acrescentou, sublinhando que os utentes vão ter de passar a comprar bilhetes que são da Carris Metropolitana de Lisboa.
Carlos Humberto lembrou que a nova bilhética irá começar a ser já implementada em 01 de junho, quando entrar em funcionamento a Carris Metropolitana na área 4, a de menor dimensão relativa aos municípios da margem Sul: Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. Para as restantes áreas, 1, 2 e 3, a nova bilhética entra em ação em 01 de julho.
AML dividida em quatro áreas
Em termos de circulação de transportes, a AML ficou dividida por quatro áreas, sendo que a área 1 engloba as carreiras dos municípios da Amadora, Oeiras e Sintra, e intermunicipais de ligação a Lisboa e Cascais, que vão ser operadas pela empresa Viação Alvorada, tendo 133 linhas (35 das quais novas).
A área 4 diz respeito aos municípios de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, será operada pela empresa Alça Todi, e intermunicipais de ligação ao Barreiro e Lisboa, prevê 111 linhas (21 novas), e é a primeira a entrar em funcionamento, em 01 de junho.
820 linhas rodoviárias
A rede de serviço de autocarros, desenhada pela Área Metropolitana de Lisboa em conjunto com os 18 municípios, será composta por 820 linhas rodoviárias, que servirão aproximadamente 2,8 milhões de potenciais utilizadores, passando o serviço a pertencer à marca única e integradora Carris Metropolitana.
Está ainda prevista uma melhoria do foco e atenção ao passageiro, com o alargamento da rede de vendas e serviços de apoio e gestão centralizada da informação.