Nove embaixadores europeus visitaram, esta quarta-feira, 29 de novembro, o Templo da Poesia, o TagusPark e o Alto da Montanha, visita esta que serviu para dar a conhecer o concelho e alguns projetos em curso.
A visita começou com uma recepção a estes nove embaixadores no Templo da Poesia, onde o presidente da autarquia, Isaltino Morais, fez uma breve introdução. Aqui, o autarca começou por afirmar que, no passado “Oeiras passava despercebido” e que, graças a uma aposta no desenvolvimento, foi possivel transformar este território, que é o concelho com maior poder de compra em todo o país. Até 2026, a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) prevê investir cerca de 400 milhões de euros em vários setores.
Neste encontro, marcaram presença os embaixadores de Espanha, Irlanda, Países Baixos, Bélgica, Alemanha, Malta, Bulgária e Chéquia. “Esta visita pretende dar a conhecer o nosso território, as suas potencialidades, dificuldades, fatores de competividade”, revelou o presidente da CMO ao Olhar Oeiras. Desta forma, acrescentou, pretende-se ainda “promover Oeiras como um concelho acolhedor, e mostrar a estes embaixadores como é que os dinheiros comunitários são aplicados. Muitas vezes, ouve-se falar de tantos milhões para este ou aquele país, mas não há nada como mostrar como é que este investimento está a ser feito”.
Captar mais investimento
Ainda na apresentação que fez aos nove embaixadores, Isaltino Morais recordou que Oeiras “era um território deprimido”, onde centenas de famílias “viviam em bairros degradados”. De acordo com o autarca, foi graças ao investimento público que se permitiu acabar com este flagelo, e transformar o concelho de Oeiras naquilo que é hoje. “Construímos equipamentos, apostámos no ambiente, na educação”, entre outros fatores, prosseguiu o edil de Oeiras, sublinhando que foi graças a esta aposta que muitas empresas se instalaram no concelho.
“O território está disponível para o acolhimento de novas empresas”, acrescentou Isaltino Morais. O presidente recordou ainda que está atualmente em desenvolvimento um ‘hub’ dedicado às ciências da vida. “Estamos em vários indicadores como os melhores da Área Metropolitana de Lisboa (AML)”, disse o edil na mesma apresentação, frisando que “Oeiras é a segunda maior economia do país”. No entanto, fez questão de dizer, há ainda alguns problemas, nomeadamente ao nível dos Transportes e da Habitação.
Na perspetiva de Isaltino Morais, “Portugal ainda é um país atrasado em relação ao resto da Europa”. De acordo com o autarca, o país ainda não consegue competir, na matéria dos transportes, “com outras grandes metrópoles, tais como Paris ou Londres”. Ainda nesta área, lembrou que “só em 2015 é que os munícipios tiveram competências para gerir o transporte público” e que a CMO está a apostar na mobilidade sustentável, através da criação de várias ciclovias em todo o concelho.
Igualmente, referiu ainda, “gostava de, em conjunto com as Câmaras de Cascais e Lisboa, transformar a Avenida Marginal numa via dedicada à ciclovia. Para isso, a A5 devia ter vias destinadas ao transporte público e ao transporte individual com mais de dois passageiros, mas isso é algo que depende do Governo e da Infraestruturas de Portugal”.
Falta de habitação a preços acessíveis
Outro dos problemas é também a falta de habitação a preços acessíveis. “Em 2011 ou 2012, comprava-se um apartamento [em Oeiras] por 170 mil euros. Em 2021, o mesmo apartamento tinha um custo acima dos 400 mil euros”, exemplicou o presidente da CMO, considerando que o valor das casas subiu devido ao aumento do custo dos terrenos. “Já não construímos casas para quem vive em barracas, mas sim para aqueles que não conseguem comprar no mercado privado”, prosseguiu Isaltino Morais.
Na mesma intervenção, o autarca sublinhou ainda que, atualmente, “existe cerca de 2% de habitação pública em todo o país”. Em Espanha, este valor é de 10%, subindo para 45% no caso dos países nórdicos e 65% na Áustria. “Em Oeiras, já temos 5% de habitação pública e esperamos, rapidamente, chegar ao 10%, através da construção de mais 1900 casas”. “Queremos estar ao nível do que se faz na Europa”, afiançou Isaltino Morais, que lembrou também o forte investimento na área da Educação, com a oferta de bolsas de estudo para todos os estudantes do Ensino Superior.
“Em 2017, atribuímos 37 bolsas. Em 2023, demos 900, e em 2024, esperamos atribuír 1300 bolsas de estudo”, sustentou o edil oeirense. Na sua visão, esta medida irá “ter um grande impacto daqui a cinco ou seis anos”, uma vez que irá permitir ter um concelho ainda mais qualificado. Esta recepção aos embaixadores europeus contou ainda com uma breve apresentação de alguns projetos em curso no concelho. Esta ficou a cargo de Vera Freire, Chefe de Divisão do Ordenamento do Território da CMO.
Mais de 25 mil empresas sediadas em Oeiras
A responsável começou a sua intervenção a afirmar que a autarquia “trabalha todos os dias para alcançar os melhores resultados”. Atualmente, o concelho regista um volume de negócios a rondar os 28 mil milhões de euros. Vera Freire referiu ainda que Oeiras tem “uma posição geográfica muito favorável”, estando apenas a 20 minutos do Aeroporto. Contudo, tem ainda várias infraestruturas relevantes, como é o caso das linhas ferroviárias de Cascais e de Sintra, da A5, o futuro SATUO, entre outros.
Atualmente, estão sediadas, no concelho, 25.095 empresas, o que corresponde a 545 empresas por quilómetro quadrado. Muitas delas, frisou a Chefe de Divisão, são grandes empresas multinacionais. Vera Freire apresentou ainda algumas oportunidades de investimento no concelho, de forma a captar mais empresas e construção de mais habitação privada e pública. “Em todos os planos, há sempre uma área destinada à construção de habitação pública”, realçou a responsável.
Por sua vez, alguns destes planos apresentados são Cacilhas Norte, Antas Sul, TagusPark II, Porto Salvo, ou Oeiras Valley Meeting Point, entre outros. Neste último, está ainda prevista a construção de um Centro de Congressos, com 17 mil metros quadrados.
Embaixadores visitaram TagusPark
Após a recepção no Templo da Poesia, os nove embaixadores seguiram para o TagusPark. Aqui, foram recebidos pelo CEO daquela instituição, Eduardo Baptista Correia. O responsável referiu que o TagusPark concentra a maior parte das empresas tecnológicas existentes no concelho. Igualmente, o conjunto de todas as empresas aqui instaladas “tem o PIB per capita mais elevado do país”. Ao mesmo tempo, prosseguiu o CEO do TagusPark, existem, nesta instituição, 160 empresas, que, no seu conjunto, empregam mais de 60 mil profissionais.
O TagusPark, explicou o CEO, conta também com um pólo do Instituto Superior Técnico e uma incubadora de empresas. Eduardo Baptista Correia sublinhou ainda o TagusPark como o “parque mais cívico da Europa”, tendo em conta a sustentabilidade e as questões ambientais. Por fim, falou ainda do Museu de Arte Urbana (MAU), que conta com uma programação diversificada ao longo do ano.
Alto da Montanha foi a última paragem
Depois desta paragem, os embaixadores seguiram para o Alto da Montanha, em Carnaxide. Deste modo, a comitiva teve a oportunidade de conhecer o futuro empreendimento, que vai ter 32 casas de tipologia T2 e 32 de tipologia T3, destinadas a arrendamento acessível. Este é um dos projetos em curso na área da Habitação, financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A este, junta-se a requalificação dos bairros municipais e os programas de renda acessível. Esta visita foi conduzida pela diretora do Departamento da Habitação da CMO, Patrícia Costa.
O empreendimento do Alto da Montanha deverá ficar concluído em julho de 2024, adiantou Isaltino Morais ao Olhar Oeiras. Por sua vez, esta obra representa um investimento total de 12.800.000€, sendo financiado pelo PRR Habitação em 12.178.590,67€. Contudo, para além do Alto da Montanha, está igualmente em curso a construção de mais 16 apartamentos no Parque da Junça, a que se juntam mais 12 casas na Quinta dos Aciprestes, ambos em Linda-a-Velha. No total, serão 750 casas de renda apoiada que o Munícipio de Oeiras está a construír, acrescentou o presidente da CMO, às quais se juntam mais 750 casas de renda acessível.
2000 casas a custos controlados até 2030
“Está prevista, até 2026, a conclusão de mais 1500 casas“, explicou Isaltino Morais. O edil reforçou que, até 2030, a CMO quer disponibilizar cerca de 2000 novas habitações a custos controlados. “Isto vai catapultar Oeiras a ter oito a nove por cento de habitação pública”, prosseguiu o edil oeirense. Sobre a visita, Isaltino Morais disse que esta serviu também “para chamar a atenção para o problema da habitação, que é ao nível europeu”.
“É fundamental que as pessoas estejam sensiblizadas para a necessidade de continuar a haver financiamento para a resolução de um problema tão delicado como este”. Por fim, ainda na sua perspetiva, “a habitação pública pode ser construída a um preço mais baixo. Basta que haja vontade dos governos em colocar terrenos suficientes à disposição. Havendo terrenos é mais fácil construir habitação pública”, referiu o presidente da CMO. No final desta recepção, houve ainda um almoço no Palácio Marquês de Pombal.
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