Loures inaugurou memorial de homenagem aos mortos no Ultramar

A Câmara Municipal de Loures (CML) inaugurou, esta quinta-feira, 10 de outubro, um memorial aos mortos das campanhas ultramarinas, junto ao Monumento aos Combatentes, na Praça da Liberdade, em Loures. A inauguração fez-se no dia em que passam 63 anos da morte do primeiro soldado natural do concelho de Loures na Guerra do Ultramar.

Quinze militares nascidos no concelho de Loures e mortos na Guiné, Angola e Moçambique, entre 1961 e 1975, foram agora homenageados num memorial erguido junto ao Monumento aos Combatentes, na Praça da Liberdade, em Loures. Esta estrutura resultou de um compromisso entre Ricardo Leão, presidente da Câmara Municipal de Loures (CML) e o Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes, e pretende completar o monumento existente em frente aos Paços do Concelho, no qual constam os nomes dos militares lourenses que pereceram na Guerra do Ultramar. A data, por sua vez, foi escolhida por ser o dia em que, em 1961, faleceu em Angola, o primeiro soldado lourense, Florêncio Rosa Capela, natural da freguesia de Santa Iria de Azóia.

Nesta cerimónia de inauguração esteve presente a vereadora Paula Magalhães, em representação do presidente da CML, Ricardo Leão, o Coronel Carlos Alves, presidente do Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes, entre outras entidades. As honras militares foram prestadas pelo Regimento dos Transportes, unidade militar que está localizada no concelho. Segundo o Coronel Carlos Alves, este é um dia “de grande significado, que homenageia os lourenses que foram chamados a combater por Portugal na Guerra do Ultramar e que perderam as suas vidas pela Pátria. A cidade de Loures passa, a partir de hoje, a ter um memorial com os nomes dos combatentes que morreram na Guerra do Ultramar, juntamente com o memorial dos que morreram na Primeira Grande Guerra”.

Memorial nasce de um acordo entre a autarquia e a Liga dos Combatentes de Loures

“Faz hoje 63 anos que o soldado Florêncio Rosa Capela, pertencente à Companhia de Artilharia 120 em Luanda, morria, sendo o primeiro militar natural de Loures a tombar na Guerra do Ultramar”. Para Carlos Alves, este memorial pretende ainda “eternizar todos aqueles que deram a vida por Portugal. Estes combatentes não podem ser esquecidos. Cada um de nós é responsável por preservar a sua memória e somos também responsáveis perante as suas famílias”.

O militar fez ainda uma menção a um discurso do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, no qual referia que “o que somos como nação e como país depende, em larga medida, do contributo que deram muitos combatentes para ultrapassarmos os momentos mais difíceis da nossa história e garantir, deste modo, a prioridade da nossa identidade nacional. A República não se esquece, não pode esquecer a dedicação e o sacrifício de todos estes portugueses e por isso lhes presta esta sentido homenagem”. Este memorial surge de um acordo firmado em 2022 entre a autarquia e o Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes. O presidente “Ricardo Leão escutou e aceitou o desafio, comprometendo-se a identificar o memorial com a brevidade possível.

Memorial será também para o futuro

Passado este tempo, com a equipa da CML a trabalhar, a pesquisar e identificar os nomes dos lourenses que morreram na Guerra do Ultramar, e com o apoio do Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes, e após os formalismos que a lei nos obriga a cumprir, estamos hoje a inaugurar um memorial que homenageia estes heróis. Para o Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes é uma honra, um dever e um privilégio estar associado a este evento. É um marco de cidadania que brotou espontaneamente de dois homens e que acrescenta mais história à determinação quotidiana e secular dos lourenses”.

“Este memorial não foi concebido só para o passado, mas também estará para o presente e para o futuro”, disse ainda Carlos Alves, agradecendo às famílias dos 15 combatentes, por “nunca terem desistido da sua aspiração”, bem como ao presidente Ricardo Leão, “o homem que tornou o sonho realidade”.

Combatentes são um exemplo para todos nós

O coronel frisou ainda que este memorial vai reforçar e recordar a “importância que estes combatentes tiveram para o nosso país, em particular para o concelho de Loures”, e aproveitou também para agradecer a toda a equipa da CML que esteve envolvida no levantamento dos nomes dos 15 combatentes que estão no memorial. “Os combatentes são um exemplo para todos nós e devem ser apontados às gerações futuras como modelo que representam de altruísmo, de coragem, de espírito de sacrifício, de ordenação e de devoção aos valores superiores da nossa pátria”.

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Por sua vez, o Coronel Perez de Almeida, da Direção da Liga dos Combatentes, referiu que esta organização “sente-se muito honrada pelo convite que lhe foi endereçado”, e aproveitou para passar uma mensagem do presidente da Liga dos Combatentes, o Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues, que afirma que “esta cerimónia se propõe alcançar, recordar e reconhecer os combatentes perecidos na Guerra do Ultramar e agora presentes espiritualmente neste memorial, juntamente com os que morreram na Primeira Grande Guerra”.

“Estes cidadãos deram parte da sua juventude, bem como o seu esforço e contributo pessoal em vários teatros de operações, para que a missão que lhes foi concedida fosse militarmente cumprida. Muitos desses militares ficaram feridos ou incapacitados a servir Portugal, e, em alguns casos, deram o sacrifício supremo, a própria vida. Por tudo isso, e pelo muito que se subentende, entendemos que tem pleno cabimento recordarmos e homenagearmos aqueles que um dia partiram para o desconhecido. Hoje, neste espaço de memória, interiorizamos o significado e o simbolismo deste memorial, no qual se escrevem os nomes de combatentes portugueses em justo e público testemunho”. Perez de Almeida terminou a sua intervenção a referir que este monumento será um importante “acervo patrimonial histórico que enaltece e enriquece a história de Loures”.

Lembrar os que deram a vida pelo país

Esta inauguração contou ainda uma chamada de todos os mencionados na placa do memorial, bem como com uma prece e uma bênção daquele monumento pelo pároco de Loures, Padre Francisco Inocêncio. Após a evocação dos nomes dos militares falecidos no Ultramar, houve ainda um toque de de silêncio, a colocação de coroa de flores, um toque de homenagem aos mortos, e um toque de alvorada. Por sua vez, Paula Magalhães, vereadora da CML, “este é um dia muito importante para o nosso concelho e um dia feliz para o Executivo, do qual eu tenho a honra de pertencer”.

A autarca agradeceu ainda à Divisão de Cultura, liderada por Conceição Macieira, bem como a toda a sua equipa “pelo excelente serviço e pelo excelente trabalho de investigação nesta área, que permitiu que hoje estivéssemos aqui a inaugurar este memorial com toda a informação e com todo o historial de cada um dos nossos soldados mortos na Grande Guerra”.

“A nossa gratidão por todos os Combatentes é efetivamente um sentimento que devemos elevar, preservar e passar aos nossos descendentes, porque sem passado não há presente e sem presente não há futuro. Esperemos que os nossos Combatentes fiquem mesmo apenas por aqui, com a recordação daquilo que foi uma entrega, uma entrega que custou a vida de muitos, para que hoje pudéssemos e possamos estar aqui a celebrar o dia de hoje, que seja apenas uma celebração e que, jamais, tenhamos historial de combatentes no nosso país. O nosso muito obrigada e parabéns pela vossa valentia”.

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