Marco Almeida tomou posse este sábado, 1 de novembro, como novo presidente da Câmara Municipal de Sintra, pondo término a 12 anos de governação socialista no concelho. O novo presidente encara o novo desafio “como quem pega no leme de um navio coletivo que enfrenta uma tempestade”, mas “guiado pela bússola da esperança e pelo farol do bem comum”.
A cerimónia da tomada de posse de Marco Almeida, realizada no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, contou com a presença de várias figuras de destaque do PSD, entre elas Pedro Passos Coelho, Manuela Ferreira Leite e de cinco presidentes de câmaras da AML, nomeadamente de Lisboa (Carlos Moedas), Oeiras (Isaltino Morais), Loures (Ricardo Leão), Cascais (Nuno Piteira Lopes) e Mafra (Hugo Moreira Luís), que o novo autarca descreveu como “parceiros essenciais para a construção firme de um caminho que resolva os problemas comuns da área metropolitana de Lisboa”.
“É com profunda honra e sentido de responsabilidade que assumo a presidência da Câmara Municipal de Sintra”, afirmou Marco Almeida no discurso de tomada de posse.
O autarca sublinhou que o a tomada de posse simboliza um momento que traduz “um compromisso com todos os que acreditam que é possível mudar Sintra, erguendo pontes sobre as dificuldades e abrindo janelas para o futuro”, acrescentando que encara o novo desafio “como quem pega no leme de um navio coletivo que enfrenta uma tempestade”, mas “guiado pela bússola da esperança e pelo farol do bem comum”.
Para os próximos quatro anos de mandato, Marco Almeida reafirmou o compromisso de levar a cabo uma liderança “centrada na proximidade, na valorização do território e na qualificação dos serviços públicos”.
Basílio Horta no centro dos elogios
O novo presidente destacou ainda o trabalho do seu antecessor, Basílio Horta (PS), presente na cerimónia, reconhecendo-lhe “o exemplo e o empenho” demonstrados ao longo dos últimos mandatos. “Agradeço a dedicação ao serviço e o contributo que deu ao nosso concelho, em especial nas áreas da saúde e do ensino superior”, afirmou, referindo-se à construção do Hospital de Sintra e à vinda de um polo do ISCTE para a vila de Sintra e de um outro da Universidade Católica.
“Permitam-me, antes de mais, dirigir uma palavra de sincero reconhecimento ao Dr. Basílio Horta, presidente de Câmara cessante. Quero agradecer-lhe a dedicação ao serviço público e o contributo que deu ao nosso concelho, sobretudo em duas áreas decisivas. A saúde, com a aposta na construção de novos equipamentos, e o ensino superior, com a fixação de duas instituições académicas de referência, o ISCTE e a Universidade Católica, cujas reitoras agradeço a presença, instituições que são verdadeiros faróis do saber e da inovação e que iluminam o caminho do nosso futuro coletivo”.
“A democracia local constrói-se como um edifício sólido, pedra sobre pedra, com o esforço de todos os que servem Sintra. Dr. Basílio Horta, obrigado também pelo exemplo, obrigado mesmo”, reiterou.
Marco Almeida também não esquece o trabalho desenvolvido pelo presidente cessante da Assembleia Municipal, Sérgio Sousa Pinto, agradecendo-lhe “a dignidade que emprestou ao cargo que exerceu durante estes últimos anos”, aproveitando para saudar e endereçar as boas-vindas ao “meu amigo, Dr. Fernando Seara (novo presidente deste órgão municipal) um obrigado sincero por estar ao meu lado na defesa de Sintra e dos Sintrenses”.
Apoio do Governo
Marco Almeida contou com a presença de um ex-primeiro-ministro (Passos Coelho) e de várias figuras de relevo do PSD na sua tomada de posse. O autarca agradeceu a Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação e dirigente do PSD, “todo o apoio prestado” durante a campanha, lembrando que acredita no “apoio do Governo que muito desejamos para resolvermos problemas estruturais do nosso concelho”.
O novo edil sintrense agradeceu ainda a Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, “força amiga nesta caminhada que agora começa e cujo compromisso com esta candidatura foi total. Esta vitória também é sua pela coragem com que a abraçou, muito obrigado”.
“Sintra é um mosaico de contrastes, uma sinfonia onde o urbano e o rural, o natural e o humano, tocam em harmonia. É um jardim de histórias antigas e sementes de futuro, onde o património e a criatividade se entrelaçam. É essa riqueza que nos inspira a construir um novo ciclo de desenvolvimento, onde o progresso seja um rio que corre para todos, respeitando a nossa história secular e o nosso meio ambiente como raízes que sustentam o tronco do nosso futuro coletivo”, sublinhou.
Para mudar o concelho, todos são necessários, diz Marco Almeida, garantido que irá reforçar a Câmara com mais meios. “Quero, por isso, expressar o meu profundo reconhecimento aos funcionários da Câmara Municipal de Sintra, que diariamente mantêm acesa a chama do serviço público. São eles o motor da administração local, as engrenagens invisíveis que fazem mover a máquina do município. Terão mais recursos, maior proximidade à gestão que lidero e encontrarão em mim um aliado firme nesta travessia coletiva”.
Requalificação urbana a caminho
O autarca reforça ainda que vai trabalhar lado a lado com todos os presidentes de junta, para que conjuntamente trabalhar pela melhoria dos espaços públicos de cada uma das freguesias.
“Um dos nossos grandes desígnios é cuidar da casa que é de todos. O nosso espaço público. E convoco os presidentes de junta eleitos para este grande desafio. Contam comigo para que as vossas localidades e as vossas freguesias possam ter um espaço com muita dignidade”, insta, acrescentando que é objetivo melhorar a qualidade de vida no concelho.
“Queremos uma Sintra mais bonita, mais funcional e mais humana. Com praças que respirem vida, ruas que acolham quem por elas circula e jardins que sejam o pulmão verde das nossas comunidades. A requalificação urbana não é apenas estética, é um espelho da alma de um povo que quer viver com dignidade e orgulho no seu território. E assim faremos”.
Em simultâneo, “reforçaremos o nosso compromisso em apoiar os parceiros locais, os braços que dão vida à nossa comunidade. Escolas, associações culturais, desportivas, sociais e as empresas contarão também com o nosso apoio. A força de Sintra está nas suas raízes humanas, no trabalho conjunto de quem, todos os dias, tece a rede da solidariedade, da justiça e do emprego”.
Novas estradas
Para Marco Almeida, a mobilidade será outro eixo essencial, até porque Sintra não soube acompanhar a necessidade urgente de responder aos problemas rodoviários registados no território.
“Sintra parou, mas vai ter de mudar nesta área. É urgente desatar os nós que travam o movimento do nosso concelho. Vamos apostar em novas vias rodoviárias que garantam fluidez e segurança, e em melhores transportes públicos que liguem os sintrenses à realidade em que vivem e no trabalho e no lazer.
Uma Sintra moderna não pode ser prisioneira de engarrafamentos nem prisioneira da distância, tem de ser um território de pontes, não de muros, um espaço conectado que aproxima pessoas e que lhes dá mais tempo para o lazer”.
Para mitigar as entropias na mobilidade, o autarca promete investimentos prioritários, como a Circular Poente ao Cacém, “um investimento que poderá chegar aos 70 milhões de euros, será uma artéria vital neste corpo que é Sintra, e outros eixos, como a Via Saloia, ganharão vida e os transportes públicos serão amigos daqueles que os procuram”.
Famílias são prioridade
No entender de Marco Almeida, nenhuma mudança será verdadeira se não houver um investimento nas pessoas, “se não valorizarmos aquilo que é o coração que faz pulsar a nossa comunidade: as famílias”.
“Não é aceitável que existam casas onde as paredes se derrubam para caberem mais sonhos, ou garagens que se tornaram abrigo precário de esperanças cansadas. Vamos corresponder às expetativas dos sintrenses no que respeita à oferta pública e privada de habitação”.
A segurança e o direito ao descanso dos munícipes também estão no radar de Marco Almeida. “Não é também aceitável que o descanso seja roubado pelo ruído que devora a noite por bares que funcionam à margem da lei. Não é aceitável que parques e jardins, que deviam ser templos de convivência, estejam tomados pela indiferença, que sejam capturados por grupos que nada respeitam”.
Esta nova câmara “fará chegar os seus serviços a todo o território, como uma corrente de equilíbrio e justiça, garantindo o bem-estar dos nossos concidadãos e das suas famílias. Fará isso com mão firme”.
Ação social
Marco Almeida assume que as famílias estarão no centro das suas ações políticas, prometendo, “já no próximo ano”, o avanço de programas de apoio à aquisição de material escolar, bolsas de estudo, apoio ao pagamento de rendas, um plano de saúde municipal e um contributo ao pagamento de prestações em lar. “Dotaremos estes programas com cerca de 20 milhões de euros do orçamento municipal para que a esperança seja uma realidade para muitos daqueles que aqui vivem. Ninguém ficará para trás”.
“Estes serão alguns dos alicerces de uma Sintra mais solidária, onde a transparência e a equidade são as colunas mestras da nossa ação”.
Ainda na área da ação social, o autarca compromete-se a reforçar o apoio à infância, “com creches e oportunidades, porque cada criança é uma semente de futuro que merece solo fértil e luz para crescer”, mas também na criação de equipamentos para os idosos: “Estaremos ao lado dos nossos seniores, as raízes que sustentam a árvore da nossa identidade, valorizando a sua experiência e garantindo-lhes o respeito e a dignidade que merecem com a ampliação de rede de lares”.
Revisão do PDM
A terminar, Marco Almeida promete pôr em prática um plano de desenvolvimento que assenta na valorização da “terra” e da linha costeira de Sintra, com recurso à alteração do Plano Diretor Municipal (PDM).
“Queremos projetar Sintra para o futuro, erguendo as velas da inovação e navegando com o vento da sustentabilidade. Apostaremos numa economia do conhecimento, no empreendedorismo e na transição digital e ambiental”, revela, acrescentando: “Apostaremos, pela primeira vez na nossa história comum, no valor da terra e na oportunidade dos nossos 28 quilómetros de costa. Faremos isto a partir da revisão urgente do Plano Diretor Municipal. Este instrumento de gestão do território tem de servir todos sintrenses e não apenas alguns. O nosso território tem de ser um espaço de oportunidade para os que aqui vivem, para aqueles que querem viver e para aqueles que aqui procuram investir”.
Para o novo presidente sintrense, o território vai ser “um farol da modernidade, um território onde tradição e futuro caminham lado a lado como o sol e a serra que nos definem”.
Executivo municipal e AM
O novo executivo municipal de Sintra é composto por 11 membros: quatro da coligação PSD/IL/PAN (Marco Almeida, Andreia Bernardo, Eunice Baeta e Francisco Duarte), quatro do Partido Socialista (Ana Mendes Godinho, Bruno Parreira, Filomena Pereira e Eduardo Quinta Nova) e três do Chega (Rita Matias, Anabela Macedo e Ricardo Pinto).
A sessão contou também com a presença dos eleitos para a Assembleia Municipal de Sintra, e dos presidentes das 15 freguesias e uniões de freguesias do concelho.
No final da cerimónia, realizou-se a primeira reunião da nova Assembleia Municipal, que procedeu à eleição da sua mesa. Fernando Seara (PSD) é novo presidente deste órgão autárquico sucedendo a Sérgio Sousa Pinto (PS).
A coligação PSD/IL/PAN conquistou a eleição de 11 membros eleitos, enquanto que o PS passou de ser a força mais votada na anterior eleição para ocupar agora o segundo lugar nos eleitos na Assembleia Municipal, mas com o mesmo número de representantes (11).
O Chega conta com 9 membros eleitos, marcando o início oficial do novo
ciclo autárquico.



