CLAQUES EM PESO NA ALTICE ARENA PARA APOIAR A MARCHA DO CORAÇÃO NO SEGUNDO DIA DE EXIBIÇÕES

Para além das vestimentas coloridas e das canções vibrantes, há ainda um outro elemento que salta à vista nos desfiles das Marchas Populares de Lisboa: a plateia. No entanto, não são meros espetadores, mas sim adeptos ferrenhos da marcha do seu bairro.

O Olhares de Lisboa conversou com alguns apoiantes, que se deslocaram à Altice Arena neste sábado, dia 3 de junho, naquele que é o segundo dia de exibições. Este ficou marcado pelas participações das Marchas dos Mercados (extraconcurso), Olivais, Castelo, Alcântara, Mouraria, Bairro Alto, Carnide e Belém.

Se os vencedores das Marchas Populares de Lisboa fossem escolhidos pela intensidade da plateia, o vencedor seria a Marcha de Alcântara. Foi nesta claque que encontrámos Fátima Ramos e Madalena Pereira. A primeira vem à Altice Arena há cerca de 10 anos, e mostra-se confiante que é este ano que Alcântara vai ganhar o concurso. “Temos de ganhar, estamos aqui para ganhar”, reforça Fátima, que teve a oportunidade de ver as marchas do primeiro dia de exibições na sexta-feira.

Vir à Altice Arena já é tradição anual

“Estavam fixes”, acrescentou a apoiante, que vem ao pavilhão não só para apoiar o seu bairro, mas também para apoiar a filha, que é marchante na Marcha de Alcântara. Também a apoiar esta marcha estava Madalena Pereira, que já vai assistir às Marchas Populares de Lisboa ao pavilhão e à Avenida da Liberdade “há muitos anos”, tantos que até já perdeu a conta.

Madalena viu as exibições do primeiro dia através dos diretos no Facebook, sobretudo para acompanhar a Marcha do Bairro da Boavista, de onde é natural. “Sou do Bairro da Boavista, mas moro há muitos anos em Alcântara”, explica esta apoiante, que apesar de acompanhar as duas marchas, prefere apoiar Alcântara. “Este ano temos de ganhar, o segundo lugar do ano passado foi muito injusto”, concluí.

Por outro lado, a apoiar Carnide, estava Rosário Cruz, que veio à Altice Arena com uma amiga. “É para ganhar, claro, já que o ano passado não estivemos muito bem por causa das roupas”, explica. Rosário vem assistir às exibições na Altice Arena há muitos anos e apoia Carnide por ser o bairro onde vive. “Vi as marchas ontem, e as minhas preferidas foram o Alto do Pina e a Madragoa”.

No entanto, o Bairro Alto foi outro dos bairros que marchou este sábado. A apoiar a marcha estava Ana Paula, que vem ver as exibições à Altice Arena há oito anos. “Vivo perto do Bairro Alto, e estou também a apoiar esta marcha porque a minha neta tem lá um amiguinho”, contou ao nosso jornal.

Acompanhar as Marchas desde pequenino

Também a apoiar o Bairro Alto estavam a Íris e a Fabiana, que já acompanham o concurso desde “pequeninhas”. Ambas têm familiares na marcha. “Para o ano, eu vou também entrar na Marcha do Bairro Alto”, acrescenta Fabiana. Tal como Íris, já foi apoiante do Beato, bairro onde residem. “Sempre fomos disto”, explica a jovem, que se mostra confiante de que o Bairro Alto “vai ganhar este ano”. “A marcha do ano passado estava gira, e desculpe o que vou dizer, estávamos a marchar com muita cagança”, explica Fabiana, que, apesar de tudo, concordou com a vitória da Madragoa em 2022.


Já Íris, ao contrário de Fabiana, assistiu aos desfiles de sexta-feira. “Achei que as marchas estavam muito bonitas, mas o Bairro Alto é melhor”, revela. Por sua vez, Leonor é apoiante dos Olivais, mas avisa logo que tem outra marcha do coração, o Alto do Pina. “O Alto do Pina foi fantástico, rebentámos com o pavilhão”, acrescenta a jovem. Contudo, apoia também os Olivais por ser a marcha onde tem os pais, a avó e outros familiares. “Já vi o tema e acho que ninguém está preparado para o que aí vem”, disse ao nosso jornal antes do início das exibições.

“Os melhores lisboetas do mundo”

Tal como na sexta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, marcou presença no segundo dia de exibições na Altice Arena. Aqui, voltou a reforçar “a energia e dedicação” dos marchantes, que ajudam a manter viva esta tradição lisboeta. “Estive sempre convosco, a acompanhar os ensaios, e adoro a vossa energia”, sublinhou o autarca, dizendo que estes são “os melhores lisboetas do mundo”.

Marcha dos Mercados

A Marcha dos Mercados é a segunda marcha extraconcurso das Marchas Populares. Foi ela quem abriu o segundo dia de exibições na Altice Arena, com o tema ‘Dos Mercados para o Parque, Lisboa é tradição!’, homenageando a história da cidade e a importância dos mercados. A Marcha dos Mercados participa neste concurso desde 2005 e, em 2023, inspirou-se nas antigas barracas de tiro ao alvo do Parque Mayer. Esta marcha é organizada pela Associação dos Comerciantes dos Mercados de Lisboa e o seu responsável é Jorge Nuno de Sá.

O figurinista e ensaiador é Sandro Canossa e o cenógrafo Américo Grova. A Marcha dos Mercados apresentou as marchas inéditas ‘É nos Mercados que Lisboa tem mais vida’ e ‘Lisboa e o Parque Mayer’, ambas de José Condeça (letra) e do maestro Carlos Pinto (música). A última marcha apresentada foi o conhecido tema ‘Cheira Bem, Cheira a Lisboa’, de César de Oliveira e Carlos Dias, criado para Anita Guerreiro interpretar no espetáculo ‘Peço a Palavra’, de 1969. Os padrinhos são Ruben Pacheco Correia e Susana Veloso. Por outro lado, os mascotes são Carolina Alfar e Gabriel Veloso.

Marcha dos Olivais

Os Olivais foram a primeira marcha em competição a desfilar neste segundo dia de exibições. Com o tema ‘Os Maias e Eça de Queiroz’, o bairro presta homenagem ao escritor, fazendo referência a algumas das suas obras mais emblemáticas, como por exemplo ‘Os Maias’. Reza a lenda que a famosa ‘Toca dos Maias’ era, na verdade, o Palácio do Contador-Mor, sítio onde atualmente funciona a Biblioteca dos Olivais. Contudo, a homenagem não foi em vão, porque está-se a assinalar a reabertura do espaço, após obras de requalificação.

A Marcha dos Olivais participa desde 1966 e é organizada pelo Grupo de Pesca e Desporto Santa Maria dos Olivais. O responsável é Carlos Santos e os ensaiadores Alexandra e Armando Serra. O figurinista é Nuno Garcez, também cenógrafo, juntamente com Hugo Barros. A artista Wanda Stuart e o alfaiate Paulo Battista são os padrinhos da Marcha dos Olivais e os mascotes Diego Fernandes e Ariana Ritinho.

Por fim, os Olivais apresentaram as marchas inéditas ‘Olivais saiu à Rua!’ e ‘Eça é que é Eça’, ambas de Miguel Dias (letra) e Samuel Pascoal (música). Já a terceira marcha é ‘Olivais abraça Lisboa’, de Alfredo Dias (letra) e Comandante Graça (música).

Marcha do Castelo

Por sua vez, a terceira marcha a desfilar na Altice Arena foi o Castelo. ‘Castelo em cena – onde se fez a primeira vez teatro em Portugal’ foi o tema apresentado, que faz referência ao papel do teatro no desenvolvimento das Marchas Populares de Lisboa. O Castelo participa no concurso desde 1935 e este ano, recorda a primeira peça de Gil Vicente, ‘Monólogo do Vaqueiro’, apresentada justamente no Castelo de São Jorge, em 1502.

A marcha é organizada pelo Grupo Desportivo Castelo e a responsável é Tânia Rodrigues. A figurinista e cenógrafa é Rita Álvares Pereira. Já a ensaiadora é Ana Raquel Carneiro e os padrinhos são o apresentador Zé Lopes e a humorista Joana Machado Madeira. Os mascotes são Estrela Ribeiro e Rodrigo Sousa. O Castelo apresentou as marchas inéditas ‘Castelo em Revista’ e ‘O Castelo Vai Passar’, ambas de Diogo Tomás (letra e música). A terceira marcha apresentada foi ‘Lá Vai Lisboa’, escrita por Norberto Araújo e com música de Raul Ferrão.

Marcha de Alcântara

Alcântara participa no concurso desde 1932, ano da primeira edição. Foi um dois seis bairros convidados a participar e, desde aí, participa sempre de forma regular no concurso. Em 2023, a Marcha de Alcântara tem como tema ‘O amor do Tejo e da serra, fez de Alcântara a nossa terra’, que presta homenagem ao passado e identidade do bairro. O figurino é também inspirado no verde da serra e no azul do rio. A Marcha de Alcântara é organizada pela Sociedade Filarmónica Alunos Esperança e o seu responsável é Francisco Ferreira.

Mário Ferreira é o ensaiador e cenógrafo da Marcha de Alcântara, que contou com os figurinos de Renato Godinho. O ator Pedro Granger e a jornalista Ana Sofia Cardoso são os padrinhos da Marcha de Alcântara, que tem ainda como mascotes a Margarida Pereira e o Diego Pinto. As duas marchas inéditas são da autoria de Rui Rocha (letra) e Carlos Dionísio (música). São elas ‘Alcântara entre dois amores’ e ‘Alcântara é Linda!’. A terceira marcha apresentada foi ‘Encostada à serra’, de Norberto Araújo (letra) e Raul Ferrão (música).

Marcha da Mouraria

‘Há Festa na Mouraria’ é o tema apresentado em 2023, e que faz menção ao ambiente dos arraiais e dos bailaricos. Desta forma, o figurino é inspirado no povo, no marialva e nas fadistas e foi desenhado por Tiago Pacheco. Fábio Carmelo é o cenógrafo e também ensaiador da Marcha da Mouraria juntamente com Tiago Pacheco. Esta marcha é organizada pelo Grupo Desportivo da Mouraria e a sua responsável é Carla Correia.

A cantora Vanessa Silva e o ex-jogador Daniel Kenedy são os padrinhos da Mouraria e os mascotes são Cléo Xavier e Eduardo Machado. ‘Quem Diria, Senhora Dona Mouraria’ é a marcha inédita 1, de Tiago Pacheco (letra) e Carlos Dionísio (música). A segunda marcha inédita é ‘Há Festa na Mouraria’, de Hélder Moutinho (letra e música) e a terceira marcha apresentada é ‘Marcha da Mouraria 1968’, com letra de Amadeu do Vale e música de Frederico Valério.

Marcha do Bairro Alto

O Bairro Alto participa nas Marchas Populares de Lisboa desde o seu início, em 1932, e este ano traz a história do perfumista da travessa da Água-de-Flor. A ideia é relembrar a história de que, no passado, existia nesta travessa um fabricante desta água perfumada, feita com flores de laranjeira. É no perfumista, no boticário e nas flores que estão na origem destas essências que o Bairro Alto colocou nos seus figurinos. A Marcha do Bairro Alto é organizada pelo Lisboa Clube Rio de Janeiro e o seu responsável é Vítor Silva.

Os ensaiadores são Carla Fonseca e Dino Carvalho. O figurinista é Paulo de Miranda e os cenógrafos José Condeça e José Alberto. Os padrinhos da Marcha do Bairro Alto são os atores Luís Aleluia e Sónia Brazão e os mascotes Tamara Costa e Tomás Ferreira. As duas marchas inéditas são ‘Falas, falas! E eu borrifo-me’ e ‘Vá lá, Vá lá’, ambas de José Condeça (letra) e Carlos Pinto (música). A terceira marcha apresentada é ‘Fidalgo e Fanfarrão’, com letra de Silva Tavares e música de Elvira de Freitas.

Marcha de Carnide

Carnide marcha desde 1966 e este ano celebra o centenário do Parque Mayer com uma viagem pelos anos áureos desde espaço icónico da cidade. Desta forma, recorda a Revista à Portuguesa com muitas plumas e lantejoulas, com os marchantes a homenagear as coristas, bailarinas, músicos e boémios dessa época. A Marcha de Carnide é organizada pelo Teatro de Carnide e o responsável é Pedro Rosa. Francisco Barros é o ensaiador, figurinista e o cenógrafo. Por sua vez, os padrinhos são os atores Nuno Nolasco e Lia Carvalho.

A Marcha de Carnide apresentou duas marchas inéditas. A primeira é ‘Isto quer…é Parque Mayer’, de Bernardo Mayor (letra) e Duarte Zacarias (música). A segunda é ‘A vedeta é Carnide’, com letra de Bernardo Mayor e música de Artur Jordão. Por outro lado, a última marcha apresentada é ‘Somos Todos Cor’, com letra de Joana Dionísio e música de Carlos Dionísio.

Marcha de Belém

Por fim, a última marcha a desfilar no segundo dia de exibições foi Belém, com o tema ‘As costureiras e o Parque Mayer’. Belém participa desde 2009 e este ano inspira-se nas costureiras, mestres de guarda-roupa, chapeleiros e aderecistas do Parque Mayer. Nos dias de estreia, era a agulha e o dedal os elementos fundamentais para que tudo corresse bem. No entanto, a homenagem da Marcha de Belém serve ainda para as costureiras de hoje, que trabalham com dedicação para que esta marcha seja um sucesso.

A Marcha de Belém é organizada pelo Belém Clube, e o seu responsável é José Caroço. O ensaiador é Ruben Coutinho e Ana Marques é figurinista e cenógrafa. Os padrinhos são Alice Pires e Rui Vaz e os mascotes Matilde Boavista e Santiago Santos. A primeira marcha inédita chama-se ‘Parabéns, Parque Mayer’, de Humberto Valles (música e letra) e a segunda ‘Corta e Cose’, de Beto Valles (música e letra). Ao mesmo tempo, a terceira marcha é também de Beto Valles e chama-se ‘Modistas de Lisboa’.

Este domingo, ainda há mais sete marchas a desfilar na Altice Arena

O último dia de exibições na Altice Arena é este domingo, dia 4 de junho. Vão desfilar as Marchas da Santa Casa, Ajuda, Marvila, Penha de França, São Vicente, Santa Engrácia e Alfama. Por fim, e após a prestação no pavilhão, as 23 marchas apresentam-se novamente na Avenida da Liberdade, na noite de 12 para 13 de junho.

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